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Serpa do Amaral

PORTO VELHO E A REALIZAÇÃO DE 7 ANOS EM 7 MESES


Ao amanhecer, após noite de insólita insônia, acordamos e vislumbramos uma Nova Porto Velho. Uma situação muito estranha ocorreu. Tratores, caçambas, homens e muitas realizações, numa força tarefa fenomenal. Em 7 anos de magríssimas vacas administrativas não pudemos auferir os vultosos investimento sociais que ficaram à disposição desta Capital. Agora, nos 7 meses que faltam para o eclipse político do nosso Morubixaba, a cidade se tornou um canteiro de obras. Estranhamente, uma temporada de vacas gordas surpreende todos os porto-velhenses.

Foram instaladas dezenas de bibliotecas pela cidade. Todas com ar-condicionado e completamente informatizadas. A prática da leitura passou a ser tão fomentada que em toda a cidade há saraus, ditirambos e muitas, muitas outras manifestações literárias. Livros são distribuídos para toda a população. O índice de leitura, em todas as faixas etárias, centuplicou, ao ponto de ser considerado o maior da América do Sul, quiçá do Mundo! Porto Velho disputa, de repente, o título de Capital Mundial da Leitura; com reconhecimento pela ONU, inclusive.

A Municipalidade conseguiu que o maior plano de saúde do Brasil (SUS) tivesse seus recursos aplicados corretamente. A saúde dos porto-velhenses, finalmente, tem o respeito que merece. Acordar três horas da manhã para ir ao posto de saúde perfaz apenas uma triste recordação. Médicos especializados estão à disposição, com equipamentos de primeira linha e medicamentos de toda espécie. Tudo 24 horas por dia e sem filas. Muitas ações proativas foram propagadas: campanhas educativas sobre primeiros socorros, palestras de prevenção a acidentes domésticos, etc.

O trânsito foi radicalmente transformado. Ruas duplicadas e recapeadas. Sinalizações. Construção de calçadas. Muitas blitze pedagógicas. A acessibilidade local passou a ser referência em todo o Brasil. Houve a conclusão de muitas obras para melhoria do trânsito (passarelas, viadutos, corredores para motos, ciclovias). O simbólico monumento dos paralelepípedos ociosos faz parte do pretérito. Aliás, os viadutos construídos se tornaram cartão postal de Porto Velho. O engarrafamento passou a ser excepcional. O próprio humor dos motoristas passou a ser outro. Todo mundo com paciência e com respeito ao próximo. Buzinas somente em festa de São João.

As campanhas de educação sócio-ambiental ser tornaram um lugar-comum. Não se vê mais nenhuma garrafa plástica ou qualquer outro resíduo pelas ruas. A Prefeitura intensificou o trabalho da empresa coletora do lixo; repactuou o contrato de limpeza pública para pagar o justo pelo serviço prestado; também conseguiu que a empresa responsável terminasse o aterro sanitário sem grandes custos ou delongas. O saneamento básico foi concluído em toda a cidade. Não existe mais nenhum córrego de esgoto a céu aberto. Porto Velho se tornou a cidade mais limpa e urbanizada da Região Norte. Com a participação intensa da população e dos órgãos competentes, a Cidade do Madeira passou a ser sinônimo de limpeza.

O transporte coletivo de Porto Velho teve uma mudança exponencial. Os ônibus que circulam pela cidade são todos de primeira linha. Frota renovada, com baixo preço na passagem e com o serviço prestado de alta qualidade. Ar-condicionado e poltronas confortáveis passaram a ser o mínimo a ser oferecido pelas empresas de transporte. Algumas, para melhorar o serviço, disponibilizaram até wireless para os usuários. As cabinas para espera do ônibus deixaram de estar ao léu ou entranhadas em poças de lama. Andar de ônibus passou a ser verdadeiro passeio.

Os pontos turísticos da Capital foram todos revitalizados. Parte da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré finalmente foi reativada e com importantes adequações à atual conjuntura tecnológica. O próprio Museu da Madeira-Mamoré passou pelo processo de modernização, sem prejuízos de sua originalidade. Muitas praças se tornaram centro de reuniões das famílias. Com piquenique e tudo. Alguns comemoram o aniversário dos filhos nesses pontos. De longe, os flashs das câmeras fotográficas parecem um coral de vaga-lumes.

O esporte ganhou o incentivo incondicional da Prefeitura. Centros esportivos foram criados em todas as regiões da cidade. Futebol, vôlei de praia, basquete, tênis de mesa, pista para caminhada e muitos outros: dominó, damas, xadrez, etc. Em cada local, monitores especializados para orientar os participantes. Tudo em ambientes adequados e hígidos. Tem-se a impressão de que as Olimpíadas chegaram primeiramente em Porto Velho.

A própria qualidade de vida local passou a ter índices altíssimos. Nem Pasárgada poderia ser melhor. Para demonstrar que a mudança de postura foi generalizada, os órgãos de controle e fiscalização, após ampla e minuciosa análise, não encontraram nenhum desperdício ou desvio de recursos públicos. Todas as contas foram aprovadas. A eficiência e a probidade se tornaram o lastro da Administração. O tempo atual, de fato, está conjugado no presente quase perfeito.

Depois de alguns instantes a contemplar essa novel realidade, percebemos que estávamos apenas a sonhar com uma Porto Velho melhor para nós e para nossos rebentos. Mas, por ser tratar de um sonho, a hora de acordar sempre se mostra de forma inexorável. No despertar, vimos somente a nossa realidade um tanto inóspita. Este rincão permanece demais longe de ser a Capital que queremos e que merecemos. Esse fato, por mais agudo que seja, não nos demoverá de acreditar que é possível a mudança. E isso começa por cada um de nós.

Pós-escrito: há tanto cinismo que desdizer o inegável na maior naturalidade se tornou uma “arte”. Nesse contexto, desrespeitar porto-velhense é apenas mais um fio dessa imensa teia rizomática. Por isso, mesmo que lavem todas as calçadas, o interior dos Castelos ainda continuará cheio de ratazanas hipócritas, de chacais da coisa pública e de morcegos batedores de votos.

Ação Popular: Respeitem Porto Velho!!!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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