Sexta-feira, 2 de novembro de 2012 - 17h09
Hoje almocei com um velho amigo. Homem simples e de poucos recursos. Um personagem da recente história política de Rondônia. Com pouco mais de cinquenta anos, luta diariamente pela sobrevivência. Não tem o cavalo na sombra. Mas dorme o sono dos que não levam pra casa nada que seja seu. Mas isso tem preço. Ah! E como tem! Ser honesto na sociedade e no mundo de hoje, não é um bem que se possa pendurar na parede como um diploma ou um troféu, exibidos com orgulho. É um bem para ser cultivado n’alma, no seio da família, no recolhimento do lar e no segredo das conversas com Deus. Só D’ele virá o reconhecimento. Rui Barbosa estava pleno de inspiração quando profetizou ‘que chegará o dia em que homem terá vergonha de ser honesto’.
Tinha 25 anos quando ousou desafiar o poderoso governador Jorge Teixeira, nomeado pelo último presidente da ditadura, general João Baptista Figueiredo no início dos anos 80. Portanto, nos duros tempos do ‘obedece quem tem juizo’. E pior: dentro da mesma trincheira, o PDS. Francisco Sales Duarte de Azevedo, técnico agrícola e prefeito de Ariquemes nomeado pelo coronel Humberto da Silva Guedes e confirmado por Teixeirão, foi exonerado do cargo em função das intrigas de José Renato da frota Uchoa, o influente secretário de planejamento do novo Estado de Rondônia. Agora candidato a deputado federal, Sales apossou-se de uma das sublegendas do partido lançou candidato a prefeito da sua simpatia, colocando-se contra os outros dois das duas sublegendas restantes: Natanael Silva e Abel Soares. Este último, o pupilo da ditadura.
Sales ganhou a eleição. Se elegeu e elegeu o simplório e desconhecido oleiro católico Gentil Valério de Lima como o primeiro prefeito na primeira eleição do novo estado em 1982. E tiveram tantos votos que ficou impossível desaparecer com eles na histórica reunião em uma chácara de Porto Velho onde decidiu-se quem estava ou não eleito. Só perdeu o seu candidato a deputado estadual que anoiteceu eleito, conforme boletim parcial do juiz eleitoral, divulgado ao final das apurações, e amanheceu fora do mapa final. Neste caso, foi mais fácil a manipulação e o desvio dos votos. Posso afirmar que, entre os vinte e quatro deputados constituintes estaduais, não estavam todos os escolhidos pelo povo. Mas os que o nosso saudoso Teixeirão apontou: ‘ esse sim, esse não’. Mas teve que engulir dois feitos adversos: um deputado federal e um prefeito que não eram da sua simpatia e para quem não pedira votos. E mais: aquele ‘menino’ de 25 anos ‘transferiu’ votos para uma pessoa comum e desconhecida do eleitorado. E ele, o Teixeirão, o ‘homem do boné’ de paraquedista, com todo prestígio e poder, não conseguira, em Ariquemes, eleger seu preferido que amargou o terceiro lugar. Elegeu três senadores saídos do nada, e a maioria dos oito deputados federais , dos vinte e quatro estaduais e da absoluta maioria dos prefeitos. Mas perdeu em Ariquemes.
Este personagem que obteve dois mandatos para a Câmara Federal, um para a Assembléia Legislativa e mais um para a prefeitura de Ariquemes é um cidadão simples e humilde como um discípulo do padre Camaione. Ele paga sozinho pelas falhas suas e de outros cometidos no seu último mandato à frente do executivo ariquemense. Sem mandato e sem direitos políticos, condenado por improbidade em função de equívocos processuais explorados impiedosamente por seus adversários. E não por corrupção. Um condenado por delitos técnicos. Sua simplicidade de vida e sua luta pelo dia-a-dia, demonstram para a sociedade o respeito que sempre cultivou pelo bem público. Apontado como ‘burro’ por não ter enriquecido, é um retrato vivo do preço que se paga para ser e viver honestamente.
OsmarSilva – sr.osmarsilva@gmail.com
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