Quarta-feira, 19 de setembro de 2012 - 13h43
Caro Ano-Novo, apesar de faltarem alguns meses para 2013, eu, um relutante brasileiro, decidi lhe enviar esta missiva com certa antecedência. Não vou lhe pedir que me dê um carro novo, uma casa própria ou os números da loteria. Seria um desperdício pedir coisas que se pode conseguir com trabalho ou um pouco de sorte. Minha preocupação é outra. Minha cidade grita todos os dias por ajuda e, por isso, me atrevo a lhe escrever estas singelas palavras.
Para tanto, vou tentar lhe expor a situação de modo bem resumido. Sei que o seu tempo é curto e você deve ter muitas cartas para ler até o final do ano. Quero lhe pontuar que estou muito insatisfeito com as coisas que fizeram com esta cidade. Não suporto mais o desrespeito a que é submetido os que aqui residem. Não sei se é por merecimento ou por castigo. Mas a situação aqui, como dizia a música, está “preta” (espero que não me processem por isso!).
Para administrar a nossa cidade, foi escolhido um homem que não fez por merecer o cargo que ocupa. Durante algum tempo, todos aplaudiram e elogiaram a escolha. Diziam que era a revolução democrática e que a cidade seria transformada completamente. Festejaram como se fosse a queda do Muro de Berlim ou a final da Copa do Mundo. E depois de algumas primaveras se percebeu que era tudo mentira. O inverno seria longo e verdadeiro. Na verdade, descobriu-se que o rei estava nu e sem boas intenções e com o pensamento voltado para a conta bancária que abriu na Europa.
Parece que ele não compreendeu a dimensão da sua responsabilidade. Ele subverteu o que deveria defender. Tanto que, quando disseram: “faça-se luz e a luz foi feita”, ele ouviu outra mensagem: “desfaça a cidade e a cidade foi desfeita”. E todos ficaram sem entender por que ele se empenhou tanto em destruir a cidade e, conseqüentemente, diminuir a auto-estima da população. E ele ainda jura para os quatro cantos do mundo que cumpriu a sua missão institucional: “transformar” a cidade. Às vezes, até fico na dúvida: será que quem está na contramão é o Povo e ele está certo em viver no desacerto administrativo? Mas esse pensamento não perdura muito. Não há o que discutir: o Judas está entre nós...
Vou ilustrar com uma situação-limite o cenário do descaso que se instaurou por estas bandas. Lá perto de casa, fizeram uma plataforma de barro bem extensa e com um tubo de concreto no meio. Eu soube por esses dias que “aquele ser monstruoso" tem a intenção de ser um viaduto, apesar de toda a lógica indicar o contrário... Quando chove no local, não sei se é caso de navegar ou praticar algum esporte radical. Teve até campeonato de canoagem semana passada. Literalmente, o Povo foi entregue à própria sorte.
Essa obra se arrasta há anos. Tem dias que fico a pensar como pode uma obra demorar tanto. Tudo é motivo para interrompê-la: a chuva, o bater das asas de uma borboleta, a sessão do STF sobre o mensalão e até o horário eleitoral. O último motivo para a paralisação foi a lei da gravidade (isso mesmo!) que fez com que parte da obra despencasse. Tem até, não é brincadeira, uma placa no local com os dizeres: “Atenção, pista a 50 metros sob grande influência da força gravitacional”.
Na verdade, a demora é proposital: algum gatuno entendeu que, por quanto mais tempo a obra perdurar, o sangramento dos cofres públicos será maior. O grande erro dessa mentalidade é que não se pode esconder da população que “cofres públicos” significa “bolso do cidadão”. Então, a conclusão não pode ser diferente: o atraso na obra é álibi para um assalto coletivo à plena luz do dia.
E são os múltiplos assaltos coletivos que fazem da nossa cidade, entre as capitais do Brasil, a com um dos piores índices de desenvolvimento humano. Veja o retrato dessa realidade: postos de saúde insalubres, rua sem sinalização, esgotos a céu aberto, trânsito que não transita, monumentos históricos abandonados, praças descaracterizadas e sujas, transporte coletivo de baixa qualidade, bairros inteiros abandonados. Uma lista interminável.
Esse cenário é a prova cabal de que a mudança é a medida urgente. Algo precisa acontecer. Pois não é possível aceitar que o ocupante do cargo mais importante não se dê conta de que ele é o que mais deve servir à população. Quanto maior o cargo deveria ser maior o compromisso com a sociedade e com a coisa pública. Ou será que ele fez isso com a cidade só de “cassanagem” (expressão cunhada por minha filha caçula para uma expressão pouco educada).
Caro Ano-Novo, você já deve estar cansado e curioso para saber qual o pedido que lhe farei. Na verdade, você tem coisas mais importantes para se preocupar. Não posso lhe pedir o que é função de cada cidadão fazer por sua cidade. Por isso, quero lhe dizer que, no final do ano, a cidade vai escolher nova pessoa para administrá-la. E eu estou preocupado com isso. Porque se houver novo erro, ai de todo mundo de novo... dentro do cano.
Então, o meu pedido é para os meus patrícios. Para que cada um reflita sobre qual cidade realmente quer morar. Peço que recusem “os presentes” que os encantadores de serpentes oferecem em troca da cidadania. Pensem nos seus filhos, pois eles serão os herdeiros das conseqüências desse perigoso e ilícito acordo. O ano-novo não será mais um cano novo se, neste ano que se torna velho, a escolha seja feita em prol desta valiosa cidade. Isso implica não só eleger, mas fiscalizar os atos de quem for eleito.
Quanto ao homem que traiu a sua cidade, ele tentará escapar do seu destino. Contudo, quando ele menos esperar, o Fio de Ariadne, amarrado a sua perna, o levará para o Tribunal Popular. Do julgamento político: o exílio e a execração social. Do julgamento jurídico: o ressarcimento aos cofres públicos e, por Justiça, as barras que não serão de chocolate ou de sabão. Esta Cidade merece e exige todo o respeito.
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