Quarta-feira, 26 de agosto de 2015 - 05h24
Breve Porto Velho sediará um evento que discutirá arborização urbana na Região Norte. Fico pensando: o que mostrará para os nossos vizinhos? Não sei. A cidade também não sabe. O que as instituições responsáveis pela cobertura vegetal da capital vão levar para esse debate?
O que sabemos é que Porto Velho, provavelmente, tem a pior cobertura florestal entre as capitais do país. Se você duvida, é só dá uma voltinha pelas ruas e avenidas nesse calor de 38 graus com sensação de 45. A pé ou de carro. E fique parado num das centenas de semáforos de quatro tempos, a qualquer hora do dia. E busque uma sombra. Então, descobrirá.
Se existe algum projeto para promover sombreamento e jardinagem dos espaços públicos, será prudente discutir com a sociedade antes de mostrar num evento dessa envergadura. Não duvido que tenha. Mas acho improvável que exista.
Os paraenses certamente aproveitarão a oportunidade para falar da “Cidade Morena” com os seus 15 mil pés de mangas dando sombra, frutos, umedecendo o ar e produzindo oxigênio à sua gente. Além de seus parques florestais e da jardinagem dos seus espaços públicos. Se é o suficiente para eles, não sei. Mas sei que têm um orgulho danado da sua “Cidade das Mangueiras”. Belém é a única do Brasil com essa característica.
Boa Vista, capital de Roraima, tem no Parque Anauá, no Centro Cívico e no Parque das Águas encravados no centro da cidade, os motivos da autoestima do seu povo. E ainda têm as largas avenidas com bons exemplos de paisagismo e jardinagem. Contudo, existe escassez de árvores nas ruas da cidade do povo macuxi.
Nós temos o que? Um parque municipal que já foi zoológico, que poderia ter se transformado na maior atração turísticas do estado. Mas faltou peito para encarar o projeto. Melhor deixá-lo como Parque Ecológico com as suas mal acabadas trilhas florestais, sem identificação das espécies da fauna e da flora, para perigosas caminhadas sem segurança.
Nas nossas avenidas, ruas e praças, o que predomina é o sol inclemente. Sem uma sombra para mitigar o calor que nos derrete e desidrata. Somos uma cidade careca encravada na floresta amazônica, produzindo câncer de pele nas pessoas. Talvez, por isso mesmo, estamos nos transformando no maior centro oncológico da Região Norte.
É bom lembrar que as poucas árvores que ainda temos nas ruas, diminuem a cada dia com a ação dos motosserras público. Com o beneplácito dos órgãos ambientais. Quase sempre com a desculpa de que estragam o calçamento. E só, numa ou outra iniciativa isolada, vê-se o plantio de mudas sem saber-se de que espécie.
É momento para uma ampla discussão com a sociedade e a classe política sobre o queremos para a nossa cidade. Hora de criar um programa com novas tecnologias de arborização e embelezamento urbano. Amparado em legislação garantidora da sua execução como programa de governo e não de gestão.
É hora de o cidadão apontar que avenida terá Ipês Rosa; qual será a das mangueiras; a dos abacateiros e a dos cajueiros. Assim por diante. Por que não uma cidade com árvores frutíferas? Ruas cheias de pupunhas, assai e ingás! Praças com castanheiras, jaqueiras, jatobás e seringueiras?
Ai Porto Velho poderá oferecer algo no II Encontro da Região Norte de Arborização Urbana a realizar-se no final de outubro.
OsmarSilva – Jornalista – sr.osmarsilva@gmail.com
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