Quarta-feira, 22 de junho de 2011 - 14h07
“Quando se decide exterminar o contrário, o processo di(a)lético se torna mastro com suástica no topo”.
Nós, antidândis, decidimos parar de desrespeitar Porto Velho. Cansamos das sucessivas surras que damos na História, na estética e, principalmente, no espírito desta Capital. Vemos que Porto Velho não tem mais forças para suportar mais nenhum round. Chegamos à conclusão de que não há mais nada odioso do que bater em farrapo. Gostamos da boa luta. Da luta com paridade de armas. Do que jeito que ficou, o prazer em enfrentar esta Cidade perdeu o seu objeto. Infelizmente, isso de deve ao nosso séquito que se infiltrou sub-repticiamente no âmago desta Cidade.
Sabemos que, quando iniciaram o processo de desestruturação orgânica, Porto Velho era jovem. Possuía braços fortes. Tinha os órgãos com todo o vigor e resistência. A cidade do futuro: não haveria plaga mais vivaz. Começaram devagar, pois sabiam que para destruir um gigante era preciso uma paciente e silenciosa estratégia. O grande mérito foi utilizarem o método virótico: primeiro invadiram os núcleos celulares; depois, passaram a gerar células infectadas; em seguida, expulsaram as células de defesa; com tudo isso, infestaram com violência os órgãos vitais (a dignidade em especial). Doente, o gigante não podia mais lutar contra nós. Com esse laborioso trabalho dos microssoldados, derrubar o Karipuna se tornou uma tarefa singela.
A invasão começou com a fomentação de práticas viciadas em todas as bases da estrutura celular. As práticas adequadas e produtoras de resultados positivos foram abolidas incontinenti. Fizeram de cada cromossomo um lar para a corrupção e outras mazelas correlatas. O marketing consistiu em demonstrar que o honesto implicava, sem eufemismo, a imbecilidade. O toma lá dá cá passou à regra única do jogo. Sem o “jeitinho”, até a mais óbvia conclusão não teria nenhuma validade epistemológica. As células passaram, em pouco tempo, a carregar no núcleo tudo que fosse potencialmente nocivo para o organismo.
Não demoraram muito para multiplicar pelo organismo células com esse DNA degenerativo. Reduplicaram cada célula decadente em velocidade tão grande que o código genético com variantes prejudiciais à sobrevivência não tardou a ser dominante. Cada célula ganhou uma tarja negra na testa com o seguinte lembrete: “cada um tem seu preço, é só questão da oferta”. Depois, veio a demonstração científica de que a pessoa do bem se dá mal e a do mal se dava bem sempre. Todos se orgulharam da grandeza (metáfora para a apologia ao declínio) que disseminaram. Foram para o passo seguinte: destruir as células de defesa.
Não demoraram chegar ao inevitável choque com as células de proteção. Essas células tinham funções de fiscalização, controle, prevenção, orientação, etc. Apesar da perspectiva, não houve embate. O dinheiro falou alto e muitos se calaram: “Money, eu mudo!”. Os 16 que não aceitaram o cachê não tardaram a conhecer o Eterno. Disseram que esses pseudorrevoltados acreditaram que eternidade era uma pensão vitalícia: morreram, mas não atrapalharam o trânsito da enfermidade. Assim, as células guardiães transformaram-se em disseminadores da debilidade espiritual que tomava conta de Porto Velho. Democraticamente, a nova dialética foi implantada: tese: dinheiro; antítese: bolso vazio; síntese: carro novo e viagem do ano. O organismo não possuía mais resistência. Chegou a hora para outro golpe importante: os órgãos.
No momento em que chegaram aos órgãos, foi um massacre. O Cidadão, célula usuária e financiadora do sistema, ficou abismado com dinâmica: os órgãos foram infestados por uma praga gravemente degenerativa. Os múltiplos órgãos conheceram a falência completa. Não havia nada no organismo que se assemelhasse a uma organização. A doença se apossou de tudo. Em pouco tempo, a degeneração tomou conta das sinapses cerebrais e do sistema cardiovascular. O maquinismo perdeu a razão e o coração: o espírito de Porto Velho estava perdido. A esperada hora final tomou forma: a luta corporal. O cheque-mate estava próximo.
Porto Velho não esperava pelo ataque. De madrugada, chegamos e fomos direto ao assunto: soltamos a borboleta. O lepidóptero apenas bateu as asas. Nesse movimento impiedoso, o gigante caiu sem a menor resistência. Vimos quando ele ainda tentou uma reação. Levantou-se para revidar. Não conseguiu. Estava literalmente perdido. Nesse instante, ele percebeu que a borboleta era um detalhe: suas entranhas estavam corrompidas. Ele chorava pela desgraça que se instalou no seu interior: tudo estava contaminado pelo mal. Não tardou e tombou novamente. Olhamos nos olhos dele: respirava com muita dificuldade. Esse fato nos humanizou. Sentimos, de repente, a nossa responsabilidade pelo doente. Decidimos não pactuar mais com a covardia: Porto Velho se tornou fraco demais para qualquer embate.
Declaramos o nosso abandono da peleja. Percebemos que esta Capital merece um destino menos fatídico e mais glorioso. Pensamos que esse doente merece um tratamento urgente para que não venha a óbito. Não podemos viver sem o contrário. Não somos nazistas. Porto Velho, ecoa por todos os lado (quem não ouve?), sente dores n’alma e na carne e não aparenta existir remédio para o mal interior que o assola (corrupção, incompetência, desídia, desamor, desrespeito). Acreditamos que, por ora, o Mal pode até se declarar vencedor. Contudo, agora os Antidândis exigimos via diversa: séquito de células nefastas, Dândis, afastem-se de nós e desta Cidade!
Ação Popular: Respeitem Porto Velho!!
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