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Osmar Silva

O calote




Ainda lembro o nome de alguns membros que compuseram a comissão sugerida pelo governador Jorge Teixeira e Paulo Saldanha, o primeiro presidente do Banco do Estado de Rondônia, o Beron, para vender ações da instituição na praça de Ariquemes. Corbélia, Daltiba, Pedro de Oliveira e eu foram alguns desses cidadãos cheios de boa fé e esperança no futuro de Rondônia. Afinal de contas, tratava-se do ‘nosso’ banco. Um banco para fomentar, estimular e promover o desenvolvimento do ‘nosso’ estado. Quer dizer, o nosso próprio desenvolvimento. Como não colaborar com propósito tão meritório e altruísta? Afinal de contas, éramos pioneiros construindo um novo estado, responsáveis por fazer luzir mais uma estrela no céu azul da União.

E nos engajamos nessa luta de convencer os novíssimos empresários do comércio, da nascente indústria madeireira e uns poucos que se podia chamar de fazendeiros, a meter a mão na burra e comprar títulos do Beron. Não era tarefa fácil. Naquele tempo a burra de cada um era magra. Qualquer quantia tirada faria falta à família. Não existiam os grandes de hoje. Todos eram pequenos e iguais. Nós largávamos nossos que fazer e tomávamos o tempo do que fazer do outro, no trabalho de convencimento. Ariquemes não poderia ficar por baixo. Tinha que colocar uma quantidade de ações que não a envergonhasse diante de Ji-paraná, Cacoal ou até mesmo a Capital, Porto Velho.

E assim foi feito. Nós, os membros da comissão compramos, em primeira mão, nossas cotas. Tínhamos que demonstrar confiança no negócio. Senão, como convenceríamos os outros? O mesmo trabalho foi realizado nos demais municípios que, naquele tempo, eram poucos. E nasceu o Beron tendo, como logomarca, um desenho do Forte Príncipe da Beira, um dos mais vistosos referenciais da nossa história. Até os prédios das filiais tinham uma arquitetura lembrando o monumento. O Beron cresceu na confiança do povo e ajudou muita gente. Nos encheu de orgulho até que...

...até que vieram os governos Osvaldo Piana e Valdir Raupp. O primeiro começou a dilapidação e o segundo terminou extraiu os últimos recursos investidos por milhares de pioneiros que deram o sangue na compra das ações. E criaram um rombo que até hoje quase dois milhões de rondonienses suam a camisa para pagar à União uma fatura apresentada pelo Banco Central que, ao invés de sanear e cobrar os caloteiros, a construiu. Esses governadores autorizaram empréstimos a apaniguados, sem lastros e sem garantias, que deram pra não ser pagos mesmo. Ernandes Amorim e Expedito Junior estão entre eles. Valdir Raupp ainda anunciou, trombeteando em todos os jornais, que o Beron estava falido.

Pronto. Foi o golpe de misericórdia. Dado por ele, Valdir Raupp, sem nenhum pudor com o sonho dos rondonienses e os ideais do Teixeirão. A estes dois senhores, a quem competia a obrigação de sanear e revitalizar o Beron, resta a condenação dos céus. O primeiro, por conta desta e de outras tantas, afastou-se da política e vive no Rio de Janeiro com o que amealhou. O segundo tem tido sobrevida política, mas mantém distância de candidatura ao Palácio Getúlio Vargas. Ele sabe o que fez e o que ainda rola nos tribunais. E na memória de alguns. Como na minha.

Confúcio, só mesmo você, forjado no calor das primeiras queimadas e no arder das altas febres das malárias dos nossos pioneiros, para ter peito de enfrentar essa e outras injustiças, cometidas contra o nosso estado e a nossa gente. Injustiças que contou com o apoio e a complacência de quem tinha o dever de nos defender. Tenho certeza que, assim como eu, Daltiba, Lerson Sápiras, o “ Corbélia”, Pedro de Oliveira e, acho que até você, nunca viu um tostão das ações compradas do Beron. Nem somos lembrados pelos liquidantes. Mas muita gente está bem na foto e na praça pelo pegou e não pagou ao Beron. Vá fundo Confúcio. Você está com a verdade.
 

Osmar Silva
Sr.osmarsilva@gmail.com


 

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Fonte: Jornalista Osmar Silva/DRT 1035 - sr.osmarsilva@gmail.com

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