Terça-feira, 14 de junho de 2011 - 11h36
Em tempo não tão distante, à margem do Rio Madeira, existia um Reino protegido por uma Câmara de Dezesseis Cavaleiros. Para compor esse grupo ímpar, os interessados deveriam possuir no currículo portentosas virtudes, bem como serem eleitos por seus concidadãos. Após nomeação, os Cavaleiros teriam como única e inalienável missão defender os interesses da População. Para tanto, receberiam um brasão para representar uma virtude, a qual seria defendida com todas as forças, inclusive com a vida, se preciso fosse.
Com o passar dos anos e devido à confiança cega e inerte do Povo, os Cavaleiros passaram a volatilizar as virtudes que deveriam defender. Ao ponto, de se tornarem os baluartes dos vícios mais perniciosos para a vida de uma comunidade. Após a instauração dessa Era das Trevas, todas as intempéries começaram a visitar aquele Reino: miséria, abandono, corrupção, violência, pragas, etc. Chegaram, sem muita demora, à destruição total.
Os únicos sobreviventes dessa tragédia, as crianças, trouxeram consigo um manuscrito no qual foi registrado o que aconteceu com os Cavaleiros Virtuosos. Esse texto, foi afixado no átrio do Paço dos nossos Edis:
“O Cavaleiro da legalidade acabou com a vigência da Lei das Leis: a Constituição. Fez tábua rasa de todas as normas regradoras da atividade Administrativa. Desautorizou a prática de qualquer legalidade na gestão do Reino. Decretou o fim de todo controle ou fiscalização. No seu gabinete, deixou esta mensagem: ‘ubi non est lex, ibi non est transgressio’, ou seja, onde não há lei, não há transgressão. Morreu afogado no lago da ilicitude.
O Cavaleiro da fidelidade deixou de lutar pelas outras virtudes e pelo seu Povo. Não era mais fiel à amizade, já que abandonou os espíritos amigos. Olvidou todos os compromissos assumidos. Não havia mais promessa a ser cumprida, a não ser o desejo pessoal. Gerou o império do abandono. Encheu-se de si mesmo. Tornou-se um ser sem memória. E não olhou mais para trás. Morreu abandonado por si mesmo.
O Cavaleiro da moralidade encantou-se pela riqueza e pela cintilação do ouro. A sereia da gastança o fez ímprobo. Ele queria toda a opulência para si e não se espantou ao ver no espelho o reflexo de um ladrão. Multiplicou o nepotismo e a improbidade. Inventou o título de nobre para os corruptos. Fugiu para terras desconhecidas com todo o ouro do Reino e dizem que morreu contando dinheiro desviado do Erário.
O Cavaleiro da temperança abandonou o equilíbrio e o culto à sabedoria. Nada em demasia (meden agan) passou a ser um mote ofensivo. Defendia agora o desfrute exagerado e sem interrupção. O excesso passou a ser a regra principal da sua existência. Por ato seu, a razoabilidade foi expulsa do Reino. Morreu de overdose causada pelo abuso de poder.
O Cavaleiro da publicidade trancou, com sete vezes sete chaves, o seu gabinete. A porta estava fechada pelas mãos de Hermes. O Povo não podia saber de mais nada. O conhecimento dos atos da Câmara restava inacessível para qualquer um. O sigilo agora era o imperativo do Reino. Mesmo morto, até hoje ninguém conseguiu recuperar o corpo no Gabinete inatingível.
O Cavaleiro da coragem abraçou a covardia e o medo. ‘Aos fracos e oprimidos mais violência e opressão’: bradou o Cavaleiro. Preconizou que não havia Nação a defender, mas a massacrar ou deixá-la na mão do inimigo. Passou a ser cruel e temido. Criou a ditadura do silêncio. Suicidou-se ao ver sua família entre suas vítimas.
O Cavaleiro da justiça afastou-se de seu mister. A balança foi jogada fora. A venda dos olhos foi queimada. Não queria mais ouvir ou ver ninguém. Pregou à porta do seu gabinete: ‘cada um por si e Eu contra todos’. E a População ficou a mercê dos dragões da injustiça. Foi, coincidentemente, morto por um dragão que o confundiu com mais um suplicante de Justiça.
O Cavaleiro da eficiência perdeu-se no desperdício. A dissipação da coisa pública passou a ser uma regra maquínica. Iniciou obras que terminariam nunca. Inventou despesas para serviços inexistentes. Contratou empresas fantasma. Morreu debaixo de um viaduto que desabou esperadamente (alto custo x baixa qualidade do material utilizado = desabamento).
O Cavaleiro da boa-fé anotou de forma bem clara na entrada de seu Gabinete: ‘Povo nasceu para ser enganado. Aprendam isso! Então, tudo que vocês me pedirem eu prometerei, com exaltação e muitos, muitos apertos de mão, mas nada farei por vocês’. Ao brindar com as taças de Cicuta que daria aos seus Patrícios, confundiu-se e morreu por envenenamento.
O Cavaleiro da impessoalidade deixou de lado a sua discrição. Judas Brutus passou a ser a sua distinção. Em qualquer ato público, passou a utilizar essa alcunha para sua identificação. Às vezes, para inconformismo geral, exigiu que o chamassem de Traidor. Morreu soterrado por um grande outdoor que trazia este epitáfio: ‘Até tu, Cavaleiro, nosso protetor’.
O Cavaleiro do humor afundou o navio do riso. Também publicou ato que proibia todos os concidadãos de sorrir ou fomentar a alegria. Declamou o famoso o refrão anti-riso: ‘Plebe, ri pra quê, se aqui você é quem é o palhaço’. Morreu de tanto rir das mazelas perpetradas contra a População.
O Cavaleiro do amor e o Cavaleiro do respeito não tiveram também melhor sorte. Sucumbiram aos seus negativos e morreram nas dobras do sino da desgraça. Não havia dúvida de que Guardiões que não amavam e respeitavam o seu Reino não podiam ter destino diverso do passamento.
Outros Cavaleiros não tiveram as mortes oficialmente confirmadas. Contudo, era certo que também eram traidores do Reino e da missão que lhes fora confiada. A morte, certamente, não os poupou.
Os restos encontrados dos brasões foram jogados no Rio Madeira para que a moléculas pudessem, em um futuro tão presente, alimentar a Esperança por um novo Reino”.
Sabemos que o Amor é a mãe de todas as virtudes. Amamos Porto Velho incondicionalmente, motivo pelo qual os nossos Cavaleiros, na inglória da inércia e na convergência com a abjeta traição, jamais terão força suficiente para nos demover da luta constante para evitar que os nossos filhos tenham o mesmo destino dos rebentos de outrora: uma geração órfã de Brasões.
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