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Gente de Opinião

Orlando Cavalcante Pereira da Silva Junior

Paixão e Coração


 
Nas minhas frequentadas nos botecos, gosto de ouvir os papos, desde os que participo até aqueles mais distantes, pois como dizem, costumo por minha “orelha” no ombro dos outros, só para ouvir as conversas.

Sem ter muito que fazer tomando umas e outras com amigos, passei a ouvir o papo de um também “botequeiro” que dizia palavras soltas, outras vezes sem nexo, porém com propriedades

Ouvi que em algum lugar, alguém lhe espera.

É pura verdade!

Você já se imaginou, andando sozinho, chutando latas e depois, ao levantar os olhos, tem alguém lhe olhando, lhe admirando e lhe esperando?

Você sai sem pretensões alguma de casa, vai a uma reunião, por exemplo, e ao chegar lá, depara com uma coisinha pequena, linda, charmosa, maravilhosa que faz seus olhos brilharem.

Há quem diga que acontece.

Você conhece a pessoa, vê nela sua alma gêmea e “puft” sua alma gêmea surgiu.

Olha pra pessoa e em tom de brincadeira lhe diz que ela foi radical, apenas por ter trocado a cor de suas unhas.

Passa a olhar a pessoa como sua alma gêmea, com carinho e ternura.

Em noite de luar, uma praça é o local de encontro e após deitadinha no colo, carinho nos cabelos e disputa de altura, rouba um beijo da cidadã, que fofo.

O cara passa a admirar uma pessoazinha ao ponto de sentir sua falta todos os dias, adorar ouvir sua voz, ganhar e dar chamegos.

Passam anos e ambos estão juntos – pelo menos foi o que entendi – entre um gole e outro de cerveja.

Já encararam turbilhões, brigas, guerras, intrigas e toda a sorte de destemperos da vida.

Muitas vezes, se cumprimentam com os olhares, um sabendo o que o outro quer, sem precisar falar nenhuma palavra.

É um lanchinho pra lá, uma lembrancinha pra cá e sempre privilegiando, ambos o respeito pelos profissionais que são.

Dizia o quase “bebum”, que seus olhos brilham ao falar de sua amada, sua voz engasga ao sentir sua presença e seu sangue esquenta ao sentir seu corpo roçando no seu.

Tem tara, amor, rebeldia, carinho, ternura, bondade, benevolência, sacanagem pura seus encontros.

De tudo isso nasceu um rebentinho, que quando seu nome é citado, quer seja sobre escola, futebol, brincadeira ou família, ambos ficam “inchados” parecendo uns baiacus e seus olhos marejam.

Pura bondade de ambos.

Cada vez que eu ouvia o relato do “contador de causo” – acho que era um causo mesmo – eu mais me interessava pelo relato de sua estória ou poderia ser até mesmo história.

Por vezes ela pediu para ele “tomá-la” e ele disse que não tinha coragem de jogar tudo para o alto e ficar som cus amada.

Senti muita pena daquele cara que, sorrindo e chorando estava contando sua vida, abrindo seu coração para um amigo de bar.

Vi tristeza no coração daquele que, hoje poderia estar contando uma saga de sua vida, vivida com intensidade e muito amor.

Pelo que entendi, são duas crianças, de coração, que se amam demais.

Pelo que vi, é um coração repleto de paixão.

Pelo que deduzi, não podem ficar juntos eternamente.

Vi naquele relato a saga do filme “O feitiço de Áquila” no qual o Bispo de Áquila, interpretado por John Wood, ao saber que sua amada, a bela Isabeau, papel brilhantemente vivido por Michelle Pfeiffer, está apaixonada por Etienne Navarre coroado por Rutger Hauer, um cavaleiro.

Áquila fica possuído de raiva e ciúme e lança uma maldição sobre o casal que jamais poderiam estar juntos, pois durante o dia ela sempre será um falcão e de noite Navarre se tornaria um lobo, sendo que desta forma fica o casal impedido de se entregar um ao outro.

Sempre próximos, porém nunca juntos.

Espero que, como na fantasia, eles possam ter um aliado como Phillipe Gaston, vivido na estória por Matthew Broderick, mais conhecido como Rato que lhes ajude a mudar suas vidas, e ao fim, possam estar juntos, eternamente.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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