Terça-feira, 1 de março de 2022 - 08h05
Mundo estranho, apocalíptico, esse que estamos vivendo.
Antes de esquecermos a última tragédia somos impactados pela seguinte. No
estado, no país, no mundo. As tecnologias de informações e comunicações
transformaram o mundo no quintal de casa. Mais perto ainda: nas nossas mãos,
via celulares. Com imagens e sons em movimento, agora, neste instante, do que
acontece no bairro ou na Ucrânia.
E as notícias mais serias, aquelas que importam por que nos
atingem, positiva ou negativamente, de uma forma ou outra, na sua maioria
absoluta, não são boas.
Há pouco espaço para boas notícias no mundo de hoje. Isso,
em quase todas as áreas da atividade humana. É só observar.
O clima, por exemplo, tem provocado tragédias em todos os
continentes. A atipicidade do seu comportamento, provocado ou induzido pela a
atividade humana ou não, vem matando, causando dor e prejuízos insuportáveis.
Águas demais em ambientes historicamente secos, secura
demais em locais costumeiramente molhados. Vulcões despertos cuspindo fogo por
todos os lados. E geleiras e barrancos derretendo e caindo. Todos este eventos
ao mesmo tempo, destruindo vidas, economias, sonhos e gerando perdas, misérias
e dor.
Antes de sairmos das tragédias das inundações da Bahia e
Minas Gerais, mergulhamos na catástrofe de Petrópolis. Enquanto a Pandemia do
Coronavirus persistia contaminando e matando. O boletim do horror todo dia
contando as vítimas. E cada um de nós no meio desse tiroteio, lutando para
sobreviver, à face carrancuda das leis naturais.
Mas ainda é pouco. Nós aumentamos o estresse criando nossas
próprias tragédias. Na política, vimos se afunilar uma campanha presidencial,
em nosso país, com os órgãos judiciais encarregados de executar o processo
eleitoral, claramente engajados numa militância política e ativismo jurídico em
favor de um lado, de um candidato. E radicalmente contrário ao outro lado, ao
outro candidato.
Claro que isso preocupa. Até porque todo jogo sujo e
desonesto está sendo jogado para induzir, você e eu, a um lado ou outro. Nessa
queda de braço, se criminaliza e demoniza quem não tem crimes, e se inocenta e
santifica o criminoso. E nos rastro desse, todos os demais. Os juízes perderam
a imparcialidade e a vergonha. E os poderes de controle se humilharam até arriar
as calças.
Está claro que isto não poderá acabar bem. E daí, o que
vem?
Até o Carnaval, ambiente onde, culturalmente, o brasileiro
extravasa suas dores, angústias e frustrações, lhes foi roubado em um hiato
histórico.
E ao invés, da alegria do tamborim, da gargalhada da cuíca,
da molecagem do pandeiro e do
ratibum-bumbum das baterias, o que ouvimos são buns de foguetes e missil de uma
grande potência atômica contra um pequeno país que só quer viver a liberdade de
decidir o seu próprio destino. Uma guerra fraticida, de irmãos contra irmãos.
A demonstração de mais uma serpente que saiu do ovo para
ameaçar o mundo com a catástrofe do Juízo Final em forma de cogumelo atômico.
Claro que eu e você nos sentimos ameaçados, mesmo morando
num dos paraísos da Amazônia, eles podem nos atingir.
Viver nunca foi tão difícil como nos dias de hoje. Mas
temos que cavar nossas trincheiras e resistir.
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