Sexta-feira, 4 de março de 2011 - 11h49
Olhe meu caro leitor, preste atenção, o Brasil está mudando. O comportamento e as exigências sociais estão mudando. Apesar de ainda se ouvir muitas vozes afirmarem que o Brasil não tem jeito e que tudo continua como antes, isso não é verdade. A consciência política e a capacidade crítica das pessoas, dos mais simples mortais, têm se ampliado substancialmente. Equivoca-se quem julga que o zé povinho não está ligado nas coisas e não observa o que se passa. Está ligado sim, observa sim, faz juízo sim, critica e julga sim.
É comum afirmar-se, louvar-se e até exaltar-se a paciência, a tolerância e a pacificidade do povo brasileiro. E mais ainda do povo amazônida. Afinal, os filhos e moradores desse paraíso verde/aquático comportam-se no rítimo da malemolência das águas dos igapós e da brisa que farfalha a floresta. Será? É bom não confiar. Os sinais da impaciência diante do comportamento das elites que teimam em levar vantagem em tudo, principalmente com os custos pagos pela massa do zé povinho, estão por todos os cantos. Nas conversas dos butecos, nas esquinas e nos papos da boca-da-noite.
No país em que mais de um terço da população vê-se obrigada a viver com o salário mínimo de R$ 545,00 e a farinha d’dágua custando R$ 7,00, o quilo e o jaraqui a R$ 8,00, como sobreviver sem direito sequer a um pirão de peixe? E como ficar calado e feliz ao saber que os altos funcionários do serviço público – aqueles pagos pelo público onde a maioria é o dito zé povinho, além de gordos salários, ainda levam pra casa dinheiro para ajudar o pagar o aluguel (que aluguel? O cara mora em casa própria! ), pagar a comida ( Até a comida!!!) e o transporte ( que transporte? A maioria anda em carro oficial com combustível e motorista pagos por nós mesmos! ) como se andassem de ônibus. Não é mesmo uma afronta, uma tapa na cara do bobo acompanhado do “toma idiota que é isso que você merece”?
O cidadão que trabalha de sol a sol não aceita mais esse comportamento. Esses privilégios que podem até serem legais, amparados pela lei, mas são totalmente amorais. À época em que foram constituídos, poderiam até se justificar, mas hoje não tem justificativa que os ampare. Esses privilégios perderam o sentido. Pior, perderam a legitimidade. E quem os ganha? Justamente os que detêm os mais altos salários da pirâmide dos serviços públicos. Deputados, conselheiros e auditores do Tribunal de Contas, promotores do Ministério Público, juizes e desembargadores do Tribunal de Justiça mais uma elite de funcionários destes órgãos e poderes. Justamente os que têm o dever de defender a lei, a sociedade, o cidadão. Justamente eles, os que têm a obrigação de servir de exemplo dando exemplo de probidade. É mole ou quer mais?
Vejo com a alegria as mudanças na consciência coletiva. Ouço as vozes das ruas, dos becos e dos guetos. Mais essa gente, com ares e pose de honestos, faz-se de surdo, môco. Por isso a voz solitária do deputado Hermínio Coelho ganha admiração a cada dia. Ele demonstra que está sintonizado com as dores da plebe ignara. Daí a importância de sua luta contra as injustiças do transporte urbano e a vitória contra os privilégios que da segurança pessoal que os ex-governadores avocaram para si. É um exemplo a ser seguido.
Fonte: Jornalista Osmar Silva/DRT 1035 - sr.osmarsilva@gmail.com
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