Quinta-feira, 4 de abril de 2019 - 18h41
O Brasil adora uma crise. Não sabe mais viver sem a crise
do momento. E quando não tem, cria. Na verdade, criam-se várias crisezinhas
para esconder a verdadeira crise: aquela que está moendo, triturando e acabando
com a dignidade de quase 30 milhões de brasileiros desempregados, vivendo de
trampo.
O Brasil virou um ambiente hostil para os milhões de jovens
que completam a maioridade todo ano, quanto para experientes profissionais que
chegaram aos cinquenta anos de idade. Ambos se desesperam num no mercado de
trabalho árido e tão adverso. O primeiro grupo, por não ter experiência e o
segundo, são excluídos por serem ‘velhos’.
É uma judiação. Uma indignidade. Uma pessoa sem emprego e
sem renda, tem a sua própria cidadania cerceada. É nisso que reside a
verdadeira crise brasileira que deve ser combatida.
Mas a Câmara dos Deputados acabou de demonstrar que não
está nem aí. Derrubaram uma emenda a um projeto de lei que permitiria aos
partidos que quisessem, devolver ao tesouro, valores recebidos do Fundo
Partidário. Uma excrescência que eles criaram em benefício próprio.
Com essa atitude antirrepublicana, os partidos ficam
‘obrigados’ a ficar com o dinheiro do contribuinte. Não podem devolver. Dá para
acreditar num despropósito desse? Pois é, ainda se dão ao direito de
sentirem-se ofendidos quando a sociedade e o eleitorado os chamam de ladrões e
lhes pespegam adjetivos piores.
Ofenderam-se com o Ministro da Economia Paulo Guedes, que
lhes apontou o dedo e disse: ‘nesse ambiente (o plenário da Câmara) aqui, a
média da aposentadoria é 28 vezes maior que a do aposentado pelo INSS’.
Diante de uma plateia tão desrespeitosa com o povo
brasileiro, o ministro Guedes talvez não tenha faltado com respeito quando
respondeu à ofensa de um deputado do PT e gritou: “é a mãe!”, “é a avó!”. Isso só ocorre porque não se dão ao respeito.
E quem não se dá ao respeito, não merece respeito.
É o que vem ocorrendo no âmbito de outro poder: o
Judiciário.
Ontem, em sessão de desagravo no Supremo Tribunal Federal,
várias entidades se manifestaram em apoio à instituição e aos seus membros. O
ministro Marco Aurélio não participou da sessão por achar que o órgão da justiça
não precisa de defesa de ninguém. Estaria certo, se os que o compõem fizessem
jus à aclamação da sociedade, ao invés de epítetos ofensivos.
Foi por ofensas ao Poder que o seu presidente abriu, de
ofício, um inquérito para enquadrar os ofensores. E criou a ‘sua’ crise. Pelo
ato em si e pelo o objetivo. Daí a necessidade da defesa. Mas defesa contra
quem mesmo?
Contra a sociedade brasileira que, há muito, perdeu a
paciência com os descalabros praticados pelos ‘intocáveis’ ministros dos
tribunais superiores e, particularmente, os do STF.
São julgamentos e decisões que ofendem o bonsenso, atos e
atitudes de arrogância além do acúmulo de privilégios que ofendem o
contribuinte. Para eles ‘a voz do povo é a voz de Deus’ não vale. E por quê?
Porque se acham o próprio Deus.
Estas são as matérias primas do dissenso entre o Poder Judiciário e o povo que lhes paga as contas e os salários dos seus membros. Um pouco de humildade e retidão, pode ajudar mais que um desagravo ou um: ‘é a mãe!’.
Osmar Silva – Jornalista – Presidente da Associação da
Imprensa de Rondônia-AIRON – WhatsApp 99265.0362
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