Sexta-feira, 12 de agosto de 2011 - 06h17
A revista Veja publicou, no início dos anos 80, uma matéria venenosa, ‘denunciando’ um deputado federal rondoniense. Rara concessão da grande mídia ao que acontecia nesta Região do Brasil. O que atraiu a editoria da publicação não foi a emigração massiva de pobres do Sul que vinham colonizar o Norte, expulsos de suas terras pelo processo de mecanização rural e ambição dos latifundiários ávidos para expandir suas possessões. Nem as condições adversas que viveram ao enfrentar a selva inóspita, a malária e a total ausência de serviços públicos e assistência social. Ausência de tudo. Privação de tudo. Até de caixão para enterrar os mortos.
Nada disso importava. O que importava era o voto daquele deputado, no Colégio Eleitoral, que ajudaria a eleger o novo presidente do Brasil, substituto de João Baptista Figueiredo, o último da ditadura militar. Mas o parlamentar tinha, também, as prioridades do seu povo. E uma das urgências era uma ponte sobre o Rio Jamari, na BR-421, em cujas margens muitos morriam esperando a travessia para chegar a um médico. Travessia, de gente e veículos, feita em balsa presa em cordas e puxada a mão. Corda que arrebentava e levava a balsa rio abaixo com tudo que estivesse em seu dorso. Muitos morreram.
Do outro lado, crescia os assentamentos do Incra, a produção dos colonos e nasciam vilas e distritos, hoje pujantes municípios. O deputado não teve dúvidas do que fazer. Ele, que muitas vezes atravessou o Rio Jamari a nado, à noite, enfrentando fortes correntezas para acordar o balseiro e fazê-lo atravessar doentes carregados em rede. Eram acidentados em derrubadas, mordidos de cobra, grávidas e doentes de malária. Estava decidido. Francisco Sales daria seu voto a quem lhe garantisse a ponte sobre o Rio Jamari.
- Vocês acabaram de ganhar uma ponte! Exclamou o governador Jorge Teixeira, na frente do deputado Sales, que o levou para o discurso a uma pequena multidão aglomerada nas duas margens do Jamari, esperando o desfecho de um caminhão pendurado na borda da balsa, parada no meio das águas. Era mais um acidente.
Teixeirão era homem de palavra. Em menos de um ano a ponte saiu. E o Sales deu o voto a quem lhe deu a ponte e libertou seu povo do sofrimento. Foi esse fato que chamou a atenção da Veja. Sales não trocou seu voto por dinheiro, nem indicou empresa para construção. Coisa tão comum hoje em dia. Mas seus adversários o demonizaram por conta do voto. Aquela ponte, de uma pista só, que nunca recebeu uma única reforma é a saída segura para as pessoas e as riquezas dos municípios de Montenegro, Buritis, Campo Novo e Alto Paraíso.
Agora vejo o deputado Saulo Moreira(PDT) ‘indignado’ contra o descaso com outra ponte sobre o Rio Jamari construída no governo José Bianco, na Linha C-80, dando acesso ao Alto Paraíso. Ela já cedeu cincoenta centímetros e ameaça desabar. Tem, também, uma única pista. Que tal se, ao invés de ficar ‘indignado’, mobilize os outros dois deputados estaduais e a bancada federal junto com o governador Confúcio Moura, e se construa duas novas pontes, com pista dupla e passarela de pedestres, compatível com as necessidades e importância da Região da Produção? Hem!!!
Osmar Silva / sr.osmarsilva@gmail.com
Fonte: Jornalista Osmar Silva/DRT 1035 - sr.osmarsilva@gmail.com
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