Segunda-feira, 9 de junho de 2014 - 19h14
Por Antônio Serpa do Amaral Filho
Torcer ou não torcer pelo Brasil – eis a questão que atormenta milhões de torcedores brazucas à véspera do início da Copa do Mundo! Aos que estão em dúvida, diríamos que pátria calça chuteira mas tem cérebro também. A chuteira é pra jogar bola e o cérebro, óbvio, é pra pensar a patriazinha idolatrada, salve, salve! Eis o ideal tupiniquim: um corpo forte e bom de bola e uma cabeça de craque do pensamento crítico! Não é à toa que tivemos um ilustre e polêmico jogador de nome Sócrates. A Pátria de Chuteira também é a Pátria dos Pensantes e Protestantes! No fundo o ideal tupiniquim é o mesmo dos gregos: Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo são" – como uma síntese de Atenas e Esparta se realizando num povo tropical cujo herói mais famoso, Macunaíma, nasceu nestas bandas do Norte).
Chegando à conclusão de que nós, brasileiros, somos a síntese histórica, da Antiguidade Clássica ao Estado Burguês, podemos nos vangloriar então de sermos bons nas duas modalidades: somos bons de bola e somos ótimos em passeata de protesto. Daí, então, concluirmos também que a pretensa contradição Torcer ou Não Torcer é falsa. Não há contradição. Mesmo com todos os 35 bilhões de reais gastos pra mostrar serviço à FIFA, uma coisa não impede nem exclui necessariamente a outra. Antes, há convergência e harmonia de proposições. Podemos torcer e podemos sair às ruas em passeatas denunciando ao mundo nossas mazelas sociais. Estrategicamente é até melhor: sem Copa do Mundo em solo pátrio não seríamos vitrine, sem vitrine nossos protestos não ecoariam com grandeza, sem grandeza não importunaríamos o Poder e seus asseclas, sem importunar os poderosos a voz do povo ficaria do tamanho daquele foguetinho conhecido popularmente como “peido de velha”. Só no primeiro quadrimestre deste ano a arrecadação de impostos federais foi de 400 bilhões. Concluímos, então, que eles não vão quebrar o Brasil gastando 35 bilhões com a realização da Copa do Mundo. Podemos torcer e protestar; o país sobreviverá.
Portanto, a Copa serve tanto pra gente tirar a limpo se o time Canarinho é bom mesmo, quanto para falar para o mundo da grande fuleiragem econômica, política e social que é a nossa patriazinha verde-amarelo. Os dois amores são verdadeiros entre nós: o amor pela justiça social, que leva o povo a marchar indomável pelas ruas do país, reivindicando cidadania, segurança, saúde pública, moradia, salário justo etc, e o amor ao futebol, que nos leva a vestir com paixão a camisa verde-amarelo, com toda brasilidade possível contida no coração da Pátria de Chuteira.
Enquanto mostramos ao mundo que somos capazes de organizar uma Copa do Mundo, apesar dos atrasos e improvisações, também mostramos ao mundo que estamos semeando a terra fértil do pensamento político crítico, participativo, investigador, questionador e denunciativo. Mais que isso: transformador. Nem na luta contra a Ditadura Militar se viu tamanha mobilização social. Sinal que a semeadura tem futuro. Os jogadores da Grã-Bretanha não poderão dizer que este é um país só para inglês ver. A seleção norte-americana não ter o direito de insinuar que somos uma pátria de cucarachas (baratas), nem tampouco os craques da Alemanha poderão dizer que somos apenas uma republiqueta de alienados. Acordados, livres, pensantes, apaixonados e mobilizados, mostraremos que somos filhos de Macunaíma, sim, e que a quizomba é a nossa Constituição! Mas o nosso inspirador maior é Geraldo Vandré, que dizia: fica mal com Deus quem não sabe amar, fica mal comigo quem não sabe dar! Vida que não tem valor, homem que não sabe dar, Deus que se descuide dele, um jeito a gente ajeita dele se acabar! Tire o status quo o dividendo que quiser da situação porque o povo também saberá correr atrás do seu dividendo político nas urnas – e inclusive nas ruas, se preciso for!!
Se estamos construindo um Estado Democrático de Direito, temos que nos permitir oportunizar as vozes tanto do sentimento quanto da razão. Se amo, logo torço pela Seleção Brasileira! Se penso, logo existo, e se existo, logo vou às ruas protestar! Se moramos na filosofia, pra que rimar amor e dor?? Precisamos juntar na mesma mesa de bar Descartes e Vinícius de Moraes, com Mikhail Bakunin, dando um tempero especial ao encontro, afinal, como disse Zélia Gattai, somos todos Anarquistas Graças a Deus! Precisamos politizar o amor e colocar uma boa pitada de amorosidade na política, sem medo e sem culpa. Aqui nós não temos medo de nada, nem do cartola nem da inflação, nem da repressão: discutimos, sim, política, religião e futebol! Neste momento, todos com a camisa verde-amarelo, é claro!! A Pátria de Chuteira tem cérebro pensante
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