Segunda-feira, 18 de março de 2013 - 16h23
Ao leitor, se puder, fuja correndo do Aeroporto de Guarulhos-Cumbica, em São Paulo-Capital. Lá, você será tratado como imbecil ou criminoso.
Há algum tempo escrevi sobre a truculência na inspeção no aeroporto de Cumbica, São Paulo. Enviei a mensagem à INFRAERO e esta, por sua vez, encaminhou à administradora do aeroporto. Naquela oportunidade, salientava a descaída na qualidade dos serviços prestados depois da privatização do aeroporto. Além dos preços praticados, não há cadeiras para sentar. Mas, o que mais me angustiava e ainda angustia é a falta de respeito, o preconceito, a ausência total de bom senso na inspeção de pessoas com deficiência física. Reclamava da humilhação sofrida quando, diante de todos, de dezenas de pares de olhos atônitos, era conduzido à sala de inspeção como se fosse um traficante de drogas.
Recebi um e-mail inicial atencioso e depois um segundo, de que trato neste artigo. É claro que não vou reproduzir sua mensagem porque a ninguém ajudaria em nada, saber do nada que me foi respondido. Em todo caso, anexo abaixo minha resposta, como indicação da minha total insatisfação e irritação com a falta de educação e despreparo, descaso de uma agência que se propôs a modernizar o serviço aéreo naquele aeroporto. Eu diria que é ridículo ter que ler um e-mail informando-me sobre a lei que supostamente os autoriza a tratar os outros, os mais indefesos fisicamente, como bandidos. É um descaso e um acinte com a inteligência. Na verdade, penso que são pessoas desacostumadas a pensar normalmente; são tão mecanizadas pela burocracia do cotidiano (e do próprio pensamento) que mal saem conseguem adentrar à lógica. Com seu pensamento burocrático, fiquei sabendo que continuarei a ser maltratado. Em todo caso, anexo para o leitor a resposta que iniciei para a tal empresa de fundo de linha.
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Senhora Solange Souza – da Ouvidoria
Ombudsman’s Office
(Que responde em nome da GRU Airport, no Aeroporto Internacional de Cumbica – São Paulo/Capital).
“Agradeço o envio do e-mail, em parte foi esclarecedor, no tocante aos assentos e às lojas de atendimento. Porém, no que era o principal, apenas fui informado da legislação e da burocracia, o que não agradeço. Pois, sinceramente, não preciso ser informado de que existe uma legislação sobre isso, qualquer pessoa de mediano bom senso sabe que existe uma legislação no tocante à segurança. Portanto, o que me interessa saber e que ainda não sei (e desconfio que nunca saiba) é porque vocês insistem em tratar deficientes físicos (meu caso) com asco e má vontade. Além de lhes imputar a sombra da suspeição atroz de serem infratores. Primeiro, porque há uma disputa entre os bravos agentes da lei (agora já privatizada) para saber quem NÃO vai nos atender; depois, cheios de arrogância, nos conduzem à sala de inspeção, como se estivéssemos armados ou fôssemos traficantes de drogas perigosíssimos. Particularmente, quando fico à espera de que alguém se vista de luvas e se encha de dedos para me investigar como criminoso, já na porta da maldita salinha, penso como sentiam os judeus prestes ao extermínio nas câmaras de gás: inseguros, humilhados, impotentes diante da truculência que falseia a segurança. Senhora Solange, como lhe falei anteriormente, irei produzir artigos contra vossa empresa enquanto me sentir humilhado nesta famigerada inspeção, bem como enviarei cópia deste texto à Secretaria Nacional de Direito Humanos e ainda continuarei em minha busca de colecionar meios de prova para atacar judicialmente pela desonra sofrida. Espero, sinceramente, que nunca receba uma mensagem como esta que me enviou e muito menos tenha reservado para si o tratamento vip (como menciona em sua mensagem) que sua empresa guarda para pessoas especiais, como eu”.
Como falei no início, vou encaminhar o texto às autoridades que puder confiar. Mas, também peço ao leitor amigo que espalhe por aí, como protesto contra o preconceito, a discriminação, a humilhação.
Vinício Carrilho Martinez
Professor Adjunto III da Universidade Federal de Rondônia - UFRO
Departamento de Ciências Jurídicas/DCJ
Pós-Doutor pela UNESP/SP
Doutor pela Universidade de São Paulo
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