Sexta-feira, 18 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Osmar Silva

UMA GRANDE MULHER



Acabei de visitar, nesta sexta feira 15 de abril de 2016, na UTI do Hospítal Central de Porto Velho, a minha comadre Domingas. Professora Domingas. Desbravadora e pioneira da colonização de Rondônia. Deixou o seu Maranhão e assentou-se na linha C-85 do Projeto Marechal Dutra, num lote de 100 hectares, com o marido e os filhos, todos ainda miudinhos.

Essa mulher baixinha tornou-se, em pouco tempo, uma gigante política da Região. Professora, começou juntando meninos debaixo de um tapiri por ela construído. Brigou de lá, fuçou da cá, instigou políticos acolá, até que conseguiu a construção de uma escola de madeira. Uma das primeiras de Ariquemes.

Sua casa se transformou no centro de convergência das necessidades de todos daquelas bandas. Sua mesa, farta, era dividida, diariamente, com todos que buscavam uma palavra de conforto e de esperança. E pelos que buscavam mais que isso: atitude desembaraçada e corajosa para cobrar tudo que faltava. E olhe que naqueles anos finais da década de 70, faltava tudo.

Para conversar assuntos particulares com ela, era preciso ir para o meio do cafezal. Em casa não tinha lugar. Sempre cheia em qualquer dia da semana. Recebia políticos de todos os naipes, De prefeito, como Francisco Sales, a governador, como Jorge Teixeira. Vezeiros da comida gostosa e abundante da professora Domingas. E da platéia garantida nas festas e nos torneio de futebol.

Ela não tem nome em escola, em rua ou praça. Nem fotos em galerias ou colunas sociais dos jornais. Não aparece nos discursos empolados de políticos distribuindo diplomas e comendas. Mas deveria. Sabem por que? Porque ela merece. Ela, como tantos iguais, que construiram este estado, domando selva e bichos, domando o corpo no enfrentamento das malárias e tantas adversidades. Mas a comendas e os louvores estão indo para os que hoje bamburram na riqueza construida pelos verdadeiros pioneiros de Rondônia.

Encontrei, no Hospital, seus filhos Kid(ex-garimpeiro, hoje doutor), a professora Gilsônia e o psicólogo Gildásio, as noras e os netos e netas. Gente honrada que não envergonha niguém e enobrece a família. Gente que faz com que Rondônia se orgulhe do seu povo.

Rondônia hoje é uma terra domada, rica, alvissareira. Graças a muitos como a minha comadre Domingas. Tenho orgulho de sua amizade e agradeço a Deus o privilégio de tê-la conhecido. Uma grande mulher.

Osmar Silva – Jornalista – sr.osmarsilva@gmail.com

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSexta-feira, 18 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Língua de Fogo – O desafio do Léo em reeducar o povo e manter a cidade limpa

Língua de Fogo – O desafio do Léo em reeducar o povo e manter a cidade limpa

É mais fácil erguer um prédio, abrir uma estrada, construir uma escola ou fazer uma ponte, do que mudar velhos e arraigados costumes, onde a boa edu

Língua de Fogo – Hora das facadas da maldade nas costas do povo

Língua de Fogo – Hora das facadas da maldade nas costas do povo

Sexta-feira gorda de Carnaval, último dia útil de fevereiro, 28.Oportunidade boa para os parlamentos municipais, estaduais e o Congresso Nacional, r

Língua de Fogo – Decano do STF não é luz, é sombra que desonra a Corte Suprema

Língua de Fogo – Decano do STF não é luz, é sombra que desonra a Corte Suprema

A luz cadente de Ulysses Guimarães continua a iluminar cabeças e corações de boa vontade no Brasil:“A voz do povo é a voz de Deus. Com Deus e com o

Língua de Fogo – STF: origem das piores notícias que atormentam o país

Língua de Fogo – STF: origem das piores notícias que atormentam o país

Eu lutei contra a Ditadura Militar de 1964. Quando fecharam o Calabouço, no Rio de Janeiro, um restaurante/escola, em frente ao Aeroporto Santos Dum

Gente de Opinião Sexta-feira, 18 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)