Sábado, 11 de agosto de 2012 - 06h53
Hoje me perguntaram em que se baseia a auto-estima do portovelhense, de que sentem orgulho na sua cidade. Fiquei mudo. Cacei, procurei, olhei em volta e, nada. Fiquei embassado, grilado. Olhe só, logo eu, que tanto tenho dito que gosto de Porto Velho. Logo eu que tenho 34 anos de Rondônia divididos entre a minha Ariquemes e o meu Porto Velho. Embasbaquei. Mas também isso é pergunta que faça, assim, na lata? Pois é. Mas o fato mais intrigante é: por que gosto de Porto Velho? Responder a esta pergunta é o desafio deste artigo.
Começarei por dizer que, de algo concreto, visível, tocável não tenho do que me orgulhar. Mas também não posso simplesmente dizer ‘gosto porque gosto’ e pronto. Não. Nem eu me contento com esta resposta. É preciso achar o por quê. Não é pela geografia ou simetria urbana, não. A cidade não tem e nem nasceu de um planejamento urbanístico, como Palmas, Brasília, Ariquemes e Rolim de Moura. Aqui, os espaços foram simplesmente ocupados, tomados, invadidos. E o poder público sempre a reboque.
Não é pela água que bebemos ou pelo saneamento que carrega nossos dejetos. Não. Embora vivamos na maior bacia hidrográfica de água doce do mundo, não temos água para beber, nem rede de esgotos que leve nossos rejeitos. Vai tudo para as fossas rasas contaminando os poços amazônicos, nossa fonte d’água que, no verão, como agora, secam.
Então de que gosto em Porto Velho? Das praças? Que praças? Praça de verdade, acolhedora, com plantas, árvores, fonte d’água, parque infantil, iluminação, bancos e segurança, inexiste. Ainda é um sonho. As que têm por aí, são peladas, parecem terreirões de secar café, transformadas em espaços de alimentação, bebidas e barracas de camelôs disfarçados de artesãos. Onde ir com as crianças e os jovens nos bairros da cidade? Só tem dois lugares: a igreja ou o bar. Este último ganha. Não temos espaços públicos com infraestrutura e garantia de um piquenique e, pelo menos, um chuveirão para refrescar a cuca nestes dias de 39, 40 graus de calor à sombra.
Mas eu gosto de Porto Velho. E por quê? Pela saúde e pela a educação. Não e não. A primeira está em processo de reconstrução em meio a tanta dor. A segunda apresenta um dos maiores índices de evasão de um lado e de falta de espaços de outro. Ainda têm muito a ser construído. Então, meu caro, diga-me por que diabo gosta de Porto Velho? Pela limpeza e as árvores das ruas? Também não. Não temos isso. Vivemos na maior floresta tropical do mundo e somos uma cidade pelada. Careca. E de quando em vez ainda surge um secretário doido que corta as poucas árvores que teimam em no dá sombras. E então, por quê?
Acho que amo Porto Velho por ter o privilégio de morar na Amazônia. Pertinho dos grandes rios, juntos dos igarapés e próximo da floresta. Uma certa ilusão de estar e ser parte desta natureza. Amo pelo que pode vir a ser se, viermos ter prefeitos e governadores empenhados em construir uma capital com equipamentos e serviços públicos que nos encham de orgulho. Gente capaz de implantar o Parque das Águas e transformar os bairros Areal e Triângulo numa Veneza brasileira em pleno Norte do Brasil. Você sabia da existência deste projeto com dinheiro do PAC garantido e assegurado e, também, devolvido sem aplicação? Mas isso pode a vir ser feito e encher nosso peito de orgulho.
Amo pela bela história da Ferrovia Madeira Mamoré; pela epopéia dos soldados da borracha e dos seringueiros. Amo pelo Parque dos Beradeiros que, um dia, alguém terá coragem de implantar e nós presentear com o nosso Central Park novaiorquino em plena Amazônia. Amo pelo que poderá vir a ser.
Fonte: OsmarSilva – sr.osmarsilva@gmail.com
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