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Gente de Opinião

Osmar Silva

Confúcio x ACM



Certa vez, convidado na condição de diretor do Diário de Itabuna, participei de uma reunião do governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, com todos os prefeitos do estado no Palácio de Ondina. Naqueles anos 70 ele buscava a hegemonia política no estado como o representante maior da Arena. Por isso, passou por cada prefeito entregando três fichas de filiação e duas folhas de papel onde, numa, elencava os benefícios que ofereceria a quem se filiasse ao seu partido. Na outra, branca e virgem, não continha nada. Deu uma hora para pensarem e decidir. Na volta, recolheria o material. E foi pro gabinete atender a agenda do dia.

Retornou, recolheu as fichas e separou as assinadas confirmando a adesão. Chamou estes para outro ambiente e despachou os que não aceitaram a proposta. Entre estes, estava o prefeito de Ilhéus, Capital Cultural Grapiúna, terra de Gabriela Cravo e Canela, que a partir daí, não contou com mais nenhum tostão do governo do estado. Nem os cargos de diretoria de escola sobraram. O homem tomou tudo. Acabou com o prefeito. Foi a partir de fatos como esse que ganhou a alcunha de “Toninho Malvadeza”, dado pelas suas vítimas. No contraponto, os que se refestelavam nas benesses do estado, o denominaram de “Toninho Ternura”. Não demorou muito a Revista Veja o trouxe na capa como o Imperador da Bahia, com coroa, cetro e tudo. Ele havia quebrado a última resistência: o tinhoso prefeito do pequeno e inexpressivo(naquela época) município de Porto Seguro. Agora ele contava com o apoio de cem por cento dos prefeitos da Bahia.

Foi por deter toda essa força que criou, por decreto, o Município de Eduardo Magalhães, homenageando o filho do mesmo nome que estava sendo preparado para ser o presidente do Brasil e morto extemporaneamente. Não houve, até hoje, Corte de Justiça que derrubasse a inconstitucionalidade.

Aqui, em Rondônia, o governador Confúcio Moura contrariou essa partidarização dos equipamentos de governo, ainda existente e resistente na maioria dos estados, ao implantar o Programa de Gestão Democrática na Educação. Libertou os profissionais dos guizos partidários. Deu-lhes a carta de alforria para gerir seus próprios destinos. Abriu mão e renunciou a um pequeno exército de seiscentos cabos eleitorais formados pelos diretores e vice-diretores das escolas estaduais. Gente que, imagina-se, pede voto, mata e morre pelo seu governador a fim de manter o seu cargo. Antonio Carlos Magalhães não teve coragem de fazer isso. Foi o contrário, fortaleceu o nicho. O ex-governador Cassol não só manteve, exigindo e vigiando a fidelidade dos diretores escolares, como tentou ampliar o espaço pretendendo aprovar uma lei para nomear até administrador dos distritos municipais, usurpando o poder e o direito desses entes federativos: os municípios.

Não sei. Mas pelo tratamento que vem sendo dado pelos diretores e professores ao chefe do executivo, tenho a impressão que ele obteve mais apoio político e votos desse segmento do que se os trouxesse com a argola da submissão no pescoço. Nos encontros de Confúcio nos atos de posse com os diretores eleitos pelas sociedades escolares, ficou claro a aprovação dos profissionais da educação ao ato libertário do governo de Rondônia. Foram mais que solenidade. Foram atos festivos de clara comemoração, congraçamento e gratidão. Resta agora, chamar de volta os 90 mil alunos egressos das salas de aula para um ambiente que os atraia, lhes prepare para a vida e lhes dê prazer de frequentar. Usar com eficiência as ferramentas que já têm enquanto se busca meios mais eficazes para o objetivo do melhor Ideb. A educação está livre para pensar e fazer.

OsmarSilva – Jornalista – sr.osmarsilva@gmail.com            

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