Quinta-feira, 23 de maio de 2013 - 05h06
“Gostaria de falar de amenidades, mas os gritantes fatos do dia-a-dia não deixam. Como ficar calado diante da hipocrisia de uns, do aproveitamento oportunista de outros, da inabilidade de tantos contra a boa vontade de poucos? Como ficar em silêncio diante das violações ao direito coletivo da sociedade e contra os direitos individuais praticados justamente por quem é pago por essa mesma sociedade para protegê-los e defendê-los? Não. Não dá para falar de ludicidade.[...] E o pior: estão míopes. Confundem governo que dialoga, com governo frouxo. Estão com saudade da chibata sob a qual viviam até recentemente. Caladinhos.” Saudade da Chibata, artigo de 12.05.2011 publicado em www.gentedeopinião.com.br
Pois é, dois anos atrás era o advento das eleições municipais alimentando posições. Agora, é a pré-campanha das eleições de 2014 que alimenta o fogo das frigideiras grevistas que eclodem com razão ou sem razão, justas ou só para marcar posições, mas sobretudo, por interesses nem sempre confessáveis. E pior, sob influência e manipulações oportunistas. Alguém vai negar? Claro! Admitir, é tirar a máscara e mostrar o lado sombrio e feio. E mais grave: perder a credibilidade diante da sociedade.
Ninguém é inocente nesse jogo de poder. Todos sabemos que patrão é patrão e empregado é empregado. Convivência educada, civilizada e cortês? Sim. É necessária e lucrativa para os dois lados. Mas pára aí. Não dá para bater copos no boteco. São turmas diferentes. De naturezas opostas. Entretanto, na hora de negociar os interesses, é necessário a harmonia, a reflexão e o entendimento. Não se deixar cair na armadilha da intransigência. Sabem por que? Para não prejudicar o terceiro interessado. Ou seja: aquele que paga a conta, a sociedade. O contribuinte.
O mais grave é que os movimentos grevistas desta temporada de 2013, estão caminhando justamente na direção do acirramento. Da intransigência inócua. E isto não é bom para ninguém. Sabe quem paga o pato? A cidadão. O mesmo cidadão que paga os impostos e os salários dos dois lados. O mesmo cidadão que busca o serviço a que tem direito, e não encontra. Paga adiantado e não recebe. E não venham dizer que não estão prejudicando a sociedade. É a mentira mais deslavada do mundo. Nem a mais tonta das pessoas acredita nessa retórica.
Certo que sindicalista que não faz, não cria ou não inventa greve, não se reelege. E ninguém quer perder a boca. O sindicalismo hoje é uma carreira, um bom negócio e um grande trampolim político. Mas não pode ser inconsequente só para manter a cadeira. É preciso senso de justiça e de reconhecimento ao que foi conquistado, para que haja entendimento.
Seja oposição ou não, simpatize com o governo ou não, não dá para negar que nestes pouco mais de dois anos, todo o funcionalismo público do estado obteve, em negociações e diálogos livres, atendimentos a demandas represadas, reprimidas e combatidas por quase duas décadas. Não podem negar que obtiveram reajustes de 14,5% para todos os servidores estaduais. Algumas categorias, chegaram acima de 95%, como foi o caso dos agentes penitenciários, com 95,42 % de recomposição, passando o salário de R$ 996,66 para R$ 1.947,06 .. além da implantação de PCCR para todo o funcionalismo.
E foram justamente os agentes penitenciários que deram início à temporada de greves. Ingratos? Não! Eles, como os demais, não sabem é exercitar e nem valorizam a paciência. A estratégia do quero porque quero é obtusa. O governo está perdendo R$ 500 milhões receita? Tudo bem. O governo está no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal? Tudo bem. Mas, e os R$ 300 milhões da transposição? O Governo já o tem em Caixa? Está no orçamento? Não!!! Mas estará em 2014, certo? Certíssimo. Esperar 6 meses é o fim do mundo? Não. É só exercitar a paciência e o senso do momento certo. Sem paixão. Com pragmatismo. Mas ao governo também não custará um pequeno refrigério. A política do ou 8 ou 80 ou nem 8 nem 80 é péssima conselheira.
fonte: Osmar Silva
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