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Osmar Silva

O grande Xamã



Quando o bimotor pousou levantando de terra do aeroporto recém construído pelo prefeito Francisco Sales, na linha C-65, em Ariquemes, eu estremeci. Naquela manhã do dia 10 de abril do começo dos anos 80, eu era o único passageiro representando o Jornal O Parceleiro. O jornalista Paulo Correia, que me levara ao embarque, a única testemunha. Meu coração acelerou. Temi, mas estava excitado pela curiosidade do primeiro vôo sobre a floresta amazônica. Embarquei para Porto Velho onde outros jornalistas entraram e partimos para Guajará-Mirim. Íamos a convite do governador Jorge Teixeira registrar a festa do aniversário da “Pérola do Mamoré”.

Do aeroporto direto para a avenida principal da cidade onde o povo esperava o Grande Xamã. O prefeito Bader Massud Jorge, fazia as honras da casa. E Teixeirão, como todos nós, encantado com a cidade e a alegria de sua gente, fez discurso inflamado de patriotismo e chamamento para a construção do novo estado.

Guajará era a referência de cidade organizada, única opção turística de Rondônia. Orgulhosa de sua cultura e da sua história, a “Pérola do Mamoré” atraia a todos. E estes, se encantavam com a cidade e com a visita ao “exterior” trazendo lembranças da Pacenã e da parrilhada, os sabores ecoando no céu da boca. E guardando Guajará-Mirim e Guayará-Mirim naquele canto secreto do coração onde abrigamos lembranças que nunca serão esquecidas.

Rondônia virou estado e se multiplicou em diversos municípios. Os tempos de desbravamento da selva, de fundação de cidades, se foram. A economia cresceu, os poderes se consolidaram. Os ventos do progresso sopraram para todos os cantos de Rondônia, menos para a “Pérola do Mamoré”. Ficou congelada. Como um passado que teima em ser presente. As ações de revitalização de Jorge Teixeira se perderam nas picuinhas de prefeitos e governadores. Muitos destes só iam a Guajará como pretexto para estripulias que envergonhariam suas famílias.

Nunca como o Teixeirão, que quebrando com os pés o colonião que tomou conta das ruas e da igreja da vila, se não me engano Iata, gritava ora para o José Renato, ora para o Vilar ou Chiquilito, - “anote aí, quero estas ruas arrumadas em 15 dias”...  “vamos reformar essa escola. Comprar tudo novo” ... “ Chiquilito, cadê você? Deixa de moleza,  fale com o Amora pra mandar um médico tratar essas crianças”. Todas sob forte ataque de conjuntivite. Olhos vermelhos e remelados. “Vamos reformar e expulsar os cavalos de dentro da igreja. Quero imagem nova. Em de 60 dias vamos inaugurar e entregar para a população”. 
 

O grande Xamã - Gente de Opinião
O poeta. escritor e governador
transformou-se também no Xamã o Pajé dos Pajé

(Fonte:Zekatraca)

Agora Guajará Mirim elegeu um novo Xamã. A “Pérola do Mamoré” está sob novos ventos. Da inércia dos seus governantes, renasceu, do panelão cultural do seu povo, a iniciativa mais exitosa dos últimos tempos: o “Duelo da Fronteira”. Já é uma das mais importantes manifestação cultural do estado. Nesse terreiro, Confúcio foi coroado. Desde Teixeirão, é o primeiro governador que não vai a Guajará jogar pelada ou realizar encontros fortuitos. Ao contrário, está imbuído do desejo de elevá-la ao nível de desenvolvimento do estado. Valorizando sua vocação comercial, cultural e histórica. Respeitando e sua gente e suas tradições. São as ordens do Xamã.
 

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Fonte: Jornalista Osmar Silva/DRT 1035 - sr.osmarsilva@gmail.com
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