Quarta-feira, 18 de janeiro de 2023 - 09h34
A obra do jornalista Zola Xavier, Uma Frente
Popular no Oeste do Brasil, que será lançada em breve na Casa da Cultura de
Porto Velho, desponta hoje como um texto oportuno e providencial para o
momento, principalmente em razão do contexto histórico que acabou de
delineando.
São muitas as similitudes e coordenadas simétricas
entre o contexto que o livro vem a descortinar para seus leitores e esta página
viva e contemporânea em que o país está mergulhado. São dois cenários e
dois roteiros, são dois mundos e duas realidades, duas experiências de tamanhos
diferentes, mas assemelhadas.
No Território Federal do Guaporé, Oeste do Brasil,
- o microcosmo. Lá, para fazer frente à força política de Aluízio
Pinheiro Ferreira, foi composta uma Frente Ampla e Popular (a esquerda
bossa-nova da direita, a UDN, democratas, socialistas, comunistas, perseguidos,
desvalidos, idealistas, românticos, indignados e sonhadores perfaziam as hostes
dos peles-curtas).
No território federalizado do país – o macrocosmo.
Aqui, para dar cabo ao fenômeno do bolsonarismo fascistoide, formou-se a maior
frente política de toda a história do país. Aluizismo e Bolsonarismo
guardam entre si alguns intrínsecos elementos performáticos: o personalismo
exacerbado do populismo bem talhado para embevecer as massas; o autoritarismo
como principal ferramenta de argumentação e condução da gestão
político-administrativa; o culto falacioso do nacionalismo, como doce ópio do
povo, e as implícitas e explícitas as concepções fascistas a dar o tom da valsa
no trato com as gestões do governo e de Estado.
Aqui, tivemos o Badernaço de 08 de Janeiro, com a
invasão e a vandalização das sedes do governo, Supremo Tribunal Federal e
Câmara Federal. Entre mortos e feridos, saíram ilesos o Governo de Luís Inácio Lula
da Silva e a Democracia Brasileira!
Lá, ocorreu a famosa Caçambada Cutuba, de 26 de
Setembro de 62, com o lançamento de um veículo caçamba sobre os participantes
do comício de Relato Medeiros, líder da grande frente popular que se formou
para vencer o aluizismo.
O Badernaço e a Caçambada Cutuba, portanto, são
ovos chocados pela mesma serpente: o Terrorismo Político.
Os líderes de ambos os momentos históricos, Aluízio
Ferreira e Jair Bolsonaro, embora guardem diferenças de pressão e temperatura
entre si, sendo Aluízio um militar inteligente, qualificado para arte política
e criativo (descendente de indígenas Kaetés, ele foi considerado
pelo Marechal Rondon o último legionário do sertão), e
sendo Bolsonaro uma personagem completamente ogra e com QI beirando a idiotice
e a esquizofrenia, há entre eles traços umbilicais, tais como o poder de
falaciosamente tocar os corações de seus correligionários, fazer a multidão
delirar em suas aspirações e mitologias de pé de barro.
Ambos fizeram do Comunismo um elefante branco que
nunca existiu, nem na sala do Território Federal de Rondônia, nem na atual cena
política que estamos vivendo. Mas o Elefante Branco inexistente, no delírio das
massas inebriadas pelas catilinárias midiáticas construídas para esse fim,
chegou a ser visto por muita gente. Conclusão: rendeu voto, fanatismo e poder.
Aluízio Ferreira mandou para a cadeia vários líderes que supostamente estavam
implantando a República Socialista do Guaporé. A polícia política territorial
prendeu Medeiros, o engenheiro Wadih Darwich Zacarias e o médico Ary Tupinambá
Penna Pinheiro. Bolsonaro fez do combate ao Comunismo seu veneno mais poderoso,
contaminando vários setores sociais e vetores do Estado, principalmente os
fardados.
Bolsonaro e Aluízio Ferreira, Badernaço e Caçambada
Cutuba, aluizismo e bolsonarismo, populismo e autoritarismo, a política local e
a política nacional, o Brasil e o Território Federal do Guaporé! Sem querer
querendo, o jornalista Zola Xavier vai bater todas essas polpas no
liquidificador da sua resenha literária para mostrar ao público com quantos
paus se faz a canoa da história! As duas frentes populares venceram! Brasil e
Guaporé, tudo a ver!
Quem viver e ler, verá!!
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