Quinta-feira, 22 de novembro de 2007 - 07h15
Estaria a Amazônia na condição de pomar abandonado? Foi assim a interpretação da coordenadora do Instituto Socioambiental da Amazônia (ISA), Adriana Ramos, durante a sua participação no Simpósio Amazônia e Desenvolvimento Nacional, na Câmara dos Deputados. Ela criticou as ações do governo federal para a região. "Não há nada de inovador no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no que se refere à Amazônia", afirmou.
Integrante de uma das mais endinheiradas ONGs em atividade no País, ela diz não se convencer da existência de políticas efetivas de sustentabilidade para a região.
Enfim, o palco iluminado montado na Casa do Povo haveria mesmo de receber críticos de todos os naipes, incluindo os próprios parlamentares da região, que estão entre a cruz e a espada diante da iminente expansão de lavouras das quais se espera extrair a base para o fortalecimento da indústria de biocombustíveis.
No clima propício ao debate salutar e democrático, o discurso da coordenadora do ISA ensejou outros, entre os quais, a carência amazônica de pesquisadores. Novidade alguma.
Na Agência Amazônia (www.agenciaamazonia.com.br), no índice de artigos postados no espaço deste repórter/colunista, o leitor irá encontrar uma abordagem do assunto. O diretor de programas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Emídio Cantídio de Oliveira Filho, não duvida disso, ao afirmar que o mestrado e o doutorado são indispensáveis à formação de recursos humanos especializados para a pesquisa e a inovação. Ambos centrados em programas de pesquisas aplicadas ao contexto local.
O representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e ex-reitor da Universidade de Brasília, Lauro Morhy, lembrou que o respeito à Amazônia e a valorização de sua biodiversidade significam soberania nacional e reconhecimento a suas populações. "A grandeza da Amazônia não tem lugar para concepções extremistas, nem planos imperialistas de nações dominadoras", destacou.
O anúncio oficial do resgate do Plano Amazônia Sustentável (PAS) foi feito hoje no Auditório Nereu Ramos. Será no dia seis de dezembro. Apesar de tudo, não teve tom de resposta ao vazio de pesquisadores denunciado por Adriana Ramos. Até porque, há meses, a assessoria do presidente Lula vem trabalhando nisso. No entanto revestiu-se de pompa, porque o governo enviou ao simpósio ninguém mais que o coordenador do PAS do Ministério da Integração Nacional, Júlio Miragaya, que bem lembrou a concepção do Plano depois de sucessivas consultas públicas.
Não faltam dados para o governo fechar com chave de ouro esse capítulo. O PAS tem à disposição um arsenal de dados para um sistemático combate à grilagem e ao desmatamento, e pode ampliar o zoneamento econômico ecológico e da pecuária intensiva.
Nas palavras do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, o PAS é uma tentativa de reduzir a tensão entre ambientalistas e desenvolvimentistas. Não apenas isso, ministro: cobra-se há algum tempo, e muito, ações que respondam efetivamente à necessidade de se conservar a Amazônia. As Forças Armadas anunciam a sua parte: segundo o comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno Pereira, 27 mil soldados estarão atuando na fronteira até o final de 2008.
De um lado, o Exército começa a recobrar o ânimo de guarnecer melhor a imensa fronteira; de outro, os pesquisadores formados nos próprios institutos amazônicos merecem todo apoio e prestígio para que nela permaneçam, antes que os estrangeiros tomem conta de tudo.
Fonte: Montezuma Cruz - Agenciaamazonia é parceira do Gentedeopinião
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