Domingo, 16 de junho de 2019 - 12h25
Uma fogueira, solitária, crepitava naquela rua da Zona
Leste de Porto Velho. Sentados frente à casa, a família conversava. Crianças
corriam na rua ouvindo gritos das mães: olha o carro! Sai da rua!
Fazia minha caminhada da boca da noite quando vi essas
cenas. Me dei conta que era noite de Santo Antônio, tempo de festas juninas.
Meu cérebro me despachou para uma viagem ao passado.
Numa conversa fortuita com a jovem caixa de supermercado,
naquela mesma noite, que usava camisa xadrez e maria Chiquinha no cabelo em
alusão às festas do calendário, o tema voltou à tona. E descobrir que algumas
coisas não se perderam totalmente. Ela viveu coisas que eu vivi cinquenta anos
depois de mim.
Na minha viagem de volta ao passado, cheguei no terreiro da
casa do meu avô Abdon e da minha avó Salomé, lá no Jenipapo, pequeno povoado perdido
nas fímbrias das selvas amazônicas, próximo da morada dos tapuios.
Ví, com a nitidez de olho de menino, os tropeiros contando,
às gargalhadas, seus causos e raspando, com facas curtas, os pelos e fezes dos
animais grudados pelo suor nos forros das selas, das cangalhas e dos rabichos,
secos pelo sol de depois da quebrada da tarde, enquanto as tropas já pastavam
nas ‘soltas’ – mangueiros de capim abundante, verdinhos, macios e coçerentos.
Enquanto comiam uma variada janta de sustança, na boca da
noite, regada a goles de cachaça, sentados em bancos compridos de uma mesa
longa, cheia de gostosuras vindas do enorme fogão de lenha de várias bocas de
fogo, o terreiro ganhava outro cenário: uma fogueira.
Sob a luz do fogo que alumiava todo o derredor, eu, meus
sete irmãos e irmãs, inúmeros primos e primas além de amigos, brincávamos,
corríamos, dávamos gargalhadas de tudo e de nada. Esconde esconde, pega pega,
cantigas de roda ...’Terezinha de Jesus, deu um tombo e foi ao chão ...
acudiu três cavalheiros, todos três de chapéu nas mãos ... o terceiro foi
aquele a quem Tereza deu a mão’ faziam parte do nosso que fazer.
Infância sem malícia, linda, pura. Éramos felizes.
Na fogueira, assávamos castanhas de caju, caroço de jaca e
abóboras. As castanhas saiam em chamas queimando o azeite, eram jogadas no chão
e cobertas com areia para esfriar e, depois, quebradas e descascadas. Tudo era
distribuído entre todos.
Sob o fogo já modorrento da fogueira chegava a hora das
compadrias. Adultos e crianças participavam da brincadeira, que virava uma
coisa séria, muito séria. Tão séria que valia para a vida inteira. Um selo de
amizade e de compromisso. Uma jura inquebrantável. Um nó de aço.
Assim, duas crianças ou dois adultos que se gostavam muito
e queriam essa amizade para a vida inteira, pegavam, cada um, na ponta de uma
vara, cruzada sob o fogo, e faziam o juramento: ‘São Pedro me disse, São João
confirmou, que tu és meu compadre porque Jesus Cristo mandou’. Um
aperto de mão e um abraço. Pronto. Estava firmado um liame que tinha a força do
sangue que corria nas veias de cada um.
Desse modo se consolidavam amizades de infância que se
protegiam e se ajudavam por toda a vida. Do mesmo jeito, no fogo, se batizava
filhos. Não substituía o batismo da igreja. Mas tinha a força do verdadeiro
sentimento do que é amizade pura, desinteressada, sem egoísmo. Amigos para
sempre. Valores hoje tão vilipendiados.
Osmar Silva – Jornalista – Presidente da Associação da
Imprensa de Rondônia-AIRON - WhatsApp 99265.0362
Dominação - Escravização pela pobreza e ignorância
Sabe porque o Dino desprezava seus pares no Senado e humilhava os congressistas da Câmara? Porque Alexandre de Moraes e seus pares, dão as costas pa
O Brasil e o Estado de Rondônia que vejo é bastante diferente do que muitos vêm. Torço e peço a Deus para que eu esteja errado. Talvez não tenha con
O golpe, a traição do Lula e o contragolpe
O Brasil todo acompanha, pelos noticiários dos veículos de comunicação e redes sociais, o tenso clima político e institucional em que o país mergulh
SOS BRASIL! – Você não conhece o Brasil
‘O Brasil não conhece o Brasil,O Brasil nunca foi ao Brasil,(...) O Brasil não merece o Brasil,O Brasil tá matando o Brasil,O Brasil, SOS, ao Bra