Terça-feira, 12 de abril de 2016 - 14h18
Foi o ministro Luis Roberto Barroso, do STF, que ao ver o desembarque do PMDB do Governo Dilma, cunhou a frase exclamatória mais emblemática dessa temporada de cataclismo político institucional que vive o Brasil: “Meu Deus do céu! Essa é a nossa alternativa de poder?”
Ele acertou na mosca. Pôs o dedo na ferida. A questão da alternativa é o nó górdio da questão. Justamente por falta da boa alternativa.
Ainda assim, a primeira etapa do ‘impeachment’ da presidente Dilma Rousseff foi vencida com vitória da oposição. E a folga de onze votos acompanhando o voto do relator.
Embora tudo possa acontecer, existe quase unanimidade na convicção de que o relatório seja aprovado no plenário da Câmara dos Deputados. Aí a bola vai para o Senado comandado por Renan Calheiro que responde a nove processos do STF. Aí reside a incógnita: o ‘impeachment’ passará?
Não existem mais dúvidas na casa de ninguém, de que o Brasil está afundando, numa crise sem fim. Os mais pobres descobriram que foram enganados. Sentem a dor do desemprego e a tristeza de ver que o Bolsa Família não dá para comprar mais nada.
Já concordam que o governo que está não presta, não serve e precisa ser trocado. A questão é: por quem? E o que mudará no dia seguinte?
O verdureiro e o comerciante da esquina, o dentista e o universitário, o porteiro e o empresário, a manicure e o médico, o repórter e o leitor, todos, literalmente todos, vivem a mesma angustiada interrogação que arrancou a exclamação do ministro Barroso.
Daí a necessidade do vice-presidente da República Michel Temer, sem querer querendo, em ato de pura vacina, soltar para o público, a gravação afirmando a continuidade e até a melhoria dos programas sociais. Antes que o PT e seus aliados gritem que ‘eles’ vão acabar com as conquistas sociais.
Exceção para os dez por cento da população que ainda apoiam o governo, constituídos basicamente, das organizações e movimentos sociais ultra-esquerdistas, que empunham suas bandeiras vermelhas pregando a dissídia e o divisionismo nacional entre ‘nós e eles’, ameaçando luta armada, enfrentamento nas ruas e nas fazendas. Doidos para rasgar o país ao meio e reeditar a ‘Sierra Maestra’ no Brasil.
Eles são açodados por lideranças sindicais e associativas vinculadas diretamente ao poder central, beneficiários de generosas verbas públicas, sem compromisso de prestações de contas. Carecem de razão maior?
Entre estes, estão os mercenários da política em busca de vantagens. Quem oferece mais, quem dá mais, quem paga mais, leva. Leva o voto para um lado ou para o outro. São parlamentares que não tem pudor e nem respeito por ninguém.
A presidente Dilma, nesse ambiente assopra fogo para todas as direções: de um lado, acolhe e estimula, no Palácio do Planalto, em ato criminoso, o seu ‘exército vermelho’, e do outro, abre as ofertas do ‘Bazar de Sandizar’ para os mercenários do Congresso. Ministérios, mais de seiscentos cargos federais e, dizem, dinheiro, muito dinheiro, milhões, por um reles voto ou ausência no plenário nos dias de votação.
Mesmo assim, estamos indo, entrando num buraco negro. O certo é que esse governo não pode continuar. É uma questão de sobrevivência. De cada um de nós.
Embora a questão permaneça sobre a nossa cabeça como se fosse a espada de Dâmocles, prestes a cortar o nosso pescoço: qual é mesmo a alternativa?
Osmar Silva – Jornalista – sr.osmarsilva@gmail.com
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