Domingo, 11 de dezembro de 2011 - 09h20
Em todas as esquinas e curvas da colméia das abelhas, das formigas e, particularmente dos cupins, todos estão cansados de saber que ele foi o maior ladrão da história do reino. Como todo mundo sabe mais não tem provas, os comentários são em voz baixa, e com precaução para que ouvidos estranhos escutem. Até porque todos o temem. Corre sobre ele histórias terríveis de ganância, arrogância, vingança e poder. Exigia de todos fidelidade absoluta. Qualquer deslize custava caro. Muito caro. Não tinha desculpa nem perdão. Uma regra era sagrada: todos seus parceiros de reinado tinham que dividir com ele os seus lucros. Ficando com ele a maior parte, lógico. Por isso, seus tesouros são incalculáveis. E lhe dão muito poder, mas muito mesmo.
Durante seu reinado, todos andavam de cabeça baixa, mesmo os mais próximos e subservientes, com quem dividia alguma maldade.Ainda hoje, mesmo não sendo mais o rei, todos ainda tem medo. Ele, com seu tesouro, conseguiu comprar uma vaga num clube muito especial. Gastou mais que os demais sócios. Mas isso não faz diferença. Lá, ele ficou próximo do imperador e procura corromper os conselheiros do império. De lá, procura infernizar a vida do novo mandatário do reino. Atribui ao novo rei defeitos que cultiva. Procura jogar contra o rei os habitantes das colméias e demais membros da sociedade.
Na verdade, ele está morrendo é de inveja do novo chefe do reino. E de medo dos habitantes o expurgá-lo pra sempre. O novo rei é afável, ouve todo mundo, está empenhado em fazer o reino crescer a partir do crescimento de cada um, de cada membro, de cada habitante do reino. Ele acha que o reino só cresce se cada um crescer. Por isso o povo gosta do novo rei. Tão diferente dele que tomava o tesouro inteiro só pra si. Por isso, o povo não lhe dá ouvidos quando ele critica o novo rei. O zangão cai na gargalhada: ‘ ele não tem moral pra criticar. Não resolveu nada do que critica’. ‘Quer saber da verdade?’ Pergunta a rainha das formigas. ‘Ninguém gosta dele no clube. Quando ele chega, todo mundo vai embora. Aí, não tendo o que fazer, fala mal dos outros’. E a rainha dos cupins desabafa: ‘o que me irrita é ver que dizem que é igual a cupim: vai roendo tudo. Não gosto, não gosto mesmo. Nós só nós alimentamos. Não acumulamos fortunas nem tesouros dos outros’.
Mas o pior, pior mesmo, é que ele mandou seus ‘folhas secas’e ‘guaxebas’ se infiltrar entre os conselheiros do novo rei. E foram corrompendo todo mundo. E ele lá longe, na sede do império, só de bituca. Mas até nisso, se deu mal. A polícia do reino descobriu e prendeu todo mundo no ôco-do-pau. Até alguns dos seus antigos ministros. Já tão descobrindo suas próprias falcatruas. Vai acabar sendo expulso do clube. Aí não vai adiantar se fingir de inocente e pedir oração. As colméias vão trancá-lo no ôco-do-pau e as abelhas vão lacrar a boca-do-pau com cera. Dura.
Fonte: Jornalista Osmar Silva/DRT 1035 - sr.osmarsilva@gmail.com
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