Terça-feira, 19 de julho de 2016 - 21h17
Outro dia vi um post em que um “pensador da moda” dizia que só as pessoas éticas têm amigos. No primeiro momento vi com estranheza, no segundo dei total crédito e agora vejo que a primeira impressão ou estava certa ou não entendo o que é Ética.
Desde criança no mundo das fantasias reconheço um Ali Babá e seus 40 amigos. Na escola aprendi que Al Capone tinha amigos e inimigos dentro do Estado e no consumo de bebidas.
Com o tempo também passei a observar irmandades amistosas, como o KKK (Ku Klux Klan) e, recentemente, Al Qaeda e Estado Islâmico. Hitler tinha tantos amigos que eles perduram até hoje sua amizade fraternal. Pois bem, então o que seria Ética?
Decerto, o Homem do Neolítico – o mesmo do Mito de Prometeu – não conhecia a palavra Ética, mas a praticava quando fabricou “a arte, a política e a técnica”. A Suméria (7.000 a. C.) fez algo maior: inventou a forma-Estado.
Os gregos antigos redefiniram um pouco os sentidos e nos deram uma Polis. Os mesmos gregos nos disseram que a Ética provém não dos hábitos, mas sim dos costumes (ethos). Também pode-se dizer que a Ética, para esses gregos, atendia por uma fórmula básica: a arte (política) do “bom, belo e justo”.
Uma filósofa chamada Hannah Arendt – judia fugindo dos amigos de Hitler – nos revelou que a Ética é um tipo de vita activa, ou seja, a construção do Político. E o que é isto? Além de muitas coisas, inclusive o espaço da polícia (politia), é o momento em que a prática política ordena, como trabalho consciente (e não-mecânico: labor), as regras que devem disciplinar os mesmos costumes que conformam a Ética.
Os romanos, que não eram passivos, aproveitaram o fluxo da história – o aprofundamento do Político no miolo do processo civilizatório iniciado no Neolítico (10 mil a. C.) – e formularam o Direito (não só o direito positivo): conjunto de regras claras e objetivas, universais e reconhecíveis, que condicionam a Ética no Político.
Mas o que seria essa Ética no Político? Para Arendt: “
Ou, mais simplesmente, o espaço público em que se operam as formas primárias/secundárias de vida social: da primeira socialização (herdada da família, diria Piaget: cientista da educação) à sociabilidade – como queria o sociólogo Durkheim.
Por fim, um tanto mais contemporâneo, Steimbeck – no romance A Rua das Ilusões Perdidas – diagnosticou uma Ética (solidariedade) entre os miseráveis; mas que não são os miseráveis de Victor Hugo e nem os de Balzac: na novela Ilusões Perdidas.
São os miseráveis que compartilham a cachaça e a dor do viver: “deixando de estar entre os homens”. Talvez sejam mais amenos do que os homens-zumbis de Gorki, em sua “Ralé”. Em todo caso, ainda assim são passam de sombras de Ali Babá e seus 40 amigos ladrões.
Como se vê, amigos não são exatamente aquelas pessoas que ouvem suas lamúrias, emprestam dinheiro, tomam chop contigo – e em alguns casos traem, como os piores inimigos, pois conhecem todos os seus segredos: Shakespeare, em Hamlet, ou Dante, em A Divina Comédia.
Sem contar, evidentemente, as éticas de Macunaíma (Mário de Andrade), Jeca Tatu (Monteiro Lobato), João Grilo ... esses que são nossos amigos inseparáveis de carne e de cultura. Só o que não temos são amigos do povo, inclusive, porque o povo prefere dar jeitinhos em seus amigos...
Como diz um filme bobo: “amigos são presentes que damos a nós mesmos”.
Vinício Carrilho Martinez (Dr.)
Professor Ajunto IV da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar/CECH
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