Quinta-feira, 12 de março de 2009 - 16h50
Lula deveria ser recebido pela batucada dos Diplomatas do Samba com Jair Monteiro à frente cantando o samba do crioulo doido. Seríamos mais originais e corteses com o presidente da república e ele mais condescendente com a nossa loucura e a nossa propensão a boi de piranha do capitalismo nacional.
Lula veio ver o que Rondônia, o abestalhado primo-pobre, tem a oferecer ao esperto primo-rico, as prósperas economias do sul e sudeste: tudo. Rondônia está de pernas abertas, pronta para a grande cópula com todos os seus amantes: a construção civil, o agronegócio, as madeireiras e os consórcios de usinas hidrelétricas. Os políticos lambe-botas aplaudem e, à falta de tutano na massa encefálica para conceber agendas mais criativas, propõem o óbvio, o óbvio ululante: o título de cidadão honorário de Porto Velho para Lula. Existe uma unanimidade tão urdida em torno da construção das usinas de Santo Antônio e Jirau que dá pra desconfiar que alguma coisa de podre existe no reino da República Rondoniana. É muito peru com farofa no ventilador da nossa vã busca de entendimento dessa realidade que se impõe a toque de caixa a este torrão e que, com a mesma ferocidade com se apresenta, nos escapa à compreensão. Talvez o poeta Dadá, que já tomou muito mariri na cuia e conheceu outras dimensões gnosiológicas do ser, possa, entre uma cerveja e outra, dissecar e explicar os elementos díspares, contraditórios e desconexos do samba do crioulo doido que nos embebeda e pira a todos. Estamos tão feios na foto que até o prédio do vice-prefeito de Porto Velho ameaça desabar. A escola localizada ao lado do edifício foi evacuada às pressas, pois os operários ouviram barulho e saíram correndo do edifício de Uirandê e Emerson Castro. É mole ou quer mais? Então lá se vai: o dono do maior jornal impresso do Estado, o ex-senador e proprietário d'O Estadão do Norte", Mário Calixto continua foragido da justiça; ele é acusado de usar sua influência para beneficiar uma quadrilha especializada em importação fraudulenta de mercadorias de luxo. E o grande sucesso nos barquinhos do beira-rio é: você não vale nada mas eu gosto de você!
Pensaram em levar Lula ao shopping, mas deu zebra. O teto desabou ontem à noite. Habemus Shopping, mas não habemus fiscalizacione estatal! Pensaram também em mostrar nossas passarelas ao Presidente, mas alguém lembrou que uma delas também desabou e as outras podem cair a qualquer momento. Melhor então é manter Lula longe dessas obras acessórias do PAC lembrou um assessor do planalto. Mas o desvairio não para por aí não. Você precisa ver para saber como é que andava o trem na Madeira-Mamoré. A obra que Lula vai visitar em Jirau já é alvo de denúncia de escravidão branca, escravidão essa comprovada, segundo o Tudorondonia, pelos próprios edis que homenageiam o Grande Comandante Tupiniquim. Para Cláudio Carvalho, vereador do PT, os salários pagos pelo Consórcio Energia Sustentável do Brasil "são infames". Outro dia Cassol esteve lá e constatou: o madeirame vem de Minas e a mão-de-obra, do Mato Grosso. Para Rondônia ficam os danos ambientais e sociais. Os ribeirinhos prepararam uma manifestação para denunciar como eles e o coitado do Madeira estão sendo tratados pela empresa construtora da usina. "O rio Madeira está irreconhecível" afirmam os nossos deserdados. Os ecologistas, por seu turno, continuam gritando em defesa da fauna e da flora amazônidas. São os únicos que não tem vergonha de dizer que são contra. Lula faz ouvidos de mercador. Na sua mente e no seu coração apenas uma nome ressoa ininterruptamente: Dilma Roussef a bola da vez do projeto petista. A amazônia que se exploda. Marina Silva sentiu que não teria chance de se opor a uma pororoca tão medonha, entregou a tapioca, meteu o cipó titica entre as pernas e voltou para o senado. É uma pena. Era a única que, por ser ética, competente e comprometida até o talo do biribá com a cultura dos povos da floresta, poderia ser fiel escudeira da nossa sustentabilidade. Carlos Minc faz apenas o que pode e pode muito pouco. Quem pode mesmo é o povo. Mas o povo dorme em berço esplêndido, chapado de ópio, esperando que caia mais uma passarela sobre sua cabeça - como nunca na história deste Estado.
È melhor leva o Lula de helicóptero para o Jirau. E que torçam os petistas para que a nave presidencial não caia também.
Fonte: Antônio Serpa do Amaral Filho
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