Segunda-feira, 6 de agosto de 2012 - 08h18
Fazia tempo, muito tempo que não via tão grande movimentação, borborinho e alegria no ar. Lembrei do dia da instauração do Estado de Rondônia com o governador Jorge Teixeira e o ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel na sacada do Palácio Getúlio Vargas. Duas ocasiões exitosas. Com uma diferença: neste 1º de agosto a praça da Ferrovia Madeira Mamoré estava especialmente tomada por jovens e crianças com o seu característico e alegre alarido. Desde a manhã até altas horas da noite quando a festa do 1º centenário acabou sob o “Chiado do chinelo” de Caribé.
Meu filho Arthur Felipe de 11 anos e seu primo Dérik de 10, absorviam embevecidos, a história que fluía da boca do velho ferroviário. Este, atendendo ao chamado de um deles, respondia sobre a origem daquela máquina n.18 que tanto os atraia. Quando ela apitava ou fumegava soltando grossas nuvens de fumaça, largavam a roda dos malabaristas, arena do teatro e, com outras centenas de crianças, esqueciam até dos pais e saiam em desembalada carreira para admirar aquele veículo fascinante que não usa óleo diesel nem gasolina para andar e correr.
- Então! Esta aqui, a 18, é a Barão do Rio Branco. Este é o nome dela, explicou o velho ferroviário. Mas eles queriam saber mais. Ela veio de onde?
- Veio de Berlim, na Alemanha, em 1943. Veio ela e mais duas. As três foram doadas para a Ferrovia Madeira Mamoré por Hitler.
Agora quem tomou susto fui eu. Então o demonizado Adolf Hitler tem um elo de generosidade com a nossa história? Estou verdadeiramente surpreendido. Com 33 anos de Rondônia, tendo-a como minha segunda naturalidade, nunca li nem ouvi dos historiadores este episódio histórico relevante. Mas deixemos minha embasbaquice e ignorância de lado. As crianças, agora cercadas por uma pequena multidão silenciosa e atenta, ainda tinham o que perguntar. Ele deu só uma?
- Não! Ele deu três. A resposta não satisfez tanta curiosidade. Virou interrogatório com aplausos a cada pergunta. E onde estão? como chegaram? Tinha estrada de ferro de lá até aqui? Ou vieram de canoa?
- Calma crianças, vou explicar. Tem mais duas. Uma delas ainda está inteira. Mas para nossa tristeza, estão deixando se acabar dentro do mato, nas margens da ferrovia. Eu não gosto nem de ver. Aquilo dói, corta o coração e ninguém faz nada. Suspirou fundo, tirou o quepe da cabeça, passou a mão na cara para disfarçar a emoção e a lágrima que teimava em rolar pelo rosto de pele curtida de tanto sol e labor. Refez-se.
- Sim ia esquecendo. Não tinha estrada de ferro de Berlim até aqui. Nem vieram de canoa pois são muito grandes e pesadas. Vieram foi de navio. Naquele tempo os navios grandes vinham até aqui no nosso porto.
Mais uma pergunta: por que o senhor usa esta roupa? O senhor é polícia?
- Não, não sou polícia. Esta é a nossa roupa de trabalho. É a farda da Madeira Mamoré.
Uma salva de palmas premiou o relato do velho ferroviário. Uma lição inesquecível.
Fonte: OsmarSilva
sr.osmarsilva@gmail.com
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