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Serpa do Amaral

Papagaio flamenguista é objeto de ação na Justiça Federal


 
A convivência de longa data do papagaio com sua criadora, Dona Sebastiana Braga da Silva, sofreu súbita interrupção quando policiais da patrulha ambiental foram até sua residência e apreenderam o animal de estimação. Interrompia-se ali uma relação que perdurava há 26 anos. A autora conhecera o louro em Tefé, no Estado do Amazonas, quando o papagaio ainda era bebê e, segundo ela, ‘gritava por socorro’ no meio do mato, num sítio de propriedade de sua família. O bicho, que estava sendo atacado por formigas saúva, foi socorrido e presenteado à Dona Sebastiana por sua mãe. Com duas lágrimas descendo a ribanceira dos olhos, ela contou à reportagem da Ascom que, na condição de separados, ambos caíram em depressão. O papagaio não queria comer e Dona Sebastiana chegou a passar mal na sua lida de professora de História do ensino fundamental.

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Um folheto escrito ‘Bem-vindo ao Lar’ recepcionou o papagaio flamenguista / foto:Zola Xavier

A Lei dos Crimes Ambientais, de nº 9.605/98, proíbe a guarda doméstica de animais silvestres sem autorização do IBAMA. Entretanto, como assinalou o juiz federal Herculano Martins Nacif, na sua decisão liminar, o objetivo máximo dessa legislação é proteger e garantir o bem-estar dos animais, devendo a ocorrência de posse irregular ser analisada caso a caso, evitando-se assim que a aplicação fria da lei venha causar prejuízo ainda maior em bem que se visa tutelar.

Ponderou, ainda, o meritíssimo julgador que o papagaio já estava fora de seu habitat natural há muitos anos e que, pelo se extrai dos autos, já se encontra adaptado ao convívio humano e a manutenção da ave longe da autora poderia acarretar graves prejuízos ao animal, inclusive no tocante a sua própria sobrevivência. Por essas e outras razões, o magistrado Herculano Nacif concedeu a tutela antecipada e conferiu à autora a guarda provisória da ave. Houve festa na casa de sua dona.

Rafael não é apenas um papagaio flamenguista, é também um louro nacionalista. Depois comer uma suculenta salada de frutas que lhe é servida todos os dias às sete hora da manhã, ele, em honra à Dona Sebastiana, ao senhor Regisvaldo e às crianças João Vítor e Jéssica, todos membros de uma feliz família rubro-negra residente na Zona Sul de Porto Velho, entoa a plenos pulmões o sagrado hino do Flamengo, para desespero e mau-humor da vizinhança vascaína e tricolor. Todavia, para demonstrar que seu coração é mesmo verde e amarelo, cores também de sua penugem, do alto da goiabeira de onde gosta de ver a cidade, Rafael canta o refrão do Hino Nacional Brasileiro.

Ao voltar para casa o papagaio curou a enxaqueca, a pressão alta e a depressão de Dona Sebastiana, como condiz a quem tem por nome Rafael, o arcanjo enviado por Deus para curar a chagas que afligem aos simples mortais, como a saudade - por exemplo.

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Fonte: Antonio Serpa do Amaral Filho / antonio.serpa@trf1.gov.br

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