Domingo, 21 de janeiro de 2018 - 18h00
A BURRA, OS BOBS E OS BOTS
quando a inteligência é realmente artificial
No mundo pós-moderno alguns personagens têm grande destaque. Porém, três tipos são predominantes, podendo ser classificados como “tipos ideais”: a Burra, os Bobs e os Bots. A Burra representa todos que enchem a própria “burra” (o bolso) com dinheiro alheio – notoriamente o público.
Os Bobs, na espécie original, são bonecos que servem de alvo para lutadores em academias; um saco de pancadas pós-moderno, com orelhas e nariz de borracha. Os Bots, na versão tecnológica, são robôs virtuais (softwares: “web robot”) que escaneiam, imprimem, corrigem ou manipulam dados e informações, códigos digitais.
Os Bobs, na era da pós-verdade (ou pré-mentira), unificam os tipos que realmente têm algo (ou muito) de bobos, mas que insistem em supor que bobos são os outros. Imagine que tenhamos um terreno de tipo baldio (ainda que limpo) e que ali se reúnam ratos e baratas, e que os bichos teimem em passear na casa dos Bobs.
Os Bobs reclamam, xingam muito e por fim resolvem que farão um muro separando as propriedades. Ocorre que os Bobs querem que nós paguemos o tal muro que eles fizeram na casa deles, divisando nosso terreno. Esses são típicos. Também lembram o desenho animado do Pato Donald – com Mickey de vice.
Os Bots são mais espertos, apresentam-se travestidos de nerds da informática – os caras meio geniais, mas incapazes de fazer piadas com sentido (“piadas merds”) – ou de juristas que descobriram a vida após a salvação da urna eletrônica. Alguns dos Bots fazem fake news ou notícias mentirosas, sobretudo para encher seu e-mail de spam ou criar blogs para alimentar a corrente infernal do Facebook e do WhatsApp.
Aí, quando a coisa já alimentou bem o fascismo – a corrente maligna que recebe muita grana da burra dos bancos para saciar a mídia oficial –, o jurista, que até hoje só criou de efeito real um aumento exponencial na ajuda paletó, resolve criar uma fórmula mágica para prender os Bots. Na sua ficção jurídica – só pode ser isso –, é possível que “somente” receber e ler fake news leve à cadeia. Assim como a intenção declarada de publicar a notícia mentirosa (sem tê-lo feito) dará dor de cabeça ao desavisado.
Talvez ainda encareça uma ida à delegacia para aquele que replicar um comentário desse tipo: “Não tenho certeza, mas parece que a coisa é sinistra, alguém encheu a burra ao votar pela reforma da previdência. O que vocês acham?”. No bom sentido de antigamente, alguém diria esbravejando que isto é censura prévia – coisa de ditadura – e que não vale inocentar a mídia oficial quando forja mentiras ou se esquece de procurar a verdade. A TV mentirosa da Burra Financeira é tão nefasta quanto o mais nefasto dos blogs cheios de Bobs e de Bots.
No entanto, o Brasil, de certo modo, é um celeiro para o inusitado. É incrível como podemos ter a Burra declarando encantamento com os Bobs (aqueles do muro) e se lixando para os Bots: até que ele, o sujeito eleitor, passe a acreditar nos factoides de Bobs que produzimos com selo nacional. Mas, isso importa? Ao menos desde que a burra esteja cheia. O que a Burra não sabe é que os Bobs usam Bots para limpar sua carteira todo dia. E sem esquecer que os Bots da vez têm sido comparados a Hitler/Mengele – aliás, sem esforço, porque se divertem “comendo gente”.
Vinício Carrilho Martinez (Pós-Doutor em Ciência Política)
Professor Associado da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Departamento de Educação- Ded/CECH
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