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Serpa do Amaral

Berço Esplêndido dos Pizzaiolos


Berço Esplêndido dos Pizzaiolos - Gente de Opinião 

Pizza: a última flor do Lácio, inculta e bela, funcional e prestativa.

Aí do Brasil se a pizza não existisse! Ou estaríamos na Revolução Praieira até hoje, ou seríamos de fato um país sério. Tão brasileira quanto o samba, é a pizza que socorre a nação nos momentos mais difíceis da sua vida política e econômica. Sem ela não seríamos um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. A pizza é própria transubstanciação do jeitinho brasileiro de ser. Os carcamanos trouxeram a receita da toscana, mas a invenção da aplicabilidade prática nas coisas do Estado é tupiniquim – macunaíma que o diga. Tanto assim que o Brasil é uma pizza continental. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi infeliz na sua fala, foi no mínimo modesto. Pizzaiolos somos todos nós, abestados, acomodados, explorados e exploradores, operários e burgueses, piriguetes e patricinhas, e não apenas os Senadores da respeitável República Brasileira. A Câmara Federal, ao contrário do que disse Lula, aqui mesmo em Rondônia, não é composta por 300 picaretas, mas por 513 excelentes fazedores de pizza. Por que tanto pudor em lidar com uma palavra que expressa a habilidade de preparar o mais conhecido prato nacional: a pizza nossa de cada dia?!  Como Dom João VI não pôde trazer chefes franceses consigo, porque o irado Napoleão Bonaparte pegou pesado no seu Calcanhar de Aquiles, trouxe ele pizzaiolos da melhor estirpe em meio a portuguesada que desembarcou no Rio de Janeiro, naquele 1808. A partir daí tudo acabou em pizza: o reinado dele, do Pedro II, a Independência, a proclamação da República, o Mensalão e a cassação de Zé Sarney, Rei do Maranhão.  À moda da casa, a morte do senador Olavo Pires é servida até hoje no circuito cultural de Porto Velho, chamado ironicamente de “Calçada da Fama”.

Sugerimos ao Tribunal Superior Eleitoral que acrescente a palavra pizzaiolo à nomenclatura oficial dos cargos eletivos, e assim nós teremos eleição para pizzaiolos federais (senatoriais e camerais), pizzaiolos estaduais e municipais. Pronto, aí ninguém mais torcerá o nariz para o capo di tutti capi da latinidade cabocla, o magnífico Lula Pizzaiolo da Silva, o criador da super-pizza Sarney a quatro queijos.  Nunca na estória deste país se viu um nordestino com a cara tão italianesca como a que tem o pau-de-arara que veio de mala e cuia do seu bodocó para, com o Partido dos Trabalhadores, administrar o Brasil. Lula não é apenas competente, demonstra ser bem humorado e super-sincero. Mas o companheiro Lula não é o único executivo pizzaiolo. Fernando Henrique Cardoso tem um pé na cozinha, outro no norte da Itália. Fernando Collor também sabe preparar uma boa mussarela à parmegiana. Até a União Nacional dos Estudantes está fazendo pizza, a pizza da falta de identidade e da adesão ao poder central. Enquanto a estudantina da década de sessenta comeu o pão que o diabo amassou, a estudantada da atualidade prepara hoje a massa da pizza que será servida amanhã.  No passado, tivemos a marcha dos 100 mil sob a palavra de ordem de quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Hoje, os vemos tricotando com o poder executivo federal, com 100 mil reais na mão doados pela Petrobrás. É mais que pizza, é um fettuccine a la putanesca!

E o nosso pizzaiolo-mor, Ivo Cassol?! Deu corda para que madeireiros e grileiros da Floresta Bom Futuro invadissem o canteiro de obra da usina hidrelétrica de Jirau e em seguida correu pra lá com algumas mal traçadas linhas em mãos, invocando um cínico acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Branco, sulista e alienígena, comenta-se que ele financia politicamente acordos escusos e ecologicamente incorretos, como se os bens naturais dos caboclos e índios da amazônia fossem penduricalhos da casa de mama mia.  Come pizza regional e arrota bacalhau da Noruega!

Como bom fazedor de pizza governamental, Cassol posou de salvador da pátria e distribuiu fartas fatias da guloseima italiana para todos os atores da pantomima eleitoreira, com sabor de pirarucu com paçoca, ou pacu nos olhos dos outros é refresco. Só mesmo uma revolução karipuna para botar ordem na casa!

É certo que, no sábado, a feijoada é nosso prato predileto. Mas no domingo não tem pra ninguém: a tradicional família brasileira se farta mesmo é de pizza com borda de catchupiri. Lá na terra de Silvio Berlusconi, ser pizzaiolo é motivo de orgulho. Aqui é razão de polêmica e de bate-boca entre senadores da república. Alguém precisa urgentemente propor a instituição do “Dia Nacional do Pizzaiolo”.  Dizem as más línguas que a articulação já começou: foi marcada uma reunião entre Sarney, Lula e o senador Arthur Virgílio para discutir a matéria. O encontro será realizado numa área vip do fabuloso castelo pertencente ao deputado Edmar Moreira (DEM-MG), patrocinador da tertúlia.

É por essa e outras que, inexoravelmente, todos e todas a uma só conclusão haverão de chegar: o Brasil é mesmo o berço esplêndido dos pizzaiolos!

Por falar nisso, alguém aí pode nos dizer qual o sabor da pizza que será servida em 2010???  

Fonte: Antônio Serpa do Amaral Filho

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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