Domingo, 21 de junho de 2015 - 17h06
Naqueles primeiros tempos dos anos 80, a casa do colono Antônio Ramiro e da professora Domingas, era a mais animada da linha C-85 da Br-364, no Projeto de Assentamento Marechal Dutra em Ariquemes. Frequentada por alunos do primeiro grau que aprendiam os segredos da escrita e da matemática, pelas classes políticas do estado, por padres e pastores e pelos atletas do futebol que animavam os fins de semana em disputados torneios, regados à cerveja e churrascos. E que tinham a força de uma copa do mundo. Os ônibus corriam diariamente, lotados, carregando o povo pra cima e pra baixo com mercadorias e mudanças dos chegantes.
A casa e a escola de tábuas e mata junta, a todos acolhiam com alegria e mesa farta. O casal se destacava na luta por melhorias para os moradores do lugar. A professora Domingas corria atrás de material escolar, merenda, livros e todos os apetrechos necessários para as crianças. Ramiro reunia a comunidade discutindo reivindicações para todos os níveis de governo. Aquela moradia virou local de encontro social, político e religioso. Ali, todos se encontravam.
Definidas as ações, partiam para a luta. Audiências com prefeito, governador, Incra, Banco do Brasil, Basa e até com ministros em Brasília. Era abertura de estradas e travessões, recuperação das vias abertas, construção de pontes, escolas, igrejas. Buscas de financiamentos para lavouras, custeio, sementes, mudas e assistência técnica.
Tudo era alvo de muita luta. Eles abandonavam suas roças para ajudar no que pudessem. E promoviam grandes encontros com milhares de parceleiros e convidavam autoridades instadas a se comprometerem com as causas pleiteadas. Era muita gente. Vinham das parcelas de cem hectares onde morava média de três famílias. O governador Jorge Teixeira participava desses encontros pelo estado.
Foi numa dessas reuniões, com o prefeito Francisco Sales, que nasceu o Projeto Mutirão que, num único verão, abriu mil e quinhentos quilômetros de estradas. Um assombro. Com o dinheiro de um quilômetro, fazia três. A notícia correu mundo. A Codaron, Companhia de Desenvolvimento de Rondônia, adotou o modelo para o estado.
Pelo pacto com Sales, os colonos derrubavam a mata do leito da estrada, separavam troncos para as pontes e pinguelas sobre os igarapés e davam a comida para os trabalhadores, inclusive os da prefeitura. Esta, entrava com as máquinas, o combústível e as correntes das motos serras. Esse foi o milagre.
Edson Gobira e Eva, primeiros habitantes da linha C-80, do Projeto Marechal Dutra, promoviam reuniões semelhantes com a mesma finalidade. Calsavara, na linha C-75 fazia o mesmo. Zedequias e Dorva, na linha C-85 da BR-421, do outro lado do Rio Jamari, estavam engajados na mesma luta. E o Álvaro Ronconi, lá no Boa Vista, na BR-421, arregaçou as mangas pela mesma causa.
Estes pioneiros são uma mostra de tantos do mesmo quilate, que foram líderes respeitados por suas lutas em favor das suas comunidades. Gente que ainda tinha que derrubar as matas dos seus próprios lotes, para plantar a sua sobrevivência e a riqueza do estado que temos hoje.
Dos citados, Álvaro e Ramiro nos acompanham do alto. Os demais continuam em suas regiões. A ilustre professora Domingas se mudou para o Machadinho, sob os cuidados de sua filha Gilsônia, em quem inoculou o DNA da educação.
OsmarSilva – Jornalista – sr.osmarsilva@gmail.com
Língua de Fogo – O desafio do Léo em reeducar o povo e manter a cidade limpa
É mais fácil erguer um prédio, abrir uma estrada, construir uma escola ou fazer uma ponte, do que mudar velhos e arraigados costumes, onde a boa edu
Língua de Fogo – Hora das facadas da maldade nas costas do povo
Sexta-feira gorda de Carnaval, último dia útil de fevereiro, 28.Oportunidade boa para os parlamentos municipais, estaduais e o Congresso Nacional, r
Língua de Fogo – Decano do STF não é luz, é sombra que desonra a Corte Suprema
A luz cadente de Ulysses Guimarães continua a iluminar cabeças e corações de boa vontade no Brasil:“A voz do povo é a voz de Deus. Com Deus e com o
Língua de Fogo – STF: origem das piores notícias que atormentam o país
Eu lutei contra a Ditadura Militar de 1964. Quando fecharam o Calabouço, no Rio de Janeiro, um restaurante/escola, em frente ao Aeroporto Santos Dum