Segunda-feira, 20 de julho de 2009 - 14h17
Pizza: a última flor do Lácio, inculta e bela, funcional e prestativa.
Aí do Brasil se a pizza não existisse! Ou estaríamos na Revolução Praieira até hoje, ou seríamos de fato um país sério. Tão brasileira quanto o samba, é a pizza que socorre a nação nos momentos mais difíceis da sua vida política e econômica. Sem ela não seríamos um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. A pizza é própria transubstanciação do jeitinho brasileiro de ser. Os carcamanos trouxeram a receita da toscana, mas a invenção da aplicabilidade prática nas coisas do Estado é tupiniquim – macunaíma que o diga. Tanto assim que o Brasil é uma pizza continental. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi infeliz na sua fala, foi no mínimo modesto. Pizzaiolos somos todos nós, abestados, acomodados, explorados e exploradores, operários e burgueses, piriguetes e patricinhas, e não apenas os Senadores da respeitável República Brasileira. A Câmara Federal, ao contrário do que disse Lula, aqui mesmo em Rondônia, não é composta por 300 picaretas, mas por 513 excelentes fazedores de pizza. Por que tanto pudor em lidar com uma palavra que expressa a habilidade de preparar o mais conhecido prato nacional: a pizza nossa de cada dia?! Como Dom João VI não pôde trazer chefes franceses consigo, porque o irado Napoleão Bonaparte pegou pesado no seu Calcanhar de Aquiles, trouxe ele pizzaiolos da melhor estirpe em meio a portuguesada que desembarcou no Rio de Janeiro, naquele 1808. A partir daí tudo acabou em pizza: o reinado dele, do Pedro II, a Independência, a proclamação da República, o Mensalão e a cassação de Zé Sarney, Rei do Maranhão. À moda da casa, a morte do senador Olavo Pires é servida até hoje no circuito cultural de Porto Velho, chamado ironicamente de “Calçada da Fama”.
Sugerimos ao Tribunal Superior Eleitoral que acrescente a palavra pizzaiolo à nomenclatura oficial dos cargos eletivos, e assim nós teremos eleição para pizzaiolos federais (senatoriais e camerais), pizzaiolos estaduais e municipais. Pronto, aí ninguém mais torcerá o nariz para o capo di tutti capi da latinidade cabocla, o magnífico Lula Pizzaiolo da Silva, o criador da super-pizza Sarney a quatro queijos. Nunca na estória deste país se viu um nordestino com a cara tão italianesca como a que tem o pau-de-arara que veio de mala e cuia do seu bodocó para, com o Partido dos Trabalhadores, administrar o Brasil. Lula não é apenas competente, demonstra ser bem humorado e super-sincero. Mas o companheiro Lula não é o único executivo pizzaiolo. Fernando Henrique Cardoso tem um pé na cozinha, outro no norte da Itália. Fernando Collor também sabe preparar uma boa mussarela à parmegiana. Até a União Nacional dos Estudantes está fazendo pizza, a pizza da falta de identidade e da adesão ao poder central. Enquanto a estudantina da década de sessenta comeu o pão que o diabo amassou, a estudantada da atualidade prepara hoje a massa da pizza que será servida amanhã. No passado, tivemos a marcha dos 100 mil sob a palavra de ordem de quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Hoje, os vemos tricotando com o poder executivo federal, com 100 mil reais na mão doados pela Petrobrás. É mais que pizza, é um fettuccine a la putanesca!
E o nosso pizzaiolo-mor, Ivo Cassol?! Deu corda para que madeireiros e grileiros da Floresta Bom Futuro invadissem o canteiro de obra da usina hidrelétrica de Jirau e em seguida correu pra lá com algumas mal traçadas linhas em mãos, invocando um cínico acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Branco, sulista e alienígena, comenta-se que ele financia politicamente acordos escusos e ecologicamente incorretos, como se os bens naturais dos caboclos e índios da amazônia fossem penduricalhos da casa de mama mia. Come pizza regional e arrota bacalhau da Noruega!
Como bom fazedor de pizza governamental, Cassol posou de salvador da pátria e distribuiu fartas fatias da guloseima italiana para todos os atores da pantomima eleitoreira, com sabor de pirarucu com paçoca, ou pacu nos olhos dos outros é refresco. Só mesmo uma revolução karipuna para botar ordem na casa!
É certo que, no sábado, a feijoada é nosso prato predileto. Mas no domingo não tem pra ninguém: a tradicional família brasileira se farta mesmo é de pizza com borda de catchupiri. Lá na terra de Silvio Berlusconi, ser pizzaiolo é motivo de orgulho. Aqui é razão de polêmica e de bate-boca entre senadores da república. Alguém precisa urgentemente propor a instituição do “Dia Nacional do Pizzaiolo”. Dizem as más línguas que a articulação já começou: foi marcada uma reunião entre Sarney, Lula e o senador Arthur Virgílio para discutir a matéria. O encontro será realizado numa área vip do fabuloso castelo pertencente ao deputado Edmar Moreira (DEM-MG), patrocinador da tertúlia.
É por essa e outras que, inexoravelmente, todos e todas a uma só conclusão haverão de chegar: o Brasil é mesmo o berço esplêndido dos pizzaiolos!
Por falar nisso, alguém aí pode nos dizer qual o sabor da pizza que será servida em 2010???
Fonte: Antônio Serpa do Amaral Filho
No infortúnio da solidão atroz, o jeito é quedar-se nu com a mão no bolso, olhando para as impassíveis paredes que miram, espiam a gente até de rabo
Um dia da caça, outro dos “povos novos”, de Darcy Ribeiro
Num primeiro voo de radiofusão para além das plagas amazônidas, a Música Popular de Rondônia começou a ser mostrada na Rádio BBmusic, da cidade Búzi
As lágrimas internacionais que choraram a morte do poeta
A democracia voltou a ser ameaçada no país cujo nome é uma homenagem a Símon Bolívar, o Libertador das Américas. Com essa última quartelada, já são
Os homens do poder sempre passarão; o bom humor, passarim!
Apesar do vazio cultural, da perda irreparável para o humanismo e para a criatividade brasileira e do profundo incômodo emocional provocado pela par