Quinta-feira, 24 de dezembro de 2015 - 22h20
Quantos anos tinha Maria quando deu à luz ao menino Jesus? Você sabe? Eu não sei. Não me lembro de ter lido essa idade na Bíblia ou em algum lugar. Por isso, fico aqui embatucado com essa especulação. Sei que minha mãe tinha treze anos quando me trouxe ao mundo. Uma criança, literalmente. Meu pai tinha vinte. Já era homem feito. Mas, e Maria?
Lembremos que naqueles tempos, mais de dois mil anos atrás, os casamentos eram arranjados pelas famílias quando os filhos ainda eram crianças, bebês e, às vezes, até mesmo antes de nascer ou ser concebidos. Dava-se pela tradição, costume, interesse patrimonial e tribal. Não havia a liberdade da livre escolha pelos sentimentos do coração, como hoje. Isso era rara concessão de família.
Maria era prometida a José, um homem maduro, judeu respeitado por sua profissão de carpinteiro, uma arte nobre. E ela, uma jovem virgem que se preparava para o casamento. Naqueles tempos, dava-se a menina por mulher feita na primeira menstruação. Pronta para noivar, casar, ter filhos.
Fico imaginando o que se passou na cabeça daquela menina quando o anjo lhe aparece e anuncia a gravidez. Dizendo o sexo e o nome do filho. Espantada com a figura e a mensagem celestial, informa: mas nunca deitei com homem algum, como é possível? Depois, sozinha, deve ter ficado chocada e sem saber como explicar o fato à família e ao noivo.
E o José, envergonhado diante de sua comunidade, sentindo-se traído sem saber por quem? Afinal sua noiva estava grávida. E o filho não era seu. Como explicar isso? Dizer simplesmente que era obra do Espírito Santo de Deus não parecia ser suficiente. Afinal, Deus e seus anjos não viviam por aí aparecendo para as pessoas. As escrituras falavam de Abraão, Moisés e Elias que tiveram contato direto com Senhor. Mas isso foi lá no passado.
O anjo teve que aparecer em sonho para apaziguar o angustiado José. Ele ainda teve que provar sua fé inabalável naquele Deus único e invisível, que se contrapunha a tantos outros, para aceitar a condição de ter uma esposa virgem e grávida de um filho que não era seu e que nem o nome escolhera. Era demais, mesmo para um crente. Concordemos: José foi homem pra caramba!
Que pensava Maria sobre sua condição de menina grávida, que sabia ela sobre sexo e concepção? São coisas intrigantes que ainda carecem de respostas. Ou talvez não. Fé é fé. É a centelha divina. Não se questiona. Ou questiona?
Volto a lembrar de minha mãe que, certa vez disse que, quando casou, não sabia de nada, não entendia nada, nem o que fazer com o marido. As meninas daqueles tempos não tinham a lascívia e a erotização dos dias de hoje. Ainda assim, dona Zuleide teve nove filhos, sequencialmente, a cada pouco mais de um ano de um para outro. Mas ela teve marido para conceber. Enquanto Maria...
Entretanto, foi naquele parto da menina Maria que veio ao mundo o Filho de Deus, materializado de homem comum, com um nome comum: Jesus. Nascido em pobreza quase absoluta. Mas rico de sabedoria despertada pelos mestres assênios, segundo alguns, que o alfabetizaram e o introduziram nas letras e nas escrituras para brilhar nas sinagogas e nos milênios. E com ele, o cristianismo, a maior religião de todos os tempos.
E a magia daquele parto continua iluminando aos homens no combate às trevas da ignorância, do egoísmo, da ganância. Com uma regra simples que Ele ensinou: amai-vos uns aos outros assim como vos amei.
Com essas considerações desejo aos amigos e companheiros de jornada um FELIZ NATAL.
OsmarSilva – jornalista – sr.osmarsilva@gmail.com
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