Segunda-feira, 9 de novembro de 2009 - 14h24
Por Antônio Serpa do Amaral
Sorrateiramente, assim como veio, o artista Orlando Pereira partiu aos 57 anos, quase sem querer, sem muito alarde, e assim foi enterrado no Cemitério dos Inocentes, na tarde de sexta-feira, dia 06 de novembro, dia chuvoso e triste, como se a natureza, sentida, expressasse seu lamento de dor pela perda do sambista. Deixou saudades e levou sua marca principal, a simplicidade; deixou composições e levou consigo o segredo de um suingue invejável, no violão; carregou em seu peito muitas emoções e deixou belas e marcantes páginas de sua presença no palco, iluminando com sua negritude autêntica cantos e recantos da música popular brasileira, como uma pedra rara esquecida à margem dos trilhos da calendária Madeira-Mamoré. Paradoxalmente, o Neguinho Orlando partiu e ficou, ao mesmo tempo, posto que sua obra personifica sua estada na comunidade cultural de Porto Velho.
Ele nasceu Orlando Pereira, do Estácio, mas às margens do pachorrento rio Madeira recebeu a comenda de Neguinho do Triângulo, bairro onde morava e no qual desenvolveu trabalho político-social, sendo lembrado pelos amigos, na hora despedida, essa sua militância como líder comunitário. Como um caiçara amante das águas, trocou seu Rio de Janeiro pelo companhia de um outro rio, o Madeira, com seu botos, lendas e mistérios.
A tarde chuvosa e fria de 06 de novembro serviu de moldura para a partida do Neguinho Orlando. Na saída do caixão da Casa de Cultura Ivan Marrocos, onde transcorreu o velório, ajudavam a segurar as alças laterais da urna funerária o intérprete Jesuá Johnson, o Bubú, e o jornalista e escritor Adaides Batista dos Santos, o Dadá. Era a homenagem secreta do outrora grupo Cabeça de Negro, organização cultural da qual Orlando fez parte, sendo inclusive o criador do nome da entidade. O caixão deixou a Ivan Marrocos sob salva de palmas. Poucas, é verdade. Mas sinceras e sentidas. “Orlando tinha amigos não pelo critério da quantidade, mas sim pelo critério da qualidade” – afirmou um xará do falecido à beira do caixão, na descida do corpo à cova, no Cemitério dos Inocentes.
A tradição manda que o sambista seja enterrado ao som da batida do surdo, executada a cada dois compassos de tempo. No enterro de Orlando do Triângulo, no entanto, os bambas de Porto Velho preferiram entoar sambas de raiz, ao som de cavaquinho, tantã e ganzá, cantando de forma emocionada para o adeus ao Orlando da viola encantada. Partiu, assim, o sambista da simplicidade. Dentre outros, fizeram-se presentes Ernesto Melo, Sílvio Santos, Zé Baixinho, Wadilson, Oscar Night, Bubu, Norman Johnson e Maracanã.
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