Terça-feira, 11 de setembro de 2007 - 21h07
Como um pássaro nômade, mais um pele-curta histórico partiu para outras estações no campo de batalha da vida: Luis Lessa de Lima, falecido dia 10 em Porto Velho, aos 80 anos. Foi-se o homem. Sua história, porém, fica na memória da gente como um legado que nós, escribas, temos o dever de exteriorizar e compartilhar com os demais da comunidade. É a nossa sina.
Como bom pessepista, foi anti-aluizista até a morte. Não sucumbiu ideologicamente. Combateu com voz ativa a liderança política que emergiu nos grotões do nosso processo civilizatório: O coronel Aluízio Pinheiro Ferreira. Combateu também o militarismo.
Lessa era muito popular e querido pela gente de Porto Velho de antanho. Durante muitos anos ele foi enfermeiro no antigo Hospital São José, hoje clínica da Polícia Militar.
Mas seus préstimos à cidade do lendário Velho Pimentel não começam nem param por aí. Tipógrafo formado pela Escola Técnica de Manaus, na flor da idade, com apenas 28 anos e muitos sonhos no coração, Lessa desembarcou aqui no ano de 1953 – dez anos depois de ter sido criado o Território Federal do Guaporé, por Getúlio Vargas.
Por indicação do cacique político Aluízio Ferreira, Jesus Burlamarque Hozannah era o governador do território. No ano seguinte, 1954, haveria disputa eleitoral.
A professora Marise Castiel, então Diretora da Divisão de Educação do Território, colocou na grade do ensino médio a cadeira de “Artes Industriais” e convidou Lessa a ministrar essa matéria no Colégio Normal Carmela Dutra. Mas a vida dele como professor durou pouco. Talvez não tenha sentido vocação para o magistério. E passou a procurar outra alternativa de emprego.
Nesse meio tempo, é convidado a engrossar as fileiras de Joaquim Vicente Rondon, antigo aliado de Aluízio Ferreira, e torna-se ideologicamente um pele-curta, opositor ferrenho dos cutubas (lembrando que tuba q uer dizer doce), partidários do aluizismo. Lessa filia-se ao Partido Social Progressita, de Renato Borralho Clímaco de Medeiros, e inicia sua carreira política. Comemora a vitória de Vicente Rondon, em 1954.
Enquanto isso, o Dr. Rubens Brito providencia para que ele faça um curso básico de enfermagem. Fez e tornou popular e cuidadoso enfermeiro do Hospital São José por muitos anos. Em 1962, na disputa entre Renato Medeiros e Ênio Pinheiro, participou da grande marcha pela Avenida Sete de Setembro, no fechamento da campanha do líder coligação UND-PSP, tendo composto a letra do hino de guerra da batalha política.
Ainda nesse ano, Lessa socorreria, como enfermeiro, as vítimas do terrorismo político guaporé: uma caçamba da prefeitura foi lançada sobre uma multidão de peles-curtas que assistia ao comício de Renato Medeiro, na rua Lauro Sodré, no Olaria. Saléh Morebe, cutuba, era o prefeito. Aluízio Ferreira teria mandado jogar a caçamba sobre o povo. Suspeita-se de crime político até hoje. Lessa esteve cedo na região do comício, avistou a caçamba estacionada nas redondezas e viu Calaica, o possível motorista, com sua turma por perto. Carmênio, da Taba do Cacique, estava no comício. Lessa declarou que a intenção dos cutubas era matar Renato Medeiros. Era o prenúncio, em terra Karipuna, dos anos de chumbos que viriam com ditadura militar de 1964.
Com o regime militar, a extinção das várias siglas partidárias e criação do bi-partidarismo, a acomodação ideológica foi quase automática: os cutubas ingressaram na Aliança Renovadora Nacional/ARENA e os peles-curtas formaram fileiras no Movimento Democrático Brasileiro/MDB. Assim, como peemedebista histórico, Lessa se elege vereador, em 1972, ao lado de Cloter Mota, Paulo Strutos e Abelardo Castro. Com sua militância e atuação política, arou, plantou e colheu no campo viçoso a semente da democracia. Esse era o Lessa beija-flor.
Estive em sua casa. Apaixonado, em leito de convalescência, pôs-se de súbito a entoar, como um militante do pilotão de elite do PSP, o hino que compusera para a grande marcha de 62:
“Em 50 nós ganhamos
Aluízio nos roubou
54 foi barbada
E agora a coisa mudou.
Hoje todo pessepista
Brinca, brinca até amanhã
Festejando a vitória
De Renato e Chaquian”. - Mãos à obra, seu Renato. Vamos Trabalhar!!!
E para quem quer que duvide, eu digo: Meninos, eu vi!
Fonte: Antônio Serpa do Amaral Filho
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