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Gente de Opinião

Osmar Silva

A grande festa


 
Há 33 anos um funcionário da Secretaria da Agricultura do Território Federal de Rondônia viu o seu sonho se materializar. Após muitos pés-de-ouvidos com ‘parceleiros’ que faziam os primeiros pastos e compravam as primeiras ‘sementes’ de gado, Paulo Teles conseguiu reunir meia dúzia de ‘pecuaristas’ e criou a Associação dos Pecuaristas de Ariquemes-APA.

As referências que apontavam um futuro na pecuária eram as fazendas Nova Vida(dos Arantes) e a Rio Branco( dos Frey). A primeira, às margens da BR-364 entre Ariquemes e o distrito do Jaru, tinha até aeroporto. A segunda, às margens da novíssima RO-01 em direção da Gleba Machadinho. Pura mata braba.

A efervescência que todo ano antecede a 33ª Festa do Peão de Ariquemes já tomou conta da cidade e de toda a Região do Vale do Jamari. Nos bares, botecos, churrascos, portas de bancos e de igrejas, é o assunto predominante.

Nos lares, de quem cria ou cuida de boi ou na casa que tem jovens e moças bonitas, a Festa do Peão é assunto da hora do almoço e do jantar. E entre as centenas de trabalhadores da organização da festa e da diretoria da APA, há seis meses não se fala de outra coisa. A festa! A festa e a festa! O evento mais importante do ano.

Tempos duros aqueles. Não havia maior ou menor. Éramos todos iguais nos sonhos, nos desafios, na labuta. Derrubar mata virgem, milenar, plantar e caçar para comer até a terra dá seus primeiros frutos.

No final da tarde daqueles dias, Paulo Teles eu e alguns abnegados, ficávamos com uma corda fechando a poeirenta Avenida Jamari, pegando peão à laço. Para que? Para assinar o livro de ata que constituiu a APA. Foi mesmo assim. Nos reuníamos no salão paroquial da Igreja de São Francisco, um barracão de madeira com mata-junta, no Setor Um. Alí nasceu a APA e o Sindicato Rural de Ariquemes.

As primeiras diretorias além de trabalhar de graça ainda tinham que comprar o título de sócio remido. O mais caro. No valor de uma casa. Coisa para poucos. Somente para os que ajudaram na sua criação e manutenção. Tudo para juntar meios e realizar a primeira Festa do Peão num terreno doado pelo prefeito Francisco Sales entre as avenidas Jamari e a Capitão Sílvio de Farias. Estou entre estes. Participei de três diretorias. Era um dos que iniciavam uma semente de pecuária.

Fechei o Jornal O Parceleiro, mudei para Porto Velho, mudei o rumo da vida. Mas deixei em Ariquemes dois filhos – Dr. George Patta e Dr. Thiago Patta - que me honram e honram a nossa ‘Princesinha da BR-364’. Eles têm um camarote na arena da APA, agora às margens da BR-364. São herdeiros da minha história e do título de sócio remido número 38.

Hoje não conheço os diretores nem eles me conhecem. Não tenho terras nem gado. Não sou mais do clube dos pecuaristas. Mas assim como Denizar e Osmar Raposo, Luiz Augusto, Dilermando, Dr. Rafael, Paulo Jorge e tantos outros, onde quer que estejam, podemos nos orgulhar: criamos – com muito suor e sacrifício - o maior evento de Rondônia e um dos mais importantes do Brasil.

Não importa quem seja o presidente ou diretores. Nem quantos bois tenham ou deixam de ter. Nossas pegadas estão lá. Grudadas no suor dos cavalos, dos touros e dos peões. No som do berrante e na gargalhada sonora da moça bonita. Pois nós fomos os pioneiros.

OsmarSilva – jornalista – presidente da Associação de Imprensa de Rondônia.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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