Terça-feira, 27 de julho de 2010 - 17h07
Por Antônio Serpa do Amaral Filho
Disputando a Presidência da República, temos Dilma (PT), Serra (PSDB), Marina (PV), Plínio Sampaio (Psol), Américo de Souza (PSL), Ivan Pinheiro (PCB), José Maria Eymael (PSDC), Levy Fidélix (PRTB), Mário de Oliveira (PTdoB), Oscar Silva (PHS) e Zé Maria (PSTU). Eis os pretensos salvadores da pátria, porta-vozes de uma realidade política, econômica e social que se apresenta desafiadora às nossas consciências, exigindo a decisão cívica e democrática da escolha. Tratando desse imbróglio num plano mais filosófico, diríamos que:
Realidade e Consciência foram criadas para brincar de pira, ou de esconde-esconde, como se dizia em idos de antanho. Isso porque a Realidade, com suas múltiplas facetas fenomenológicas, se apresenta à Consciência ora como algo sombrio, ou o óbvio ululante, ora como invólucro escorregadio, ora como coisa confusa, de difícil e quase impossível apreensão.
A Consciência, ardilosa, bisbilhoteira, indagadora e ávida por conhecer a Realidade, com ela trava uma relação de amor e ódio, paixão e desencanto, achado e perdição, guerra e paz, luz e trevas.
Ambas são tão antigas quanto a humanidade, sendo a Realidade Objetiva um pouco mais velha que a Consciência, que nasceu para o mundo quando o hominídio tornou-se sapiens, isto é, pensador, paridor de idéias e pensamentos. A partir desse dia o mundo nunca mais foi o mesmo, porque surgira para o cosmo o cavaleiro gnosiológico, o sedento de saber, o deglutinador de realidades, o liquidificador conceitual pronto para processar todos os tijolos que compõem o muro da Realidade.
A Consciência posiciona-se, nessa relação, como a Dama Gnosiológica que, impulsionada pelo estímulo da Necessidade, tem na Realidade o seu sonho de consumo, objeto de seu debruçar, perscrutar, elucubrar, indagar, descobrir e dominar. Daí a brincadeira de gato e rato entre a Realidade e a Consciência. Significando a brincadeira, para não enlouquecermos e para darmos dignidade à vida, pousamos de arqueólogos diante da Realidade Circundante. Dificultando-nos o acesso à Verdade, quintessência que habita a região mais profunda no reino da Realidade, postam-se as sete cortinas da ilusão, que guardam os sete montes do equívoco, que se escondem por detrás das sete colinas do erro, que ocultam os sete vales do delírio e as sete camadas das paixões. Inserida no reino encantado da Realidade, postam-se a Caçambada Cutuba, como um cenário em que os atores, Cutubas e Peles-Curtas, por ali estiveram, contracenaram e desapareceram, deixando apenas vestígios do que pode e do que não pode ter acontecido naquele teatro da vida real. Posta-se hoje também um processo eleitoral polarizado entre Dilma e Serra, entre os herdeiros de Lula e FHC, entre a social-democracia petista e o neo-liberalismo tucano.
A Consciência, que desde cedo com Aristóteles aprendeu a logicizar os fatos do mundo, dirige seus focos gnosiológicos para esse cenário, tentando apreender, ora juridicamente, ora politicamente, ora jornalisticamente, ora sociologicamente, os fatos incrustados no palco histórico deixado pelos líderes Aluízio Pinheiro Ferreira e Renato Clímaco Borralho de Medeiros e seus liderados, por exemplo. Foi um gesto passional e unilateral? Foi um atentado planejado e articulado? Foi uma fanfarronice de um motorista bêbado? Foi um acirramento do clima de tensão no embate Cutubas X Peles-Curtas? Foi nada disso? Foi o quê, afinal? O mistério continua. Circundando o fato, temos a atmosfera do aluizismo, que consistia numa onda carismática avassaladora a dominar corpos, mentes, instituições, credos, costumes e classes sociais, homens, partidos e interesses, como uma pororoca intrépida a debater-se rio acima a revelia da lei da gravidade e da ordem natural das coisas, tudo isso temperado a personalismo, autoritarismo, absolutismo, centralismo, coronelismo, populismo, clientelismo, mandos e desmandos, em meio aos sertões desbravados por Rondon, numa extremidade, e pelos construtores da calendária Ferrovia do Diabo, a Madeira-Mamoré, na outra vertente. Perfazendo o clima renatista, tínhamos a ação dos sonhadores, idealista, humanistas, democratas, comunistas, socialistas, de mãos dadas com a gente do povo, pequenos comerciantes, ferroviários, bodegueiros, motoristas de praça, taberneiros, carregadores, donas de casa, gente simples, espoliada, marginalizada, esperando o trem da justiça social chegar e implantar a sonhada República Socialista do Guaporé. A Caçambada Cutuba, naquele contexto, representaria uma agulha perdida no palheiro do Auto do Homem da Amazônia, num dado segmento de espaço e de tempo, desafiando nossa capacidade de apreendermos as leis e as propriedades dos fenômenos, sejam eles sociais, físicos ou químicos.
Daí a iniciativa de se fazer um filme que traga alguma noção do que realmente foi a Caçambada. A idéia surgiu aqui em Porto Velho, há sete anos, mas tomou corpo num papo que tive com Zola na barraca da Ritinha, em Maricá, Rio de Janeiro. Inicialmente pensava-se em fazer um livro contando a história da Caçambada. O livro teria a participação de Berlange Andrade e de um irmão de Zola. A coisa evolui depois para um filme, e hoje estamos tentando angariar recurso para bancar a produção cinematográfica. Enquanto isso não acontece, não custa nada a gente ir debatendo, aprofundando e afiando as lâminas investigativas da Consciência, porque afinal de contas a Realidade, como a Democracia, guarda em si e em sua trajetória mistérios e segredos que quase intimidam nossa sede de saber, votar e transformar. Quase.
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