Domingo, 4 de outubro de 2015 - 09h51
As crises que direcionam o país neste fim de 2015 – e que são de ordem moral, política, econômica e jurídica – recolocaram valores e velhos dilemas consagrados pelo pensamento liberal, assim como destacaram as críticas mais radicais. As crises, em suma, destacaram a mercantilização do Político a que estamos “sujeitados”.
Pela leitura clássica da Filosofia e da Teoria Política, anterior ao liberalismo, estamos todos sujeitos à política. Sem distinção de cor, credo, poder aquisitivo ou ideologia, não se escapa do Político porque se trata da ordem regulatória da vida civil e do Poder Político.
De Aristóteles a Hobbes, passando por Maquiavel – e depois Rousseau –, estamos submetidos, submersos ou somos acometidos pelas várias razões que direcionam as ações e as relações políticas na sociedade civil ou no Estado.
Como queriam os clássicos, com alguma consciência, opinávamos sobre esses mandamentos: isegoria, no mundo grego clássico. Com alguma vontade interagíamos de acordo os efeitos da política: autonomia. Porém, se estávamos contra tais medicamentos, lutávamos por outros remédios: isonomia. Hoje, a questão é simples: o que ganho com isso? O Político resumiu-se, subsumiu-se no Econômico.
Ninguém se lembra mais de um famoso selo liberal: “um homem, um voto” (Locke). Pois, se os votos são comprados ou manipulados – na consciência de quem (se) elege –, resta-nos a política como se fosse um Fundo de Investimentos. Aplica-se X para receber X + 1 ou na fórmula mais consagrada de Karl Marx: D – M – D’.
No fim da operação política – Dinheiro/Mercadoria/mais-Dinheiro – tem de haver lucro individual ou partidário. Mas, para o conjunto dos cidadãos, o resultado é uma política sectária que retira do público para fomentar o privado. E esta é apenas uma face da conhecida privatização do público; no Brasil, equivaleria à corrupção política.
O dinheiro compra a mercadoria (consciência), o que gera mais dinheiro: capital. Tanto há tráfico de pessoas, quanto há tráfico de influências políticas. No fundo a política é parte do capital e por isso pode ser mercantilizada livremente. Livre do peso da consciência (alienada), a ação política não se encontra mais sob a guarda do sujeito.
Sem posse ou propriedade sobre a vontade política, o sujeito é alienado do seu principal capital – a consciência que exerce sobre sua vontade – e assim passa a mendigar por farelos que caem da mesa do banquete político. Excluído do Banquete dos Deuses, ou seja, do Político, presta-se cordialmente como serviçal. Como consumidor da vontade alheia, resigna-se a uma servidão voluntária.
Se bem que, mesmo para que haja servidão voluntária é preciso ter uma mínima consciência da situação. Nesse sentido, a servidão involuntária – de hoje – decorre de uma alienação voluntária do passado, quando se alienou, tirou de si, o direito à consciência.
Então, não há mais sujeito. O que também é mais ou menos lógico, uma vez que o indivíduo se encontra alienado (sem direito a/de...), sujeitado, destinado a cumprir a vontade de outrem. E esta pode ser outra diferença entre indivíduos e sujeitos.
Na política igual a um Fundo de Investimentos, de curto prazo, somos indivíduos isolados e sujeitos “à” ação política e não mais sujeitos “de” relações políticas. Por certo, está correto quem diga: todos têm um preço. Aí a questão, a saber, é: você está à venda?
Veremos de modo mais extensivo que entre a emancipação e a autonomia se apresentam realidades e conceitos – igualmente impositivos – que suportam a
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