Sexta-feira, 14 de outubro de 2011 - 15h21
O povo doente se amontoava na pequena varanda da casa da 5ª Rua do Setor 1 de Ariquemes. Vinham de todos os cantos. Das brenhas, dos confudós dos judas, do ventre das matas. Doentes, fracos, famintos. Mulheres e crianças, novos e velhos. Eram os sem dinheiro para pagar hospital e médico particular. Iam chegando durante a madrugada e se abancando na área sem bancos. Conversavam em voz baixa, procurando não acordar o dono da casa. Esperavam ele acordar. Silenciosamente, respeitosamente. Sabiam que ele levantava cedo e não os deixaria desamparados. A malária sacudia os corpos cansados, suados e pegajosos, da maioria. O odor forte da doença inundava o ambiente. Outros, feridos, machucados, quebrados, ossos expostos, gemiam pelos cantos.
Nos primeiros albores do dia, mas noite que dia, Sales aparecia na varanda enquanto sua mulher, Malu, na cozinha preparava uma grande garrafa de bom café. Para todos. Ele ia ouvindo relatos, caminhando cuidadosamente, passando sobre as pernas de um ou os ombros de outros. Dando orientação, fazendo bilhetes de encaminhamentos para hospital particular, despachando seu motorista na ‘burra preta’ – uma velha C-10 - com doentes para Porto Velho, prometendo helicóptero do Incra para conduzir os mais graves. Ariquemes, recém nascida, ainda não tinha posto de saúde nem médico. O jovem prefeito Francisco Sales Duarte de Azevedo, discípulo do padre Camaione, tinha que se virar.
Estas pessoas vieram de todos os cantos do Brasil para colonizar e transformar o Território Federal de Rondônia em um novo estado. Enfrentavam o lendário ‘inferno verde’ sem nada saber dele. Na maioria, gente simples, despossuidas e enxotadas dos campos do Sudeste e do Sul do País. Machucavam-se nas derrubadas, caiam com o mosquito da malária. Sucumbiam com as onças e as mordida das cobras. Subalimentados, desconheciam as ofertas das matas. Passavam fome. Viviam embrenhados na floresta com cacaio nas costas. Era essa gente que, diariamente, se amontoava na casa do prefeito. De dia e de noite. Carecendo de solução urgente.
Foi por isso que Sales, quando recebeu uma verba do governo de Rondônia para construir uma garagem para abrigar veículos e maquinas, preferiu construir um centro de saúde para abrigar e tratar os pobres e doentes. Era disso que precisava. Fez sua obra silenciosamente. No dia da inauguração, passou em sua casa com o governador Jorge Teixeira de Oliveira e o todo poderoso secretário de planejamento do território, José Renato da Frota Uchoa, para que vissem, com seus próprios olhos, os abrigados de sua varanda. Preparou-os para o que vinha. Na frente do prédio, já visível que nada tinha de garagem, o prefeito explicou sua conduta e ganhou a gargalhada e o aplauso do Teixeirão. E o ódio vingativo do ‘Zé Renato’ que, não demorou, conseguiu do governador a sua exoneração. Foi o preço imediato que Sales pagou por ter dado um pouco de dignidade aos desvalidos pioneiros de Ariquemes. Mas tarde, já como conselheiro e presidente do Tribunal de Contas, ainda abriu um processo investigativo contra o ex-prefeito.
Parabéns Ariquemes, nesse 11 de outubro, pelo seu aniversário.
Fonte: Jornalista Osmar Silva/DRT 1035 - sr.osmarsilva@gmail.com
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