Segunda-feira, 11 de março de 2013 - 13h18
Antônio Serpa do Amaral Filho
Foi uma noite memorável a comemoração do Dia Internacional da Mulher no Mercado Cultural, localizado no centro histórico de Porto Velho, defronte ao Palácio Presidente Getúlio Vargas. De propósito, deuses e deusas da mais rica musicalidade tupiniquim ali marcaram encontro com um único objetivo: festejar o dia em que todos rendem homenagem à beleza, à espiritualidade, à coragem, criatividade, garra, talento, trabalho e luta das mulheres de todo o mundo.
Ernesto Melo e a Fina Flor do Samba, como manda o figurino do eterno cavalheirismo não-machista, como se diz em linguagem cinematográfica, apenas serviram de escada para que as verdadeiras estrelas e donas da noite pudessem mostrar todo o brilho do essencial feminino: as mulheres, claro. Sintonizadas no diapasão de que mulher objeto de cama e mesa é coisa do passado, as artistas mostraram ao público e aos marmanjos conservadores com quantos paus se faz a canoa da sensibilidade e do talento artístico das filhas de Simone de Beauvoir. Não nasceram mulheres, tornaram-se.
Rose Abensur deu o ponta-pé inicial no reinado das mulheres no principal palco da roda de samba na capital. Sob os olhares boquiabertos dos freqüentadores do Bar do Zizi e Café com Arte, com sua inoxidável flauta transversal, embevecida de magia, cativante tonicidade e competência técnico-instrumental de sobra, ela temperou com tucupi e pimenta malagueta o partido alto de Hudson Mamed, Orismilde Miranda, o Cabeça, e Joãozinho Carteiro. Desafiou o pandeiro de Walber Cordeiro para duelo em solo rápido, na execução de “Brasil Pandeiro”, de Assis Valente, um samba prestíssimo, a duzentas batidas por minuto, e quase deixou toda a Fina Flor do Samba falando só, enquanto um turbilhão de notas musicais explodiam no ar feito fogos de artifício. Atônitos, o violão de sete corda de Nicodemos e o cavaquinho do capitão Ney suaram a camisa para dar conta do recado. O susto só passou quando Célia Ferreira mostrou musicalmente que nem todo Bêbado é equilibrista na dança da solidão de seu altar particular. A paraibana Gerislândia de Souza, ex-Big Brother Brasil 4, cantando a peça “Que Será”, dentre outras graciosas performances, reinventou o repertório de Dalva de Oliveira e se consagrou como a revelação da noite. Acostumada às camas de hospital, é cantando que a enfermeira Géris se sente realizada – diz um blog da net. A manauara Priscila Alencar cantou e sambou da largura da boca, contagiou o ambiente com sua voz poderosa e afinadíssima e mostrou porque é a charmosa musa dos Anjos da Madrugada.
Havia tempo bom com poesias passageiras, mas outras estrelas, no entanto, ainda estavam por vir, e vieram grávidas de Paulinho da Viola, cheias de ginga e com muito amor do coração: as Pastoras da Escola de Samba Asfaltão. Politizadas e com discurso de quem sabe dizer aos pagodeiros que o mundo do samba não é território exclusivo de machos, as belas caboclas guaporés sacudiram a platéia ao servir um menu musical de primeira qualidade, inclusive interpretando “Açaí, o néctar dos Deuses” - samba-enredo campeão dos velhos e saudosos carnavais. O palco do Mercado Cultural, então - que desta vez esteve bem produzido pela nova administração da Fundação Cultural Iaripuna -, sacudiu a poeira da alegria e todos bailaram ao toque dos tantãs, surdo, banjo e pandeiro como se a quizomba fosse verdadeiramente nossa única Constituição. Os instrumentistas Hernandes Padoca, Ênio Ricardo e José Áureo comemoravam nos bastidores a feitura da maior e melhor roda de samba até então realizada naquele espaço cultural. E acabou em chorinho, mais uma vez executado na flauta mágica de Rose, e não em pizza, aquele espetacular módulo artístico do projeto Fina Flor do Samba, como uma declaração de amor a quem se deve todo o amor desse mundo: à mulher brasileira!
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