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Montezuma Cruz

Rádio e satélite devassam escravidão na Amazônia


MONTEZUMA CRUZ – A mão-de-obra escrava nos rincões amazônicos, que deveria ter sido abolida em propriedades rurais, ainda envergonha o País. No entanto, imagens de satélite e a edição de um site passam a sustentar o Pacto Nacional Contra o Trabalho Escravo. Com isso, a escravidão vem sendo combatida por todos os meios, inclusive pelo rádio, o mais veloz veículo de comunicação do mundo. 

O Pacto é um acordo em que empresas se comprometem a manter o trabalho escravo longe de suas cadeias produtivas. Escravo nem pensar é o nomeda radionovela lançada em outubro pela organização não-governamental Repórter Brasil, fundada em
2001 para fomentar a reflexão e ação sobre as diversas situações de injustiça na sociedade, tanto nos casos de flagrante desrespeito aos direitos humanos, como nas condições sociais e estruturais de vida . Foi com essa meta que a ONG passou a ensinar aos trabalhadores rurais a melhor maneira de se defenderem do trabalho escravo de uma forma diferente.

A radionovela, parte do Programa Vozes da Liberdade, vem sendo produzida em parceria com a Radiobras, Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) e o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (MA). Dura 41 minutos e está disponível na internet para cópia e livre veiculação. 
Se esse tipo de trabalho funcionasse nos anos 1970 e 80, possivelmente algumas situações análogas de escravidão teriam sido evitadas.

Rádio e satélite devassam escravidão na Amazônia - Gente de Opinião
Francisco Cruz interpreta radionovela em Açailândia (MA) /RADIOBRAS
Agora, em rádios comunitárias

O programa já foi veiculado pela Rádio Nacional da Amazônia e pela Rádio Nacional AM Brasília, e será distribuído em CD para rádios comunitárias. Ele retrata a história de uma família do Semi-Árido nordestino na qual cada irmão tem um destino diferente. A partir desta narrativa central, a peça abre espaço para a discussão de problemas e situações do dia-a-dia dos trabalhadores, entre elas o trabalho escravo e o degradante, a dura vida do "peão do trecho", a luta pela terra, a formação de cooperativas e o trabalho infantil. As questões dos direitos fundamentais e o registro civil também são tratadas. A leitura dramatizada foi feita por atores de Açailândia.

A escravidão da era moderna está baseada num forte preconceito racial, segundo o qual o grupo étnico ao qual pertence o comerciante é considerado superior. Já na Antiguidade, as diferenças raciais eram bastante exaltadas entre os povos escravizadores, principalmente quando haviam fortes disparidades fenótipas.

Essa situação vai acabar? Parece difícil. Basta olhar o Plenário do Congresso Nacional, onde a bancada ruralista cresceu 58% na atual legislatura da Câmara dos Deputados, e 59% de seus integrantes estão nos partidos da base aliada ao Governo Lula. O levantamento foi feito em outubro pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). São 116 deputados (22,6% do total) contra 73 na legislatura 2003-2007. Os 68 ruralistas que apóiam Lula somam 18% da base governista.
Entidades não-governamentais, setores do governo e parlamentares da situação atribuem à bancada ruralista parte da responsabilidade pelo andamento arrastado de 11 projetos que têm algum tipo de punição a fazendeiros acusados de fomentar o trabalho escravo.

Nunca houve um cerco tão perfeito


 
Rádio e satélite devassam escravidão na Amazônia - Gente de Opinião
Notícias sobre escravidão em fazendas se sucedem há mais de 20 anos /M.CRUZ
SÃO PAULO – Chegou aos correios eletrônicos das mais de 130 empresas, associações e entidades setoriais do país o boletim semanal sobre o
Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo . O conteúdo enviado está disponível no site Pacto Nacional .O boletim reúne informações sobre novas adesões, agendas e debates relativos ao Pacto, bem como atualizações da "lista suja" do trabalho escravo – cadastro de empregadores que foram flagrados explorando esse tipo de mão-de-obra, elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Notícias
e dicas de conteúdo de referência (estudos, pesquisas, teses etc) sobre as cadeias produtivas nas quais a prática do trabalho escravo tem sido mais freqüente – como nos segmentos de carne bovina, produção de carvão vegetal, soja, algodão e álcool combustível – compõem a newsletter semanal.

Está prevista ainda a publicação de painéis sobre os esforços, os caminhos e as vantagens - sem esquecer das dificuldades - para a promoção do trabalho decente, no Brasil e no mundo. O conteúdo do boletim busca problematizar questões socioambientais e trabalhistas que sejam relevantes para a tomada de decisões estratégicas por parte dos signatários do Pacto Nacional.

Também faz parte do boletim uma seção de
clipping comentado com material divulgado pela imprensa sobre o tema. Será dado espaço para análises sobre políticas públicas e corporativas, com informes e avaliações sobre ações adotadas por governos e empresas (brasileiras e estrangeiras) no sentido de combater o trabalho escravo contemporâneo e o trabalho degradante.
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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