Quinta-feira, 5 de janeiro de 2012 - 10h33
No último dia do ano, revendo todas as minhas ações do ano anterior e também de outros anos, me peguei lembrando meu pai, o velho Senhor Orlando.
Nunca neguei que eu tinha uma paixão especial por aquele velho.
E senti sua falta, mais uma vez, já que fui flagrado por mim mesmo, constantemente, chorando, sentindo sua falta.
Não que eu não sinta falta de minha mãe, Dona Maturina, o problema é que o velho Orlando era especial, muito especial.
Era o cara que junto com seus filhos, se tornava um moleque de contar piada e de rir com todos os contratempos que sofreu na vida.
Era o cara que a vida lhe deu vários limões e sempre ele conseguiu transformar todos em uma gostosa limonada.
Sempre serei o fã numero um do velho Orlando.
Nas rodas de amigos, quando falamos em nossos pais, sempre consigo contar uma das “estórias” que eram atribuídas ao meu velho e que ele conseguiu transformar em suas histórias.
Dona Maturina, sempre zangada, muitas vezes não deixava que os filhos “fugissem” com o velho Orlando, pois sempre fazíamos suas vontades, por exemplo, de comer um sanduíche gorduroso, um toucinho de porco com farinha, ou mesmo uma tapioca com ovo e carne moída, sem contar com uma cervejinha gelada, que era proibido por ela.
Era pintar uma oportunidade e o velho sumia de casa, com um dos filhos para fazer alguma traquinagem.
Lembro de uma das vezes que saímos com ele, autorizados por Dona Maturina, e prometemos não esquecer dedar os remédios dele e fomos tomar cerveja e só no fim da tarde lembramos-nos dos remédios, pois nem mesmo ele se lembrou de tomar. Ele tomou todos com a promessa de não contar para ela, porém foi a primeira coisa que ele falou quando chegou.
Também Dona Maturina queria que ele tomasse o remédio novamente e ele, angelical falou: “Tomei agorinha Maturina”.
Lembro que foi a última vez que saímos juntos.
Agora, festejando o início de um novo ano, lembro dele, ouvindo Altemar Dutra, cantando “Meu velho”:
Velho, meu querido velho, agora caminha lento como perdoando o vento eu sou teu sangue meu velho teu silêncio e o teu tempo... Seus olhos são tão serenos sua figura é cansada pela idade foi vencido, mas caminha sua estrada... Eu vivo os dias de hoje eu sou teu sangue meu velho teu silêncio e teu tempo... Velho, meu querido velho eu sou teu sangue meu velho teu silêncio e teu tempo Velho, meu querido velho...
Lembro quando eles iam para a missa aos domingos, minha mãe ainda durona e ele, após um derrame, hoje AVC, já com os cabelos brancos, pintados pela força do tempo, passos curtos, pouco firmes, cambaleando, Trôpego.
Aquele era meu velho... Meu querido velho de quem estou sentindo uma falta muito grande.
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