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Gente de Opinião

Orlando Cavalcante Pereira da Silva Junior

Estrelismo



(Desabafo de um filho de Rondônia – puro sangue)

NO dia 20 de outubro do ano da graça de 2011, fui com um grupo de amigos para a cidade de Manaus, no Estado do Amazonas, participar de uma confraternização esportiva tradicional, entre os veteranos do Moto Clube de Porto Velho e um grupo de amigos de Manaus.

Eles também vão todo ano até Porto Velho e o que menos importa é o resultado do jogo de futebol – vale mais o resultado do encontro de amigos, que regado a uma boa música, cerveja e um almoço digno de um rei, todo se unem para boas conversas e por o papo em dia.

Pois bem, a turma de Porto Velho, querendo inovar, resolveu fazer uma cotinha e levar um grupo de tocadores, não músicos, apenas tocadores.

Um de pronto já furou, como era esperado, e não viajou restando apenas dois.

Levei também um tamborim, embora não toque picirica nenhuma.

No hotel, foi feito uma roda de amigos e o som rolou legal na sexta-feira.

No sábado, pela manhã fomos para o campo do 3B - embora até agora eu não tenha descoberto o que significa. Fomos para lá, jogamos a preliminar e perdemos de 2 x 1.

No jogo principal, acreditei que seria melhor, foi nada, perdemos de 5 x 1.

Como dito anteriormente, o resultado do jogo era o menos importante.

O especial dali era encontrar amigos de infância, pois, muitos nascidos em Porto Velho, eu não os via de longas dats. Encontrei o Risomar, conhecido como Remédio, Dudu – meu goleirão, Dico, Ducan – que por sinal, foi personagem de um outro artigo meu, o Ênio, que eu não via desde o ano de 1978, e mais algumas figurinhas especiais.

Após os jogos, fomos levados para o espaço de lazer da Caixa Econômica Federal e fomos agraciados com um banquete, não apenas pela comida, como também pelo papo gostoso.

Um grupo contratado pelos anfitriões animava a festa, tocando desde a jovem guarda, passando pelo pagode e também clássicos de Nelson Gonçalves.

Caindo a noite e já findando a festa, foi-nos franqueada a palavra e nosso amigo Josimar agradeceu a especial atenção nos dada e depois propôs que o desfecho fosse com o Hino Céus de Rondônia, que por sinal, pode ser tocado em todos os ritmos, pois fica muito bom, ou melhor, que fica ótimo.

Como sempre, fazemos o ritmo melhor para o momento, que era o pagode.

Fui chamar um dos tocadores que ganharam tudo para ir a Manaus, de graça, para nos acompanhar na empreitada do hino, pois os membros da banda local não sabiam e nem tinham obrigação de saber o nosso hino.

Qual não foi minha surpresa, quando chamei um dos cidadãos para nos acompanhar e ele simplesmente disse que não iria tocar não.

Agradeci e fomos juntando uns e outros colegas de Rondônia para fazer nossa parte.

Na hora de iniciar o cidadão, chega e diz que também vai cantar, falei a ele que não precisava, pois daríamos nosso jeito.

Ele muito gaiato - o que é próprio do mesmo, disse que não ia cantar mesmo pois era Boliviano.

Eu simplesmente bati no peito dele e disse que não era necessário mesmo, pois o Hino de Rondônia seria cantado somente por filhos da terrinha.

E mais, falo agora que para ser de Rondônia, não basta apenas “o cara ter” sangue de rondoniano ou rondoniense, como queiram chamar.

Tem que ter inalado e comido muita poeira das ruas esburacadas de nossas cidades, ter pisado no chão, muitas vezes sujos de lama, rolado na grama da Praça Getulio Vargas, tomado o tacacá da Dona Rosilda, pego poeira quando os pequenos aviões levantavam vôo no campo de aviação do Caiari, tomado banho no tanque da garagem do governo, onde hoje é a praça das três caixas d’água, brincado de rouba bandeira na praça Aluízio Ferreira, ou também brincado de esconde-esconde com o Zezito.

Não basta ter roubado cajarana da Dona Maria Turca, ou ter feito raiva para o Morcego.

Para ser de Rondônia precisa muito mais. Tem que amar nossa terra e respeitar.

Não vou dar moral para o dito cidadão, falando o nome dele – que por sinal, não sei qual é, mas nas entrelinhas já falei sua alcunha.

Faço parte de um grupo de pessoas que trabalha em escolas, com crianças e jovens, falando em ética e cidadania.

Sou daqueles que quando ouço o Hino Nacional do Brasil ou o Hino de Rondônia me emociono ao ponde de cair lágrimas teimosas pelo meu rosto.

Sou daqueles caras que, ao cantar os hinos de meu estado ou do Brasil, canto como se tivesse cantando uma música para Dona Maturina.

Posso não ser o cara mais ético do mundo, mais acredito no respeito a minha terra.

Chamei os verdadeiros filhos de Rondônia, ou de berço ou os de opção e cantamos, capitaneado pelo colega Cezinha, que também não o via de longas datas.

Ouvi Lucivaldo Souza, Josimar, Dona Irene, Cristina, Zete, Lourdinha, Léo, Carla e outros que comigo estavam emocionados, com o hino no gogó até o fim.

Depois vem o cidadão chorando, literalmente, dizendo que foi ofendido e com dor no peito.

Ora cidadão, me poupe e me respeite.

Respeite também nossa terrinha.

Se eu tivesse pensado na hora do convide, eu teria perguntado o quantum para ele nos acompanhar na empreitada, tenho certeza que o preço seria o mesmo valor de um plantão, como sempre.

Para um simples batedor de zabumba, sua bolinha ta muito cheia.

Vá pastar.

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Fonte: Orlando Júnior / Auditor Fiscal, Escritor e Professor Universitário - orlandopsjunior@hotmail.com

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