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Osmar Silva

A arma do otário – A agressão e a grosseria ocultam o caráter defeituoso


A arma do otário – A agressão e a grosseria ocultam o caráter defeituoso - Gente de Opinião

Eu e você estamos no cume do monte, de costas um para o outro, olhando a terra. Alguém pergunta: como estão as coisas por aí? Um responde: tá feio! Só montanhas, pedras, um sol de rachar e algumas cabras se equilibrando nas rochas em busca de alguma coisa pra comer. Já o outro diz: que coisa mais linda a planície e a floresta que vejo: seres de todo tipo se fartando na comida e se refestelando nas águas dos rios e dos lagos.

Duas pessoas, duas visões do mundo, dois amigos transmitindo experiências e vivências. Sem impor um ao outro, a sua visão de mundo. Ao contrário, mudando de posição, e se colocando um no lugar do outro, ambos enriquecem seus conhecimentos vendo o que o outro enxergava.

Este princípio nos conduziu da condição de símios até aqui, como seres sapiens, civilizados em mundo tecnológico e plural. Isso porque aprendemos a aprender com as experiências dos outros. Principalmente com o que pensa e ver o nosso adversário, o nosso inimigo, sobre o mundo que nos cerca e até sobre nós. De repente ele nos conhece mais do que nós. Ou seja, ele conhece até nossa fragilidade, que não vemos.

Ninguém nasce sábio ou ignorante, santo ou pecador. Nascemos puros e inocentes. O amor e o ódio, a vingança e o perdão, a humildade e a arrogância, a ignorância e a sabedoria foram introjetadas em cada um de nós pela família, pelas escolas ou ausência delas, e pelo ambiente onde nascemos e crescemos.

A partir deste meio, desenvolvemos o nosso caráter e formamos a nossa personalidade, boa, defeituosa ou ruim. Tolerante ou intolerante, agressivo ou passivo, ponderado ou ousado. Assim, construímos, com erros e acertos, o nosso conhecimento, a nossa sabedoria humana.

É nesta diversidade, que está a beleza da vida humana. A convivência social se enriquece na pluralidade. O conhecimento intuitivo, acadêmico e científico, se expande no ambiente múltiplo e na troca de visões de mundo, em todas as áreas do conhecimento. Seja na religião ou na política, na ciência ou no universo empresarial, cultural ou desportivo. Todos temos algo para ensinar e muito para aprender.

O ser humano, por ser um ser social, não sai para se alegrar numa ilha deserta nem num bar onde não tenha ninguém. Mesmo na companhia de quem gosta ou ama, procura ambientes onde tenha gente, bastante gente, pois a festa dos olhos é ver a diversidade dos seus semelhantes. Aí está a alegria de viver.

É como andar numa feira livre, num mercado popular, com todas as diversidades de gentes e produtos encantando os nossos sentidos. Cores, cheiros, formas, sabores e a alegria musical dos burburinhos, das conversas, dos gritos de ofertas induzindo, seduzindo e encantando.

Então, não apontemos para os portadores de caráter e personalidade defeituosas, pois não têm culpa de suas deficiências cognitivas. São somente frutos defeituosos do ambiente onde se desenvolveram. Mas plenamente capazes de evoluir ao aprenderem trocar de lugar para ver o outro lado da paisagem. 

 

Osmar Silva – jornalista

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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