Terça-feira, 15 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Osmar Silva

AUTOELOGIO: o ouro do tolo


O autoelogio é a promoção dos tolos que acham que são, e não são. Quem diz ‘eu sou’, não é. Não existe mérito na autopromoção. Só serve para denunciar a própria vaidade, passar recibo de que não é o que pensa que é, e é uma vã tentativa de ocultar complexos inferiores. Principalmente quando o personagem coloca-se acima dos demais. Como se fosse especial. Membro de uma casta superior. E pior fica quando confessa pretensa humildade. Aí o discurso recheia-se de arrogância intolerável e inócuo.

Não nutro gosto nem admiração por indivíduos que jacta-se do próprio peito de pombo coberto de medalhas, comendas, títulos, diplomas e penduricalhos afins. As exibições gratuitas são mais apropriados aos peitorais de marechais de republiquetas africanas, asiáticas e caribenhas como Idi Amim Dadá, Muammar  al-Gaddafi, Kim Jong Un ou qualquer um de Uganda ou Somália, são bons exemplos.

Em muitos casos os títulos são distribuídos com critérios duvidosos e claro interesse de realizar a autopromoção de grupos políticos que se auto protegem, como vem ocorrendo ultimamente, com a Medalha Mérito Marechal Rondon, a mais importante comenda do Estado de Rondônia, distribuída em igrejinhas de apaniguados incluindo o próprio concessionário. Que valor tem?

Existem ainda confrarias ditas culturais, isso e aquilo, que também funcionam, supostamente, em função do reconhecimento de valores da sociedade que representam. Até estas acabam caindo na cilada de grupo em que um joga confete para o outro e este para aquele e assim vai. Que importância tem isso?

E teria ou terá muita importância e muito valor. A sociedade tem seus valores. Ela os constrói e os revela. E os quer como exemplos a ser seguidos. Se estas entidades do autoelogio tiverem um olhar aberto para o que acontece no seu entorno e a humildade de reconhecer autênticos valores nascidos do povo e das suas manifestações, certamente prestariam digno trabalho em favor da sociedade e obteriam o reconhecimento público. Esse sim, o que realmente importa.

Por isso, prefiro ficar com o exemplo dos que realmente são imortais por suas obras e feitos, consagrados pelos povos de todas as aldeias. Reconhecidos por todos e humildemente admitido. Como o grapiúna Jorge Amado e o portenho Jorge Luis Borges. O poeta Telmo Padilha e o romancista Graciliano Ramos. O Vampiro Dalton Trevisan e o poeta Pablo Neruda. Ou o historiador regional Emanuel Pontes Pinto, que a todos acolhia no O Guaporé sem discriminar, pejorativamente como aventureiros, os novos rondonienses, por adoção e opção, que chegavam para ajudar construir o novo estado.

Ou ainda o jornalista Euro Tourinho que não jacta-se dos seus merecidos diplomas. Ou como Jorge Teixeira, que sabia que da força dos braços destes migrantes sairia o novo Estado. E o Manelão com a sua Banda do Vai Quem Quer. Estes a todos abriram os braços em boas vindas, sem a carteirada ridícula do “você sabe com quem está falando?”. Estes sim, imortais.

O resto? é o resto que se compraz na aleivosia das confrarias do mútuo elogio, estéril e improdutivo.  

Osmar Silva – Jornalista – sr.osmarsilva@gmail.com  

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoTerça-feira, 15 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Língua de Fogo – O desafio do Léo em reeducar o povo e manter a cidade limpa

Língua de Fogo – O desafio do Léo em reeducar o povo e manter a cidade limpa

É mais fácil erguer um prédio, abrir uma estrada, construir uma escola ou fazer uma ponte, do que mudar velhos e arraigados costumes, onde a boa edu

Língua de Fogo – Hora das facadas da maldade nas costas do povo

Língua de Fogo – Hora das facadas da maldade nas costas do povo

Sexta-feira gorda de Carnaval, último dia útil de fevereiro, 28.Oportunidade boa para os parlamentos municipais, estaduais e o Congresso Nacional, r

Língua de Fogo – Decano do STF não é luz, é sombra que desonra a Corte Suprema

Língua de Fogo – Decano do STF não é luz, é sombra que desonra a Corte Suprema

A luz cadente de Ulysses Guimarães continua a iluminar cabeças e corações de boa vontade no Brasil:“A voz do povo é a voz de Deus. Com Deus e com o

Língua de Fogo – STF: origem das piores notícias que atormentam o país

Língua de Fogo – STF: origem das piores notícias que atormentam o país

Eu lutei contra a Ditadura Militar de 1964. Quando fecharam o Calabouço, no Rio de Janeiro, um restaurante/escola, em frente ao Aeroporto Santos Dum

Gente de Opinião Terça-feira, 15 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)