Segunda-feira, 25 de dezembro de 2017 - 19h34
Botei o pé encima de uma coisa que fez o meu coração disparar.
- Oh meu Deus! Ele veio!
Quando identifiquei no que havia pisado, caí de joelhos, e chorei de felicidade. Entre soluços, comecei a rezar o Pai Nosso. Corri para minha mãe, com sorriso na cara molhada, ainda soluçando. Coração pulando mais que cabrito novo.
- Meu filho que desespero é esse?
Mostrei para ela a tijelinha de esmalte branco que ganhara. Meu primeiro presente de Papai Noel.
- Viu? Ele existe, Papai Noel existe! Ele me visitou e me deu presente. Olha aqui!
Mostrei para vó Salomé e o paro vô Abdon. Para todo mundo. Nem olhava direito para o que meus primos e irmãos também haviam ganhado pela primeira vez.
Chamei o meu primo Dondim, já grande, adolescente, que vivia me zoando dizendo que Papai Noel não existia.
- Olha aqui Dondinho! Olha, mentiroso! Tú dizia que ele não existia. Ele existe sim, viu!
Não havia menino mais feliz que eu na Vila do Jenipapo, nos cafundós do Maranhão, no mundo! Essa tijelinha me acompanhou em grande parte da minha vida. Até mesmo depois que, já homem, soube que meu avô fora o Papai Noel. Trouxe da cidade, cuidadosamente guardado entre as cargas transportadas por sua tropa de burros.
Mostrei para minhas tias Roguinha e Deusina. Esta última era quem gostava de conversar comigo e ouvir minhas fantasias, meus sonhos. Soltava gargalhadas das minhas bobagens.
Moça bonita, a tia Deusina. Rosto corado, maçãs encarnadas, cabelão preto, sorrisão. Lembro até o narigão, igual ao do meu avô Abdon que, nela, ficava bonito.
Vinha da escola correndo, o vestido emaranhado nas pernas. Esvoaçado ao vento. Igual ao cabelo. Minha tia era a alegria da casa. Mas logo ficou moça feita, pronta para casar. E não tardou a aparecer o João Batista, um moço simpático que tinha um gogó enorme, destacado no pescoço longo.
Ela casou, virou dona de casa, não tinha mais tempo de brincar e conversar com os sobrinhos. Só ficou aquela sensação ruim de que alguém havia roubado alguma coisa boa de nós. De mim.
Foi ela quem me disse:
- Osmar, Deus ainda vai te dar muitos presentes nesta vida.
Minha tia tinha toda razão. Vejo neste Natal, que Papai Noel se materializou nas dádivas que Deus tem derramado sobre a minha vida, sobre toda a minha família e sobre os meus descendentes: os filhos George Patta da Silva, Thiago Patta da Silva, Arthur Felipe Vasconcelos da Silva e, minha única e querida neta, Geovanna Patta. Feliz Natal!
OsmarSilva é jornalista – Presidente da Associação da Imprensa de Rondônia-AIRON – sr.osmarsilva@gmail.com– WhatsApp 99265.0362
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