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Osmar Silva

Roleta russa



O assunto do momento é o trânsito. O direito de trabalhar e de viver em trânsito. O nosso direito de transitar. De ir e vir. Em paz. Não é o que desejamos? Com certeza, a resposta é sim. Mas não parece. Em Porto Velho, entrar no trânsito é brincar de ‘roleta russa’ e expor-se à fatalidade final. E não importa a precaução e a cautela. O outro, te esmaga. Os números, de todas as mídias, confirmam essa guerra. Os setores traumatológicos dos hospitais, públicos e privados do estado, testemunham a tragédia. As famílias destroçadas pelas perdas, colhem a dor. Uma dor que dói muito. A maioria das vítimas é jovem de até 30 anos. Deixam somente um retrato na parede da casa dos pais ou das jovens viúvas com seus filhos Roleta russa - Gente de Opiniãoórfãos. Ponto final numa carreira e numa trajetória do que poderia ser e produzir para si, para os seus e para a sociedade.

Agora vemos policiais, jovens com cartazes, faixas e baners e distribuindo folhetos aos condutores nos sinais fechados. É clara demonstração de que a sociedade está disposta a ajudar o poder público a vencer essa anarquia contra a vida. Nesse ambiente somos todos, ao mesmo tempo, vilões e vítimas. O jovem quando põe o capacete e monta sua possante máquina de duas rodas, se acha personagem de “Velozes e furiosos” e sai barbarizando. Mesmo que sua máquina só alcance 80 km por hora, ele vai na velocidade máxima, mostrando habilidade e destemor. Corta um, fecha outro, cruza no sinal vermelho e... vai acordar no Pronto Socorro João Paulo II ... se tiver sorte. Com menos uma perna ou um braço. Só então descobre que quatro rodas pode mais que duas. E que  vilão também vira vítima.

E toda essa desgraceira decorre de duas coisas de nossa parte: falta de respeito e de educação. Respeito às normas, leis e regras do trânsito. Falta de atitude educada com quem dividimos esse espaço. Seja condutor ou pedestre. Ninguém pode sentar-se ao volante da camionete de R$ 170 mil, 4.0, GPS, 4x4, computador de bordo e, arrogantemente, olhar os demais como formigas do trânsito a serem esmagadas. Nem comportar-se como cidadão fora do comum, como Lula classificou o Sarney, e aprontar todas nos bares e no trânsito, confiando na impunidade por ser filho ou parente do desembargador, do delegado, do senador, do industrial ou do fazendeiro. Não, de forma nenhuma. E sabe por quê? Porque também morre. Sempre existe uma carreta bi-trem maior que o seu carrão e a sua arrogância. E ainda tem o trêsoitão da vingança. Eu não quero isso para a minha vida. Você quer?

Essas atitudes não podem continuar sendo passaportes para o crime e a impunidade. Deixemos isso bem claro. E nunca é demais lembrar. Mas lembremos que o poder público tem, também, a outra parte da responsabilidade. A principal é bom destacar. Pois compete ao governo construir um trânsito civilizado com normas claras e factíveis de aplicação e fiscalização. Regras que eduque e puna com severidade. Compete-lhe construir vias transitáveis e com instrumentos de orientação e sinalização. Assim como lhe cabe manter a presença coercitiva de fiscais e policiais nas vias públicas. Tem que ter polícia de trânsito nas ruas. Educada e cidadã, mas pronta para inibir e intervir. É isso que se espera, finalmente, das medidas que estão sendo tomadas pelos governos da Capital e do Estado. É o que esperamos da Polícia Militar que, agora, vemos nas esquinas junto com guardas municipais de trânsito. É a oportunidade de se estabelecer a pacificação do trânsito e assegurar a vitória da vida.
 

Osmar Silva
Sr.osmarsilva@gmail.com


 

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Fonte: Jornalista Osmar Silva/DRT 1035 - sr.osmarsilva@gmail.com

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