Segunda-feira, 13 de maio de 2013 - 05h08
Por volta da meia noite o bar estava bombando. Todas as mesas ocupadas, as garçonetes de sainha curta rodada e garçons de borboleta, corriam agitados no atendimento à clientela sedenta e barulhenta. As línguas umedecidas pela serva e soltas pela lassidão do álcool, falavam mais que a boca.
A noite quente de início de verão convidava para uma rodada de cerveja bem gelada. E onde achar essa preciosidade vestida de noiva, hem? Os aficionados da loira gelada já sabem que, com garantia de nota certificada, só se for no lugar mais famoso das barrancas do Madeira: o Bar da Maria Beradão. Dali, camêlo nenhum sai com goela seca de sede.
- Zééé!!! Vem cá home! Pára de ouvir conversa e vem me ajudar! O grito já famoso da Beradão sobrepujou o vozerio geral convocando o marido, Zé das Canoas, para o trabalho. Ele se apresenta sob os olhares dos demais ao descobrirem quem é que manda no terreiro. Os tempos mudaram.
- Precisa esse escândalo muié? Eu tava na melhor da conversa! O cara tava desabafando, contando tudo.
- Deixa tua mania de bisbilhotar a vida dos outros um pouco pra lá, cortou a mulher. Depois tu termina esse papo. Mas agora, me ajuda a despachar esses pedidos. E não vai ficar olhando a bunda das meninas. Essa quimera é pros freguês. Tô de olho, viu!
- Mas tu sabe que a gente tem que dá uma atençãozinha especial pros fregueses. É nessa onda que também alugo meus naviozinhos. Tú sabe ou não sabe? E ainda preparo os esprito deles pra, no retorno do Xirizal, parar pra tomar o teu fortificante. Feita a defesa, Zé foi trabalhar.
Entre uma coisa e outra, idas e vindas, Zé das Canoas sumiu do olhar de Maria Beradão. Até que...
- Zééééé!!!!!
- Tô chegando. E o pior é que tava trabaiando, ó!
- Tá bom, bom.
Horas depois, após quase todo mundo ter ido embora, a maioria para o Forró do Xiriquépau, da Ilha Xirizal, Maria Beradão chama o marido. Agora com a voz dengosa.
- Querido!!!
Ele vem e senta numa mesinha junto à cerca branca na ribanceira do rio. Ela o recebe com um beijo.
- Agora me conta tudo.
- Óia minha nêga. Num posso me queixar não. Todos meus naviozinhos foram fretados para o Xirizal. Logo mais eles voltam trazendo o pessoal pra tomar o teu fortificante, que hoje, tá um capricho. Eu sei por que já provei.
- Né disso não que tô falando abestado. Quero saber é da tua conversa com aqueles lá daquela mesa onde tu tava.
- Óia minha nega, aqueles lá tão enfiado na maior encrenca. São o povo do sindicato lá dos cacereiros do Urso Branco. Entraram numa greve e agora num podem acabar com ela pra não ficarem desmoralizados.
- Cuma assim?
- Óh, eles tavam numa discussão danada. Uns criticavam o presidente e sabe o que ele respondeu? Ele gritava;
- Você já viram diretoria de sindicato se eleger sem greve, sem mostrar serviço? Nós já conquistamo muita coisa. Tudo bem. Tudo certo. Mas e daí? Temos que inventá pauta pra cobrar do governo e convocar greve. Senão, outros vem e toma o nosso lugar. Agora vocês têm que me ajudar a segurar essa parada. Num tá gostoso, num tá bom nós mandando no pedaço, diga aí?
- Foi mermo?
- Foi assim mermo, minha nêga. E só não fiquei sabendo mais porque tu me chamou.Ei! Olha lá! Nossa folga acabou. Aquela lanterna lá meio do rio já é um dos meus naviozinhos vindo do Xirizal. Vai, toca fogo no fortificante que eu começar a recolher meus naviozinhos pro estaleiro.
Osmar Silva - sr.osmarsilva@gmail.com
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