Terça-feira, 22 de maio de 2012 - 11h09
Em dia insólito para a História deste Estado, o Rio Madeira resolveu violar o seu silêncio secular e jorrar toda a sua indignação. Não era mais possível calar-se diante da eterna manifestação de desamor e desprezo a que este rincão da Amazônia é submetido por seus gestores. O Rio das Usinas, primeiro morador destas plagas, não podia mais se conter diante de tanta dilapidação e desrespeito ao patrimônio moral e material dos habitantes karipunas. E estas são as suas palavras.
Quando o Imperador Segundo, no banho de sangue que patrocinou a serviço da coroa inglesa, enviou os soldados de chumbo para proteger o Brasil de invasão boliviana (inimigos armados de estilingues e zarabatanas), foi construído um regimento militar próxima às cachoeiras de Santo Antônio. Um destacamento que de tão inútil não tardou a ser desfeito. Talvez não pelo chamamento da Coroa, mas pelos mosquitos e pelo calor insuportável. Esse famoso Ponto Velho dos militares foi abandonado. Assim começou o repertório de desamparo que perdura até hoje: Porto Velho nasceu sob a égide do desperdício e do despreparo para a construção de uma futura cidade. Rondônia, por sua vez, seguiu o mesmo passo.
Depois disso, os reiterados cenários dantescos mostraram às claras o descompromisso dos "eleitos pelos astronautas" em construir nesta terra um local aprazível para se morar, criar os filhos e os netos: migração vultosa, ciclos de borracha, ouro, estrada de ferro, usinas. Períodos que não tiveram o condão de construir as bases para o crescimento qualitativo do Estado e, por conseguinte, desta Capital. Na verdade, apenas restaram os túmulos, malária, miséria, filhos sem pai, viadutos inacabados, violência, baixa qualidade de vida e muito, muito discurso de que aqui as coisas não são tão ruins assim.
Lembro-me do dia em que, na calada da noite, o homem das três estrelas gemadas reuniu, ao seu redor, não por coincidência, o séquito de políticos que até hoje administram este Estado. Nessa triste noite, vi como eles, pululantes de alegria e com os olhos cheios de cifrões, pousavam para a foto que registrou o Círculo dos Escolhidos. Sem pudor e sem moral, fizeram o pacto da governabilidade e gravaram a mensagem desoladora: "Durante mil anos seremos os senhores desta terra e os escravos, mesmo com todas as dificuldades que lhe serão impostas, vão celebrar terem nascido sobre o nosso governo. Vamos distorcer todas as verdades e convencê-los a aplaudir a nossa enganação. O bem público será a nossa fonte de riqueza; e o cinismo, a nossa bandeira. Porque nós somos os políticos e sempre decidiremos o destino do Povo...".
Infelizmente, olhei no instante em que boa parte da nova geração de políticos, no afã de inserir-se nessa sociedade lucrativa, aderiu ao espírito de parasita, em prejuízo da coletividade. Um seleto e pernicioso clube que aceita qualquer político promissor para as fileiras dos homens que têm como único valor depredar o patrimônio público deste Estado.
Então, nessa perpetuação do uso negativo do poder, descobri que a parte mais interessada (o Povo) não tem valia alguma a não ser quando a TV anuncia a data para a nova eleição... É como viver eternamente entre parênteses.
Vi todos os escândalos que macularam o nome dos rondonienses perante o Brasil. Acontecimentos que entristeceram muita gente e fizeram da esperança uma descrença. Além disso, esses fatos trouxeram efeitos nefastos à economia, ao moral e ao futuro dos karipunas. Cito alguns e os mais recentes, para não tornar minha irresignação um livro das mil e uma noites.
Lembro quando o BERON já doente recebeu o tratamento pelos médicos de Brasília e, estranhamente, por isso foi levado à morte (falência múltipla das finanças). A dívida se tornou trívida. E o conluio recebeu a bênção da trivial impunidade. A Operação Dominó começou com batida de camburão e depois terminou com desfile, ternos e carruagem: só faltou a carroça de duques. As Sanguessugas não contavam com o vermicida utilizado pela Polícia Federal. Mas, apesar da medida purgativa, os vermes não foram extirpados e ainda continuam a sugar sangue.
Depois, fui testemunha ocular do momento em que os 300 gregos, com suas múltiplas faces investigativas, chegaram para mostrar para todo o Brasil o lado promíscuo e podre dos que apenas se interessam em enriquecer à custa de pacientes sem tratamento, de crianças sem escola de qualidade e de cidadãos sem segurança pública. Mesmo nessa situação, o Rei Xerxes voltou para a Pérsia e se ouviu daqui muitos fogos pelo retorno do rei. Mas logo o eco se fez silente e presença se fez ausência e o tempo perguntou curioso: para onde fugiste, José?
Apesar desse histórico, este Estado tem na maioria de sua população pessoas honestas. Por isso, eu vejo uma densa nuvem de indignação com o propósito de romper com o pacto milenar que fizeram sem o consentimento do Povo. O espírito de não aceitação não é mais isolado e individual. É o momento anunciado pela famosa canção: "Sonho que se sonha só. É só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade".
Ou ainda se permitirá que a cara dos que sempre impediram a melhoria desta Capital e deste Estado seja exposta em um superfaturado museu de cera? Não. Agora chegou a hora da Operação Caíssa e todos os que desrespeitam a coisa pública começarão a receber o xeque-mate. Políticos desonestos! Preparem-se para a boa nova: game over.
Somente os rondonienses podem escolher o seu próprio destino e, sem dúvida, eles derrubarão aqueles que insistem em atravancar a visão do Sol que surge para aquecer este dia... Eis o Rio de indignação.
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