Segunda-feira, 18 de junho de 2018 - 16h04
A euforia coletiva com a Copa do Mundo por conta da anestesia ufanista, aplicada diariamente no inconsciente dos brasileiros, injetando a falsa imagem de que temos a melhor equipe e o melhor futebol do mundo, tem objetivos e razão de ser, amplamente aproveitados pelos poderosos e privilegiados da República.
Eles operam com a convicção de que somos um povinho ordinário e sem memória. Apesar de jovem, somos uma nação atacada pela senilidade, onde esquecemos memórias recentes e só lembramos de coisas antigas. Da Copa de 70, de Rivelino, de Pelé e de Garrincha por exemplo.
Dessa forma, a Copa do Mundo, que coincide com as eleições presidenciais, de quatro em quatro anos, é o apanágio perfeito para todo tipo de velhacaria e sordidez. Sempre em favor de seus interesses. E sempre contra o povo que os alimenta e os mantém no Olimpo.
Também, para que serviria mais esse zé povinho, sem capacidade de reação, que tudo aceita e tudo paga, mesmo que com suor e sangue? Que vive à espera de um Salvador da Pátria que lhes garanta pelo menos o pão de cada dia? E que, quando surge um charlatão que lhes acena com um pedação de pão, fica cego, idolatra e santifica o criminoso, sem perceber que ele rouba as suas esperanças de agora e o futuro dos seus filhos amanhã?
Para esses poderosos a Copa do Mundo é mais que providencial. Eles podem, nesse período, atuar com liberdade e até ares de transparência. Sabe por que? Porque têm certeza que você não está prestando atenção neles. Você está interessado é em ver o jogo da seleção. Você só quer garantir uns caraminguás para o churrasquinho e o molha goela.
Lhes darei um exemplo desta conduta de menosprezo, arrogante e imperial: o ministro do Gilmar Mendes, do STF, mandou soltar, em 1 mês, 21 poderosos corruptos indiciados por todo tipo de ilicitude. E, esse ano, não condenou ninguém. Para estes poderosos, o odiado juiz alarga a interpretação das normas e lhes confere todos os favores das leis. E caga na cara da Nação!
Até 15 de julho, final da Copa, eles fazem o que bem entendem. E, na ressaca da vitória ou na tristeza da derrota, sem querer saber de nada para não estragar a alegria ou não aumentar a dor da alma, todos trabalharemos enviando ao tesouro nacional, no mínimo 30% de tudo que comprarmos, para sustentar os todos poderosos. Nós merecemos. Merecemos?
Osmar Silva – Jornalista-Presidente da Associação da Imprensa de Rondônia AIRON
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