Segunda-feira, 15 de junho de 2015 - 06h23
Durante décadas ele foi símbolo de retidão e de respeito. Quando alguém precisava de alguma informação sobre qualquer coisa em Ariquemes, perguntava pra ele. Sabia de tudo. Era a referência viva da dedicação responsável do que fazia. Foi um dos grandes homens da cidade, verdadeira reserva moral do município. Outros, por certo existem. Mas nenhum maior que ele.
Mas a dignidade desse exemplar cidadão cobrou o preço que poucos de se dispõem a pagar. Abdicar das oportunidades de fazer fortuna para viver como trabalhador por mais de oitenta décadas. Sem levantar a voz, que tinha tom manso, mais incisivo, dissipava dúvidas e pacificava ambientes. Era assim esse filho das terras gerais de Guimarães Rosa que adotou e foi adotado nestas terras dos Arikemes na Amazônia.
A cidade e o seu povo não tem nem como mensurar o quanto lhe deve. Desde sua criação, crescimento, desenvolvimento e qualidade de vida atual. Em tudo, ha a digital do Pedro de Oliveira Filho. O Pedrinho, marido da servidora pública Assunção, padrasto do Paulinho e pai de duas mulheres excepcionais cuja história causa espanto e admiração.
O conheci em 1978 quando cheguei a Ariquemes. Ele tocava um ‘burareiro’ – lote de duzentos e cinquenta hectares distribuído pelo Incra – e plantava cacau. Em seguida foi para a Prefeitura do novíssimo município, com Francisco Sales Duarte de Azevedo, recém nomeado prefeito pelo coronel Jorge Teixeira, o novo governador de Rondônia. Ali, nesta e noutras gestões, Pedro Oliveira foi de tudo. Secretário, chefe de gabinete, conselheiro, criador e fundador de partido político e inúmeras entidades sociais.
Fundou o Lyons Clube. E foi como seu presidente que, em 29 de maio de 1979, fez o evento de lançamento do Jornal O Parceleiro, que por duas décadas, orgulhou a cidade. O ato ocorreu no Clube do Gesa, agremiação esportiva e social com sede na trepidante Avenida Jamari. À luz de velas. Este é um dos exemplos da ação desse mineiro impar.
O homem era pau para toda obra. Vamos trazer uma agência bancária para Ariquemes? Ele estava pronto. Vamos agora trazer o Banco do Brasil? Lá tava ele. Agora é a vez do Basa? É sim! Contem comigo. E organizava livros de ata, colhia assinaturas, constituía e participava de comissões para audiências com governadores, ministros e até presidentes da República.
Ajudava criar associações, sindicatos, cooperativas. Lutava por distribuição de terras urbanas e rurais, por linhas de créditos para financiar lavouras de café, cacau, borracha e por aí afora. Por aberturas de estradas, criação de escolas e postos de saúde.
Foi um dos criadores do Conselho Comunitário de Ariquemes, composto por notáveis da cidade para orientar as ações de políticas públicas e ajudar o jovem prefeito Sales a governar e construir a cidade. Ainda não havia a Câmara de Vereadores. Nos últimos se dedicou à Associação Comercial e Industria de Ariquemes onde foi um dos pilares.
Não tinha tempo nem interesse de se beneficiar destes feitos. Fazia pelo bem das pessoas e da cidade sem pedir nada em troca. Quantas pessoas assim você conhece ou conheceu em toda a sua vida? Me diga?
Eu o conheci, trabalhei com ele e gozei de sua amizade. Frequentei sua casa e o recebi na minha. Torci com ele, nas manhãs de domingo, pelas vitórias de Airton Sena nas corridas de fórmula 1, uma das suas paixões.
Tudo por amor à causa pública, sem nada querer. Por isso, não virou fazendeiro e nem constituiu fortuna. E nem se arrependeu, tenho certeza. Bons ventos o trouxe a Rondônia e, no final de maio, lhes deram uma grande missão nas estrelas.
OsmarSilva – jornalista – sr.osmarsilva@gmail.com
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